A partir da noite desta sexta-feira (04) — e por 48 horas — judeus do mundo todo estarão comemorando a chegada do seu ano novo, 5785.
A comemoração é totalmente diferente do que conhecemos como Réveillon. A partir de 30 dias anteriores à data, inicia-se um período de introspecção e autoanálise, perguntando-se o que foi feito certo e errado e como acertar mais, e errar menos. Estes dias culminam na comemoração do Ano Novo (chamado Rosh Hashaná), dois dias nos quais judeus dirigem-se às sinagogas (Casa de Culto) e olham profundamente dentro de si, refletindo sobre o significado e propósito de nossas vidas.
Uma vivência real do significado de Rosh Hashana começa com algumas perguntas:
- Sabemos quais são as áreas nas quais queremos e precisamos melhorar?
- Quais os caminhos efetivos para melhorar?
- Quais recursos temos e quais precisamos buscar para implementar as melhoras? Nos falta conhecimento, apoio, dedicação, tempo, esforço? Onde buscar cada recurso que falta?
- Alcançamos nossos objetivos no ano passado? Caso negativo, como controlar para que no ano que vem a resposta a esta pergunta seja um alegre e completo SIM?
- Onde eu me encaixo? O que posso fazer para chegar no próximo Rosh Hashaná orgulhoso de ter feito algo significativo por meu povo, pela sociedade onde vivo e por mim?
Durante as orações e as conversas em família, buscam respostas para “qual meu papel no mundo, como posso melhorar a mim mesmo e o meu entorno?”
No bíblia judaica, no sexto dia, está escrito: ”Façamos o Homem” (homem no sentido de Ser Humano). Os grandes rabinos estudiosos da bíblia se perguntam: com quem D’us falou? A resposta que o Judaísmo dá: D'us falou com o próprio Ser Humano. Cabe a nós sermos parceiros d’Ele para fazer um Ser Humano melhor, mais bondoso, mais paciente , mais tolerante e mais espiritual. D’us precisa de cada um de nós para “fazermos o Ser Humano”. E cada vez que realizamos um ato de bondade que conserta o mundo, então trazemos a presença de D’us para o nosso mundo.
É exatamente no ano novo judaico que devemos renovar nosso compromisso anual de sermos sócios de D’us no processo contínuo de criação.
Nesta data as refeições são feitas em família e são repletas de simbologia. As orações e introspecções desta data, em cada sinagoga e ao redor de cada mesa, nos levam a querer fazer um mundo melhor, um mundo de compaixão amorosa e justiça para todos, na mesma linha Divina. Como D’us pode perdoar, devemos também saber perdoar. Os rabinos judeus ensinam que não somos obrigados a concluir o trabalho. Mas é nossa responsabilidade começá-lo.
O ano novo judaico nos chama, tal como D’us clama em Gênesis: "Ayeka, onde você está?" Será que estamos no caminho certo? As orações do ano-novo, tal como o Waze, nos alertam que, se desviamos do bom caminho, há uma rota de retorno.
O judaísmo reconhece que muitos sequer creem em D’us. Mas o ano novo judaico independe da crença humana num Ser Superior. Trata-se de chamar o próprio Ser Humano a melhorar, a buscar ajudar o pobre, o necessitado, o solitário, o deprimido. Até mesmo contatar o político para exigir respeito ao votante e apoio aos mais desprovidos.
Terminadas as orações, entra-se num período de dez dias, período de programação de tudo o que o judeu se propôs no Ano Novo. Ao final deste período chega o Yom Kipur, o Dia do Perdão.
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