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A Grécia antiga foi talvez a maior criadora de cultura na história. Foi lá que se desenvolveram de forma exponencial a política, as ciências, as artes, a tecnologia e a filosofia. A democracia é outra das suas importantes contribuições ao mundo, bem como a organização escolar, o teatro, o esporte (jogos olímpicos), a astronomia etc.
Matemáticos como Pitágoras, Euclides e Arquimedes; médicos como Hipócrates; grandes pensadores como Platão, Aristóteles e Sócrates; líderes militares como Felipe II e Alexandre Magno e escritores como Homero, herdeiros da civilização helênica, construíram a base da evolução cultural do mundo.
Os gregos também conseguiram expandir seus domínios influenciando regiões tão distantes como Turquia e Sicília, Judeia e o Delta do Nilo, a região do Mar Negro e do Mar Mediterrâneo e até mesmo grande parte da atual França. Tinham um exército muito bem treinado, uma organização política invejável e uma economia sólida.
Apesar de todo este cabedal de conhecimento e de poder, a civilização helênica, consolidada no império de Alexandre Magno (ou Alexandre, o Grande), acabou desaparecendo, cedendo seu lugar na história aos romanos. E os romanos mantiveram muito do que os gregos desenvolveram: a língua da elite, bem como de toda a parte oriental do império, era o grego; a religião era exatamente a religião grega com nomes romanos. Assim, Zeus vira Júpiter, Afrodite vira Vênus, Atena vira Minerva, Ártemis vira Diana etc. A influência grega sobre a Roma antiga abrange religião, arte, arquitetura, filosofia, literatura e até mesmo a mitologia.
Mas como tamanho império ruiu?
O fim da hegemonia da Grécia antiga se dá por um conjunto de fatores. O governo criou uma imensa massa de empregos governamentais - o que exigia arrecadação crescente para pagamento de funcionários públicos. Ao mesmo tempo, o exército também tinha custos exorbitantes dada a dispersão de seus soldados pelo mundo e os altos salários dos oficiais, que eram cooptados graças a seus elevados ganhos. Somem-se a estes fatores uma corrupção ampla e crescente.
Tudo isso gerou necessidade de constantes aumentos de impostos, o que desagradou às elites econômicas. Estas começaram a abandonar a Grécia, na sua maioria em direção à Sicília. Isso causou desemprego e gerou uma camada empobrecida e revoltada. Sem os ricos e seus empreendimentos, cai a arrecadação de impostos e consequentemente fica difícil manter a gorda camada de empregos públicos. Há menos dinheiro para cooptar militares, cai a qualidade dos serviços públicos. O desemprego gera a criminalidade, o que estimula novas migrações das camadas mais abastadas - e tudo isso reduz empregos, leva capital e conhecimento para a Sicília e ajuda a formação da nova potência - o Império Romano. Boa parte da elite inicial do Império Romano era formada por gregos. Daí a influência na língua falada, na religião e na cultura.
Mas por que o Brasil está no título do artigo?
O Brasil começa a viver o que levou à decadência do império grego. Uma máquina governamental extremamente inchada, índices insuportáveis de corrupção alimentados por impostos crescentes, evasão de empresas e de grandes fortunas que se dirigem ao Paraguai, aos Estados Unidos, à Europa - levando seu capital e suas empresas, aumentando o desemprego e a queda no poder aquisitivo dos que permanecem no Brasil. Consequentemente cai a arrecadação e o governo, ao invés de enxugar a máquina pública, opta por aumentar impostos - que por sua vez estimulam mais empresas a deixarem o país.
Ainda há tempo de estancar a sangria. Cabe aos governantes estudar a história e agir, antes que seja tarde e antes que a decadência do Império Grego se repita no Brasil.



