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Governo petista

Por que a diplomacia ideologizada de Lula é incapaz de resolver o tarifaço dos EUA

Lula defende Venezuela e diz que presidente de fora não deve dar palpite
Sem citar Trump, Lula defende a Venezuela e Cuba, elogia Chávez e diz que "possivelmente" será candidato em 2026. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Apesar de supostos esforços de negociação – como o recente encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário americano Marco Rubio –, a crise diplomática e comercial entre Brasil e EUA permanece e está longe de ser resolvida. Isso porque, apontam analistas que publicaram na Gazeta do Povo, uma resolução definitiva para a crise depende de uma mudança na postura do governo petista – algo ainda fora do radar.

A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, principal ponto da crise entre com o EUA, alertam especialistas, deve ser vista como uma consequência direta e inevitável da atual política externa do governo petista, que confronta abertamente os interesses de Washington. Até recentemente, o Brasil desfrutava de uma posição comercial privilegiada. Em abril de 2025, estava no grupo de menor tarifa (10%) nas relações comerciais com os Estados Unidos. No entanto, entre abril e julho do mesmo ano, as taxas dispararam para 50%.

O governo americano justificou a escalada pela “necessidade de correção da injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil”, que, segundo Washington, gerava um déficit comercial desfavorável aos EUA – mas o fundo político das medidas é inegável. Como explicou o economista e colunista Adolfo Sachsida, o tarifaço americano é resultado direto da política externa de Lula.

Política de confronto

Segundo ele, a “política externa brasileira sob Lula confronta diretamente interesses americanos” por meio de gestos como a insistência em “criar uma moeda comum para o comércio no âmbito do Brics, deixando de lado o dólar”. O distanciamento entre Brasília e Washington também foi alimentado pela afinidade ideológica demonstrada pelo governo petista. Sachsida apontou “a postura hostil de Lula, do PT e do Itamaraty contra Israel – aliado histórico dos EUA – e a aproximação com regimes como Irã e Venezuela, além do estreitamento de laços com a China”.

Tal aproximação com ditaduras não é mero acaso. O jurista Edemir Bogesky von Schörner, em análise publicada na Gazeta do Povo, afirmou que essa aproximação com regimes autoritários e de esquerda não é mero pragmatismo diplomático, mas uma “escolha política” que “mascara uma agenda ideológica: desafiar o Ocidente”. Para o analista, Lula usa uma “lógica de sindicato” nas relações diplomáticas, e os resultados disso são extremamente danosos para o país. “A diplomacia exige equilíbrio, e a insistência em confrontar o Ocidente – muitas vezes sem ganhos concretos – pode transformar o país em um agente simbólico de resistência, mas sem influência real. A união que Lula propõe parece, cada vez mais, uma construção retórica que mascara uma agenda ideológica: desafiar o Ocidente, não por estratégia, mas por afinidade”, escreve von Schörner.

Para o jurista, o país – sem economia robusta, sem plano de desenvolvimento de longo prazo e sem capacidade militar significativa – adota uma postura de “bravata sem musculatura”, arriscando-se a ser usado como peça retórica por outros países, sem colher benefícios reais, e acirrando crises com aliados históricos, como os EUA.

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Efeitos devastadores

As consequências econômicas da crise com os EUA já são graves. O tributarista Marcelo Simões, também em artigo publicado na Gazeta do Povo, estimou que o “tarifaço” pode retirar até R$ 175 bilhões da economia brasileira e provocar uma retração do PIB superior a 2%, com base em estudo da Fiemg.

Os setores mais atingidos são pilares do produto nacional: agropecuária e agronegócio (especialmente frutas, carnes, café e vegetais), indústria de alimentos processados e sucos, além de petróleo, energia, maquinários, celulose e minerais. Simões observou ainda um dado preocupante: mais de 220 grandes empresas desses segmentos passam por processo de recuperação judicial – o que demonstra que o impacto recai sobre setores já fragilizados.

O cenário projeta um efeito em cascata de perda de competitividade, cancelamento de contratos e demissões em massa. A redução no volume de exportações tem elevado os custos operacionais e logísticos por perda de escala. Diante do quadro, Simões defende a busca de caminhos para a redução da sobretaxa americana sobre nossas exportações. Afonso Grisi Neto, mestre em Direito e doutor em Ciências Sociais, concorda que é preciso encontrar caminhos para a crise com os EUA através da negociação, sem bravatas. Em seu artigo As sanções americanas vistas sob a ótica do Direito, Grisi Neto, defende que única saída viável é “uma negociação, obviamente, sem qualquer enfrentamento, diante da evidente assimetria de poder entre ambos os países”, conduzida por “uma diplomacia firme e sem ideologia” – algo extremamente difícil, considerando a postura atual da política externa lulista.

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