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Bad Bunny

Escolha de artista anti-Trump para o Super Bowl gera reação de conservadores

Bad Bunny Super Bowl
O cantor porto-riquenho Bad Bunny é crítico de Trump e só se apresenta com músicas em espanhol. (Foto: Thais Llorca / Arquivo / EFE)

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Imagine a seguinte situação: os gestores da maior liga esportiva dos Estados Unidos precisam definir o artista que vai se apresentar no intervalo do jogo final do campeonato, chamado Super Bowl. A escolha, feita a partir de uma lista de nomes em potencial, precisa levar em conta o entretenimento das dezenas de milhões de telespectadores, naquele que é o evento televisionado de maior audiência do país. Quem deve ser escolhido?

Não há uma única resposta certa para essa pergunta, nem uma alternativa óbvia dentre todos os possíveis nomes. Mas parece que a liga de futebol americano dos EUA, a NFL, pode ter feito uma das piores escolhas de todos os tempos para o show do intervalo do próximo Super Bowl, em fevereiro de 2026. Assim que o cantor porto-riquenho Bad Bunny foi anunciado como astro principal do show, seguiu-se uma enxurrada de críticas, principalmente de nomes do espectro conservador. 

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, confirmou a presença massiva de agentes do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) no entorno do estádio do San Francisco 49ers em Santa Clara, na Califórnia, onde será realizado o show no intervalo do Super Bowl. 

Outro a se posicionar contra a escolha foi o presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson. “Eu nem sabia quem era Bad Bunny, e para mim parece uma decisão terrível”, disse o parlamentar. O próprio presidente Donald Trump disse que, apesar de não conhecer o repertório do artista, classificou a escolha como “absolutamente ridícula” por parte da NFL. 

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Quem é o cantor Bad Bunny, que vai se apresentar no Super Bowl? 

Mas, afinal, quem é Bad Bunny? Porto-riquenho de nascimento, Benito Antonio Martinez Ocasio estreou como cantor em 2016. De lá para cá se tornou um dos artistas mais ouvidos nas plataformas de música, e conquistou três prêmios Grammy por suas canções no estilo reggaeton. 

Em sua turnê mais recente, o cantor disse que não se apresentaria nos Estados Unidos por medo dos agentes do ICE poderiam prender alguns de seus fãs. “Há muitas razões pelas quais eu não apareci nos Estados Unidos, e nenhuma delas foi por ódio. Tem a questão da po**a do ICE, que poderia estar lá fora [do meu show], e é algo sobre o qual estávamos muito preocupados”, disse, à i-D Magazine

Associação Turning Point anunciou show alternativo

Crítico ferrenho de Trump, em 99% de seu repertório Bad Bunny canta em espanhol. Após ser confirmado como principal nome no Halftime Show do Super Bowl, ele participou de um programa de humor no qual disse que os americanos “teriam alguns meses” para aprender o idioma hispânico para aproveitar seu show. 

Em reação, uma das mais incisivas, a maior organização de jovens conservadores dos Estados Unidos e, muito provavelmente, do mundo anunciou a realização de um show alternativo. A Turning Point, criada pelo ativista Charlie Kirk, morto em setembro, anunciou que irá realizar o The All American Halftime Show. 

Ainda não há mais informações sobre quem deve se apresentar, mas em uma pesquisa no site do evento os internautas podem optar por assistirem a “qualquer coisa em inglês” no lugar do show que será televisionado no próximo dia 8 de fevereiro pela NBC nos Estados Unidos. 

O que há de importante em um show durante o Super Bowl 

E o que há de tão importante em um show durante um intervalo de um jogo? Bom, o Super Bowl não é apenas um jogo. A final do campeonato de futebol americano é o evento de maior audiência da TV nos EUA. 

Na edição mais recente, dados da consultoria Nielsen mostram que quase 130 milhões de norte-americanos assistiram pela TV à vitória do Philadelphia Eagles sobre o Kansas City Chiefs, em fevereiro de 2025. É a maior audiência fora a chegada do homem à Lua em 1969 – estimada em mais de 150 milhões de telespectadores. 

Uma audiência astronômica leva a cifras astronômicas também na publicidade. O Super Bowl também é famoso por ter o intervalo comercial mais caro do mundo. Uma inserção de 30 segundos na edição mais recente custava nada menos do que US$ 7 milhões. A Fox, responsável pela exibição deste jogo, faturou mais de US$ 800 milhões só com as propagandas exibidas durante a partida. 

Quem define os artistas do intervalo do Super Bowl? 

Desde 2019 a NFL contratou a empresa Roc Nation, comandada pelo rapper Jay-Z, para realizar uma curadoria e consultoria do entretenimento ao vivo. Na prática, cabe ao rapper indicar quais devem ser os nomes dos artistas a se apresentarem no show do intervalo do Super Bowl. 

O próprio Bad Bunn já se apresentou em 2020, quando era um convidado especial no show de Shakira e Jennifer Lopez. Nomes ligados ao rap, como Kendrick Lammar, Eminem, Dr. Dre., Snoop Dogg e Mary J. Blige fizeram o show em 2022. 

Em sua origem, os shows do intervalo do Super Bowl eram apenas apresentações de bandas marciais de universidades. Do final da década de 1960 até os anos 1980 não era comum grandes artistas se apresentarem entre as duas metades do jogo final do campeonato, com exceção de Ella Fitzgerald, em 1972. 

Nesse meio tempo os intervalos ganharam apresentações temáticas, como a de 1976 celebrando o bicentenário dos EUA, ou a de 1985, com “O Mundo dos Sonhos das Crianças”. A virada de chave ocorreu em 1993, com a apresentação de Michael Jackson – naquela ocasião, a audiência aumentou após o início do show, o que levou os organizadores a apostarem em grandes nomes do pop para os anos seguintes. 

Apresentação conta com curiosidades e polêmica 

Alguns fatos curiosos cercam o Halftime Show, como o da edição de 1991, quando o grupo New Kids On The Block subiu ao palco. Naquele ano, os EUA estavam na etapa decisiva de sua “Tempestade no Deserto” contra o Iraque de Saddam Russein. Por isso, quem estava em casa assistindo ao jogo pela ABC viu um noticiário sobre a guerra no intervalo do jogo. Música ao vivo mesmo só para quem estava no estádio. 

Em 1989 a atração foi propagandeada como a primeira transmissão em 3D dos Estados Unidos. O artista escolhido foi o mágico Elvis Presto, e o espetáculo “Be Bop Bamboozled” hoje soa como um dos mais estranhos já vistos nos gramados da NFL. 

Mas a maior polêmica de todas até agora ficou a cargo de Janet Jackson e de Justin Timberlake em 2004. O show foi carregado de sensualidade, e contou com a participação do rapper P. Diddy, recentemente condenado à prisão pelo crime de transporte de mulheres para prostituição. Ao final da apresentação, Timberlake cantou “Rock Your Body”, e durante a coreografia ele deixou à mostra, em rede nacional de televisão, o seio direito da irmã de Michael Jackson. 

A exibição, de menos de maio segundo, foi tratada inicialmente como uma nudez acidental. Ainda assim, os órgãos competentes do governo federal multaram a CBS, que transmitiu o show e a partida, em meio bilhão de dólares. A emissora recorreu, e sete anos depois o processo que ficou conhecido como “Mamilogate” foi anulado. 

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