“Quanto tempo demora para dar uma uva?” – Luiz Inácio Lula da Silva, presidente, ao regar uma muda de oliveira na embaixada da Palestina.
“Se ele falar um ‘ai’ do Supremo, vai preso” – Ministro do Supremo Tribunal Federal em depoimento anônimo à coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, a respeito de como vai monitorar o comportamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no ato convocado para domingo. Pensa numa democracia pujante.
“O Supremo tem esse grande papel, de controle sobre os outros poderes” – Flávio Dino, recém-empossado ministro do STF. Achamos o anônimo?
“Bolsonaro preso: convocar ato já é motivo para prisão, dizem advogados” – manchete na revista Fórum, site de militância de esquerda. Esqueceu o adjetivo: advogados petistas.
“A Venezuela tem um governo autoritário, pode-se chamar de ditatorial, como quiser” – Pepe Mujica, ex-presidente de esquerda do Uruguai. Sabe aquele amigo que estraga a festa com excesso de sinceridade?
“O presidente da República e a primeira-dama seguravam uma coisa com corpo e feição infantis e a cabeça de um rato” – Hiroshi de Araújo Sakaki, delegado, descrevendo o meme da “Ratajanja” encontrado no celular do Roberto Mantovani Filho, acusado por Alexandre de Moraes de agressão no aeroporto de Roma, para o ministro Dias Toffoli. Investigação importantíssima.
“Escarcéu de Moraes termina em vexame” – título de editorial da Folha de S. Paulo sobre o imbróglio do aeroporto de Roma. Dessa vez, Moraes não conseguiu o que queria.
“Todo mundo acha que o iFood é estrangeiro, e não é” – Fabrício Bloisi, dono do iFood. Por que será que as pessoas pensam isso do euAlimento?
“Quero escrever crônica, mas o patriarcado não deixa” – Giovana Madalosso, escritora. O patriarcado também não a deixa escrever bem, tadinha.
“O crime não gosta de Lewandowski no Ministério da Justiça. Começo a aventar, e é apenas uma tese, que essa fuga do presídio de Mossoró foi arquitetada e executada para criar embaraço ao ministro” – Walfrido Warde, advogado. Alguém pode aventar, e é apenas uma tese, que Walfrido é um puxa-saco.
“Capitalismo é incompatível com democracia” – Clara Mattei, economista italiana. O sistema econômico que deixa as pessoas escolherem é incompatível com o sistema político que deixa as pessoas escolherem. Entenderam? Não? Nem eu.
“O prefeito realizou uma viagem não programada, juntamente com outras pessoas, atendendo a um convite” – Prefeitura de Manaus, sobre o prefeito David Almeida ter feito uma viagem para o Caribe no jatinho de seu amigo empresário Roberto de Souza Lopes, que tem contratos com a prefeitura. Os manauaras desconfiados ficaram mais tranquilos de saber que há uma espontaneidade na coisa?
“Quando falamos de prerrogativas estamos nos referindo aos direitos e garantias individuais dos cidadãos. O STF e o ministro Alexandre de Moraes têm dado um tratamento exemplar ao tema ao reconhecer as observações da OAB sobre a necessidade de respeito às prerrogativas” – Beto Simonetti, presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, sobre Moraes ter atendido seu pedido para clientes falarem com seus advogados. É como elogiar o marido que bate na esposa por pelo menos não deixar marcas.
“Em momento algum houve qualquer vedação de comunicação entre os advogados e seus clientes ou entre os diversos advogados dos investigados, não restando, portanto, qualquer ferimento às prerrogativas da advocacia” – Alexandre de Moraes, ministro do STF, achando que ninguém leu em sua decisão que a comunicação entre investigados estava proibida “inclusive através de advogados”.
“Emagrecer sem dieta ou exercício incomoda moralistas que só valorizam a renúncia, a penitência e o esforço descomunal” – Marcos Nogueira, colunista de culinária do jornal Folha de S. Paulo, defendendo o uso do medicamento Ozempic, medicamento eficaz, mas que vem com potenciais efeitos colaterais como danos a vasos sanguíneos nos olhos. Malditos moralistas que não gostam de indulgência, indisciplina e preguiça!
“Ele está com raiva de mim porque eu traí meu namorado? Mal sabe ele [que sou lésbica]” – Kristen Stewart, atriz que fez a personagem Bella Swan nos filmes Twilight, contando como se inspirou a usar tweets de Donald Trump para sair do armário e usar isso como mote para apimentar seu monólogo no programa de comédia Saturday Night Live. É por isso que ela olhava para o vampiro bonitão do filme como meu cachorro olha para um prato de salada?
“Meu partido tem orgulho de ser antirracista, mas também antissemita” – Sadiq Khan, prefeito de Londres, do Partido Trabalhista britânico, em ato falho que os menos generosos diriam que é revelador.
“Em 2022, o TSE mandou o site Antagonista apagar as reportagens sobre o voto de Marcola, líder máximo do PCC, em Lula. Em 2024, o contador de Lulinha admite ter trabalhado para o PCC. Quanta coincidência!” – Marina Helena, economista e pré-candidata à prefeitura de São Paulo, apontando aquelas coincidências que estão se tornando cada vez mais comuns no Brasil.
“[Dedo indicador balançando em sinal de ‘não’]” – Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, quando o jornalista Sérgio Utsch perguntou se o Itamaraty se pronunciaria a respeito da morte de Alexei Navalny, oponente de Putin que faleceu na prisão e cujo corpo o regime autocrata segurou.
“Para quê essa pressa de acusar alguém?” – Lula, se recusando a levantar suspeitas contra Putin no mesmo dia em que acusou Israel de reproduzir o Holocausto em Gaza.
“Pode ter sido a famosa teoria da morte instantânea de quem tomou muitas vacinas da Pfizer. Navalny tomou cinco” – Pepe Escobar, jornalista “investigativo”, em live do site petista Brasil247. Certeza de que não foi uma dose de Kalashnikov?
Cantinho da hecatombe diplomática
“O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”
– Lula, na declaração fatídica que o levou a ser o primeiro presidente brasileiro declarado persona non grata por país estrangeiro. Como disseram os memes: prometeu picanha de graça, entregou persona non grata.
“As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves” – Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, em reação imediata a Lula.
“Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros” – Israel Katz, chanceler de Israel, reiterando pedido de retratação a Lula. Não adiantou.
“Nós, o Hamas, apreciamos a declaração do presidente brasileiro” – Hamas, grupo terrorista que iniciou a guerra na Faixa de Gaza estuprando mulheres, atirando em jovens em festa e queimando famílias em comunidades israelenses. Diga-me com quem andas...
“As falas de Lula nesse final de semana são uma ofensa aos brasileiros” – João Amoêdo, empresário e ex-candidato à presidência cuja saída do partido Novo foi marcada por sua declaração de voto em Lula em 2022.
“Se pensarmos no cenário geopolítico global como um tabuleiro de xadrez, o Brasil é visto como a peça menos relevante, menos poderosa” – Daniel Buarque, pesquisador que entrevistou quase 100 diplomatas, ex-embaixadores e outras figuras importantes estrangeiras sobre o que pensam do Brasil. Tentemos outra metáfora: na diplomacia, o Brasil é a primeira bolacha do pacote.
“Já passei dois anos no Conselho de Segurança com o Brasil. Perdi todas as minhas ilusões a respeito da política externa desse país, de um terceiro-mundismo tão caricatural que chegou a defender a Coreia do Norte” – Gérard Araud, diplomata francês aposentado que foi embaixador da França nos Estados Unidos. Jogou o camembert no ventilador.
“Acho que o erro maior é apoiar um grupo terrorista que mata crianças, jovens e idosos gratuitamente” – André Mendonça, ministro do STF nomeado por Bolsonaro. Ele acha, nós temos certeza.
“Não se traz à baila o episódio do Holocausto para nenhuma comparação, porque fere sentimentos, inclusive meus, de familiares perdidos naquele episódio” – Jaques Wagner, líder do governo no Senado e voz única na cúpula do petismo a criticar Lula.
“Sua declaração não foi respaldada nem mesmo por líderes de países árabes, que criticam Israel, mas jamais compararam à Alemanha nazista” – Avraham Milgram, historiador que trabalhou por décadas no Museu do Holocausto em Jerusalém.
Cantinho da escavação do fundo do poço
“Persona non grata é Israel” – Celso Amorim, ex-chanceler petista que alguns diriam que é o chanceler de facto. Usou a manobra retórica mais popular do jardim de infância.
“Ignora que o Brasil não é mais governado por um fascista como ele” – Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores, respondendo a Netanyahu e dobrando a aposta.
“Antes pistoleira de fato do que amante (de fato?) na lista da Odebrecht” – Carla Zambelli, deputada federal autora de um pedido de impeachment de Lula pela fala sobre Israel, respondendo às críticas de Gleisi Hoffmann usando seu suposto codinome na lista de propinas da empreiteira.
“Lula defende a coexistência de dois Estados como solução definitiva para o conflito entre Israel e Palestina. O governo de Israel adota prática da extrema-direita” – Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Quer dizer que Lula defende uma solução final?
“Se o presidente Lula tivesse vivenciado o período da Segunda Guerra, teria defendido o direito à vida dos judeus” – Janja da Silva, primeira-dama, apoiando o marido. Como dizem os italianos: e se minha avó tivesse rodas, ela seria uma bicicleta.
“Toda nossa solidariedade para o querido irmão Lula” – Miguel Díaz-Canel Bermúdez, ditador de Cuba.
“Lula não apoia antissemitismo ou terrorismo, mas já tem gente tentando fazer essas associações” – Guilherme Casarões, cientista político que não gostou quando esta coluna o chamou de “Doutor Passador de Pano” de Lula ano passado. Já está no pós-doutorado do paninho.
“A reação israelense é exagerada” – Daniela Lima, âncora da GloboNews. Lula só comparou defesa contra terrorismo, com baixas previsíveis entre civis usados como escudos humanos, a uma eliminação sistemática, planejada e confessada da mesma etnia vítima desse terrorismo. Por que tanto auê?
“Lula não está errado nessa última polêmica, mas vocês não estão prontos para ter essa conversa” – Bruno “Monark” Aiub, podcaster exilado por perseguição de Alexandre de Moraes. Também não estamos prontos para voltar a defender Monark.
“Não sou comentarista das falas do presidente da República. Ele teve 60 milhões de votos. Não sou candidato a prefeito de Tel Aviv” – Guilherme Boulos, pré-candidato a prefeito de São Paulo alinhado ao governo, invadido pela dúvida.
“Fala equivocada” – Vera Magalhães, jornalista, com seu eufemismo a favor de Lula. Em maio de 2020, ela postou uma foto de Bolsonaro cercado de apoiadores que faziam o gesto de bênção com a mão direita para cima, e insinuou que era a saudação nazista.
“Instrumentalização política da tragédia. Lamentável a postura do governo de Israel neste episódio” – Vera Magalhães, comentando vídeo do chanceler de Israel com a jovem brasileira Rafaela Triestman, cujo namorado foi morto pelo Hamas. Ela diz que sobreviventes como ela foram ignorados pelo governo Lula. Lembram quando a Vera era feminista e acolhia relatos de mulheres?
“O que Israel está fazendo em Gaza é indefensável, é crime de guerra, e o presidente Lula tem falado sobre isso o tempo todo no tom certo. Ele errou quando improvisou” – Míriam Leitão, jornalista. Com “imprensa independente” desse tipo, quem precisa de assessoria?
“A declaração do presidente Lula sobre Gaza é corajosa, essencial” – André Fufuca, ministro do Esporte que tomou o cargo de uma mulher, para irritação da esquerda. De ocupação ele entende.
“Você pode não concordar com Lula, mas a atriz americana Susan Sarandon está do lado dele” – Guga Noblat, nepobaby de jornalista. Geopolítica é assim mesmo: tem razão a atriz com mais Oscars na prateleira.
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