Ambientalistas poderosos querem que você fique suado, miserável, pobre e sem liberdade em nome de salvar o planeta. Basta olhar como eles falam sobre duas das maravilhas do mundo moderno: ar-condicionado e refrigeração.
“Quando fica muito quente, borrifamos levemente água nos braços, pernas e rostos; a água ajuda a dissipar muito calor”, sugere um artigo de Stan Cox no jornal New York Times, autor de um livro anti-ar-condicionado, criativamente intitulado “Eu Desisti do Ar-Condicionado, e Você Também Pode”, como uma alternativa à tecnologia moderna de ar-condicionado. Cox também defende a restrição de lava-louças e até mesmo da refrigeração, tudo em nome de se adaptar ao aquecimento global.
Naturalmente, o ensaio minimiza as consequências negativas ou compensações decorrentes da abdicação do ar-condicionado e outras conveniências modernas. Seus argumentos centrais — que o ar-condicionado é insustentável porque produz gases de efeito estufa e que os humanos são naturalmente capazes de suportar temperaturas mais altas — são ambos ridículos. Qualquer redução no aquecimento global ao evitar o ar-condicionado seria tão pequena a ponto de ser indetectável — e muito menos perceptível do que o agradável frescor de um ambiente refrigerado.
Quanto a se os humanos podem e devem suportar temperaturas mais altas quando não precisam, note que o New York Times coloca muito esforço no pânico sobre os perigos das temperaturas globais subindo entre um e dois graus Celsius até o final do século, mas despreza a possibilidade de que as pessoas possam querer esfriar um ambiente em dezenas de graus.
Quando os ambientalistas discutem o aquecimento global, eles enquadram cada grau de aumento da temperatura como extremamente prejudicial. Mas ao discutir o ar-condicionado, eles falam sobre temperaturas mais quentes como apenas uma questão de inconveniência que pode ser ajustada simplesmente redefinindo o normal. Isso ocorre porque a realidade não é realmente o ponto para os ambientalistas; e sim o autossacrifício.
“Nossa espécie evoluiu, biologicamente e culturalmente, sob condições climáticas extremamente variáveis, e não perdemos essa capacidade de adaptação”, afirma Cox. “Pesquisas sugerem que, quando passamos mais tempo em climas quentes ou muito quentes no verão, podemos começar a nos sentir confortáveis em temperaturas que antes pareciam insuportáveis. Essa é a chave para reduzir a dependência do ar-condicionado: quanto menos você usa, mais fácil é viver sem ele.”
Isso simplesmente não é verdade. Usar menos ar-condicionado muitas vezes é literalmente letal, como até mesmo Cox deve admitir. O ar-condicionado é uma tecnologia que salva vidas e é essencial, evitando cerca de 18.000 mortes anualmente apenas nos EUA. Ondas de calor no verão em áreas sem tanto ar-condicionado como os americanos desfrutam podem ser eventos mortais. Por exemplo, estima-se que as ondas de calor tenham matado mais de 70.000 europeus no verão de 2022. Qualquer tentativa de reduzir o uso de ar-condicionado em nome do aquecimento global mataria muito mais humanos do que um pequeno aumento no termostato global em um século.
O ar-condicionado não só salva vidas, mas também aumenta massivamente a produtividade humana. Ele “mudou a natureza da civilização ao tornar possível o desenvolvimento nos trópicos”, disse certa vez Lee Kuan Yew, o pai fundador de Singapura. “A primeira coisa que fiz ao me tornar primeiro-ministro foi instalar ar-condicionado nos prédios onde trabalhava o serviço público. Isso foi fundamental para a eficiência pública.”
O fato de que, sob Yew, o PIB per capita de Singapura disparou de US$ 428 anuais em 1960, quando ele assumiu o cargo, para US$ 84.734 em 2023, um aumento impressionante de quase 20.000%, deveria fazer os ambientalistas de hoje repensarem suas ideias.
O ar-condicionado também melhora o desempenho acadêmico. O aprendizado é bastante prejudicado pelo calor, tanto internacionalmente quanto nos Estados Unidos. Temperaturas mais altas durante exames reduzem drasticamente o desempenho dos estudantes. Uma turma fazendo um exame em condições de 32 graus Celsius teve um desempenho 13% pior do que a mesma turma fazendo-o a 23 graus.
Como a maioria das políticas ambientalistas radicais, restrições ao ar-condicionado trariam muito mais prejuízos do que benefícios ambientais. Os supostos benefícios ambientais de restringir o ar-condicionado em nome da eficiência energética são enormemente exagerados. Isso não impediu um enorme aparato burocrático internacional dedicado a restringir a tecnologia com uma vasta gama de regulamentações que não para de crescer. Restringir o uso de ar-condicionado por nações pobres e em desenvolvimento não as salva do aquecimento global; apenas as impede de seguir um caminho comprovado para sair da pobreza, em favor de “benefícios” puramente especulativos de uma potencial e marginalmente reduzida elevação da temperatura global.
Mas o ar-condicionado não é a única forma de manipulação da temperatura que os ambientalistas detestam. Alguns agora estão também mirando a refrigeração, que resolveu o problema antigo da preservação de alimentos e nos permite desfrutar de uma variedade de alimentos de diferentes locais ao redor do mundo ao longo do ano. “De repente, pessoas pobres que não podiam comer carne, exceto em ocasiões muito especiais, podiam se alimentar de carne com frequência. O consumo de carne vermelha disparou(...) Isso é uma espécie de erro triste na história da ciência”, e teria supostamente contribuído para o aquecimento global, disse a autora Nicola Twilley em uma entrevista à Bloomberg. “Tipo, você realmente não precisa comer um tomate em dezembro, ele não vai ter gosto de nada de qualquer maneira, então não faça isso.”
“E hoje pensamos que uma das soluções para o clima é tentar comer menos carne vermelha, porque ela produz muitos gases de efeito estufa, principalmente pelo arroto das vacas”, respondeu Akshat Rathi, principal repórter climático da Bloomberg, a Twilley. “As geladeiras americanas são enormes e realmente não precisam ser.”
Twilley afirma que a refrigeração é ruim porque “a energia para alimentar o equipamento de refrigeração representa mais de 8% do uso global de eletricidade no momento”, o que é um problema enorme porque “os alimentos são tão abundantes e tão baratos que as pessoas preferem comprar outra coisa.”
Cox concorda. Seu artigo de opinião no New York Times defende que se regule o refrigerador para “pouco menos de 40 graus”. Isso é muito insalubre para o usuário, além de ser horrivelmente inconveniente — não que os ambientalistas se importem.
“Quer dizer, honestamente, em vez de cheirar o leite — porque obviamente cheirar leite azedo vai matar você, todo mundo sabe disso — preferem jogá-lo fora e comprar outro, confiar na data de validade e comprar mais um litro”, continuou Twilley. “E esse é um impacto da refrigeração também.”
Twilley e outros ambientalistas acreditam que os americanos deveriam beber mais leite estragado e comer menos vegetais no inverno em nome da engenharia social. O fato de que o leite estragado tem um gosto horrível e pode adoecer aqueles que o bebem significa pouco para ela e seus semelhantes, aparentemente. Não deveria. A ampla disponibilidade de alimentos e bebidas frescos proporcionada pela refrigeração tem sido uma bênção para a humanidade.
O fato de que um mundo sem ar-condicionado e refrigeração seria um lugar mais infeliz e menos saudável parece significar pouco para os ambientalistas radicais. Isso faz você se perguntar se o objetivo final deles não é um planeta mais limpo, mas sim um controle maior sobre a sua vida.
©2024 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: Environmentalists Want You to Be Unhappy
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