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Carmén Lúcia: "O algoritmo do ódio, invisível e presente, senta-se à mesa"
Carmén Lúcia: “O algoritmo do ódio, invisível e presente, senta-se à mesa”| Foto: Balão de diálogo adicionado sobre foto de Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Homens e outros mamíferos vivem mais tempo se forem castrados” – Cat Bohannon, pesquisadora feminista. Ela quer que os homens vivam um século, e faz questão de que se arrependam de cada segundo. 

“Era uma delícia esse programa de fumar maconha com a minha avó” – Gregório Duvivier, humorista. O programa começava com um aviãozinho do tráfico fugindo da escola para arriscar o pescoço entregando drogas pro netinho playboy. 

“Caso José de Abreu: dentista explica o que causa e como tratar mau hálito” – manchete da Revista IstoÉ. Para o mau hálito mental do Zé de Abreu, recomenda-se mastigar bem as palavras antes de cuspi-las. 

“Não consigo coisas por ser muito inteligente” – Manu Gavassi, cantora. Quem me dera o mundo fosse simples o bastante para que nossos gênios incompreendidos pudessem fazer playback no Altas Horas sem acidentalmente compor uma sinfonia. 

“Nós somos o meteoro causando a extinção da Terra!” – António Guterres, secretário-geral da ONU sobre suposta catástrofe climática. Ele não está errado. Se você pensar bem, entre abrigar ditadores e proteger terroristas, a ONU é mais ou menos isso mesmo. 

“Darín mileizou, não valeu assistir, fiquei chateada” – Rosana Hermann, humorista. Caso ela não se sinta suficientemente doutrinada, talvez devesse dar uma chance ao cinema nacional. 

“ONU pede que Brasil legalize aborto e denuncia ‘fundamentalismo religioso’” – Jamil Chade, jornalista. Segundo a ONU, o problema do Brasil é que ainda não se matam crianças suficientes. 

“Não entendo por que o Brasil está do lado do agressor” – Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia. Ora, é simples: o Brasil é comandado por um presidente que tem apreço especial por ditaduras sanguinárias. Difícil de entender seria se fosse diferente! 

“O Lula parou ali na disputa da eleição – como se o retorno à Presidência não o tivesse vingado daquilo que considera injustiças cometidas contra ele” – Ricardo Lacerda, CEO do banco BR Partners. Quem esperava champanhe na Faria Lima, acabou virando suco de laranja lima. A indigestão, essa é cortesia da casa. 

“Sim. Não estava cá” – José Maria Matias, jornalista português, em reposta à campanha da prefeitura de Lisboa perguntando “Se a tua mãe fosse lésbica, mudava alguma coisa?” Bestial, ô pá! 

“A imensa maioria [do agro] é gente de bem, que teve um viés ideológico e eleitoral diferente. Mas aquele que quer botar a estigma de represália só porque pensa diferente, não vejo por que não ser chamado de fascista” – Carlos Fávaro, ministro da Agricultura. Não chame de fascista quem pensa diferente. A menos que quem pense diferente seja o outro. Aí pode. É a democracia ao quadrado!

“Jesus era um cara mil grau. Não tem relatos de Jesus criticando religião dos outros, criticando LGBT. Em que momento Jesus fala mal do Candomblé, uma religião tão antiga, ou mais, que o judaísmo?” – Mano Brown, cantor, youtuber e intelectual. Depois de tanta asneira, é hora de o Mano Brown adotar um novo nome artístico: ‘Mano Mobral’. 

“Antes do impeachment [de Dilma Rousseff] se falava da tal crise. Mas eu não estava vendo a crise. Será que eu estou alienado que eu não estou percebendo a crise debaixo do meu bigode? Será que eu estou conformado, será que está gostoso, cadê a crise?” –Mano Brown. Como diria o poeta: “Em troca de dinheiro e um carro bom, tem mano que rebola e usa até batom...” 

“Neymar é o retrato de um Brasil doente, decadente, reativo e melancólico” – Milly Lacombe, comentarista de futebol. Para Milly, o Brasil está doente, e suas opiniões são a colonoscopia necessária para diagnosticar a situação. 

“Brasil não está preparado para crimes cometidos em seitas, dizem especialistas” – na Folha de S.Paulo. E por falar em seitas, há uma com apenas onze membros, mas cujos crimes parecemos realmente não estar preparados para lidar. 

“Se alguém insultar minha mãe, pode esperar um soco na cara” – Papa Francisco. E assim, com um soco, Francisco preservaria não só a honra materna, mas também a infalibilidade papal. 

“Por que o Governo quer nos convencer de que o sobrenatural não existe? Óbvio que a resposta é que eles estão trabalhando para forças sobrenaturais” – Tucker Carlson, apresentador americano. Tucker nunca mais foi o mesmo após aquela visita ao Putin no Kremlin. Será que foi o polônio no chazinho? 

“Eleito, Trump levaria risco a democracias espalhadas pelo mundo” – Roberto Abdenur, diplomata. Imagine a tragédia: Trump reeleito e o mundo volta a ser como quatro anos atrás... 

A Comédia da Vida Privada

“Sr. Vereador César Maia, peço que o senhor desligue a câmera, por favor” – Pablo Mello (Republicanos-RJ), ao presidir sessão da Câmara Municipal em que César Maia (PSD-RJ) foi flagrado sentado no vaso sanitário. Ao menos o vereador (Felipe Neto o chamaria de excrementíssimo?) teve a delicadeza de desligar a câmera antes de dar mais uma descarga no decoro. 

“César Maia é exemplo de luta e superação. Estamos juntos!” – Marcelo Freixo, ex-deputado federal (PT-RJ) e presidente da Embratur. Freixo e Maia, juntos tanto na vida pública quanto na privada. E com resultados muito parecidos. 

United Colors of Benetton

“Descobriram agora que o negro é capaz, talentoso e bonito” – Djavan, cantor. Como assim, Djavan é negro? E o Milton Nascimento? Daqui a pouco vão me dizer que Hermeto Pascoal também é! 

“Tive que lembrar ao [rapper] 50 Cent que ele é negro, então ele não pode votar no Donald Trump” – Chelsea Handler, atriz americana. A esquerda finalmente descobriu que o negro é capaz e talentoso. Só falta agora confiar o suficiente para deixá-lo pensar por conta própria. 

“Vinicius Jr., a masculinidade jovem e negra em jogo. Sociedade da branquitude não suporta o gozo da masculinidade negra, sua pulsão de vida em êxtase” – Daniel Bento Teixeira, em artigo na Folha de S.Paulo. Lendo isso, me bate uma saudade da época em que o futebol só rendia pseudoanálises políticas, e não roteiro de conto erótico mal resolvido. 

“Tudo muito lindo e emocionante, mas alguém sabe me dizer se Vinícius Jr. é bolsonarista?” – Leandro Fortes, jornalista. Ah, o jornalismo padrão FIFA, sempre escalando as notícias conforme a posição no campo ideológico. 

O terror da rachadinha

“Esse ser é o maior divulgador de mentiras do Brasil. Ele acha que todo mundo é otário de um dia a conta não cair” – Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal, defendendo cassação do deputado André Janones (Avante-MG). Ora, nem todo mundo precisa ser otário; como vimos, uma parcela significativa da população já é suficiente. 

“Tira a mão de mim!” – André Janones, ao se esconder atrás de assessores e ameaçar agredir o colega Nikolas Ferreira. A coragem do Janones cresce proporcionalmente ao número de assessores ao redor dele — uma espécie de rachadinha da valentia. 

“Não pode ter dois pesos e duas medidas” – Guilherme Boulos, deputado federal (PSOL-SP), ao justificar voto pela absolvição do colega André Janones. Não são só dois, não. Temos pesos e medidas para todos os tamanhos e ocasiões! 

Cantinho da Shopee 

“Debate sobre taxação de compras até US$ 50 envolve trabalho escravo na Ásia” – Leonardo Sakamoto, jornalista. Calma, Sakamoto. Lembre-se: quanto mais um jornalista se desdobra para defender um político, mais o público desconfia de ambos. 

“Imposto esse que paga o nosso salário” – Jorge Seif, senador (PL-SC) ao defender a ‘Lei das Blusinhas’. Mas de que adianta, se a mulher vai gastar o dinheiro todo comprando blusinhas para ir ao show da Madonna? 

“O machismo na taxa das blusinhas. A leitura simplista de que mulher é fútil e precisa ser tutelada pelo Estado” – Mariliz Pereira Jorge, na Folha de S.Paulo. Para provar seu ponto, Mariliz teria comprado dez blusinhas, cinco saias, oito leggings e um sem-número de bugigangas indescritíveis, tudo isso enquanto escrevia o artigo. 

“Quando você fala em ‘Lei das Blusinhas’, você esquece que o último CD do Caetano Veloso só era encontrado para venda aqui em cópia importada. A gente tem que importar CD do Caetano Veloso” – Arthur Dapieve, crítico musical. Já é um avanço! Quem sabe com a próxima reforma tributária a gente também não se livra dos CDs de funk. 

Tribunal de pequenas causas 

“Donald Trump culpado, mas ainda candidato. Países sem Justiça Eleitoral e sua decadência” – Renan Brites Peixoto, jornalista. Decadência total! Em países onde a Justiça Eleitoral funciona, não só o candidato já estaria descondenado como também eleito, e ainda por cima com Congresso e Judiciário no bolso! 

“O que a Folha pensa: Um condenado na Presidência dos EUA?” – editorial da Folha de S.Paulo. E quanto a ter um condenado na presidência do Brasil?  

“O prefeito de SP contratou Temer para essas eleições. O sujeito tem ‘Bozonaro’ como cabo eleitoral. O vampiro tem influência sobre Xandão. É natural que Xandão não mande prender o ‘Bozo’ até o final das eleições” – Xico Sá, blogueiro lulista. No clima atual, só acusa um ministro do STF de prevaricação sob influência de um ‘golpista’ quem tem plena certeza de que pau que bate em Chico não vai bater em Xico. 

“Trata-se de excesso de zelo do ministro” – Reinaldo Azevedo, jornalista, sobre Alexandre de Moraes se declarar impedido em um caso que envolve sua família. Moraes sempre tem um habeas corpus preventivo à disposição na corte imaginária de Reinaldo Azevedo. 

“Creio que o ministro Moraes cometeu também alguns excessos, desbordou aqui e ali do devido processo legal e isso terá que ser reparado pela história, mas no todo o saldo foi muito positivo” – Gustavo Sampaio, professor de direito da UFF. Foram apenas umas prisõezinhas arbitrárias, uma censura leve e, talvez, um campinho de concentração após o 8 de janeiro. Tirando isso, salvou-se por completo o que restou da democracia. 

“O juiz por trás do esforço para enterrar a maior investigação de corrupção da América Latina” – manchete do Financial Times sobre Dias Toffoli, ministro do STF. Fake news absurda e tendenciosa! É de conhecimento público que o Toffoli nunca foi juiz. 

“Sobrevivi em Brasília sem trocar favor” — Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Sobre compras e vendas nada lhe foi perguntado, tampouco respondido

“Até pouco tempo atrás, os ministros do STF circulavam inteiramente sós. Infelizmente, nos últimos anos, fomentou-se um tipo de agressividade e de hostilidade que passaram a exigir o reforço da segurança” – Luís Roberto Barroso, defendendo o uso de dinheiro público para a segurança de Toffoli durante a final da Champions League. Parece que a agressividade hostil do ‘perdeu, mané’ se impõe a todos: aos que perderam as eleições e também aos manés que, além da vergonha na cara, perderam a doce tranquilidade do anonimato. 

Cantinho da Carminha Joaquina, a Princesa do Brasil 

“Posse de Cármen Lúcia como presidente do TSE: saiba horário e como assistir ao vivo – manchete da CNN Brasil. Ah, a democracia brasileira, onde a posse de uma burocrata é tratada com pompas de casamento real. Ou seria um baile de debutante geriátrica? 

“Fake news são o principal desafio para Cármen Lúcia à frente do TSE, mas ela está preparada” – Míriam Leitão. Parece que o único desafio para o qual Carminha não está preparada é o de manifestar-se apenas nos autos. 

“Sabedoria, firmeza e sensibilidade são alguns dos inúmeros predicados da ministra Cármen Lúcia, cuja nova presidência no TSE é a certeza de eleições livres, seguras e transparentes” – Alexandre de Moraes, ex-presidente do TSE, sobre sua sucessora, ministra Cármen Lúcia. Se a gestão de Moraes levou o TSE à beira do precipício, a de Cármen Lúcia traz a promessa de darmos um passo à frente. 

“No TSE, Cármen Lúcia quer garantir liberdade do voto em presídios” – manchete da CNN Brasil. Já que podemos votar em presidiários, por que não lhes dar a oportunidade de retribuir o favor? Um deles pode até ser o próximo presidente. 

“O algoritmo do ódio, invisível e presente, senta-se à mesa” – Carmén Lúcia, nova presidente do TSE. Parece que Carminha tem trauma daquele tio bolsonarista que aparecia nos almoços de família e sempre perguntava sobre os namoradinhos à mesa... 

“É preciso ter em mente que ódio e violência não são gratuitos. Contra o vírus da mentira há o remédio eficaz da liberdade de informação séria e responsável” – Carmén Lúcia. Mas sabe como é, né? Em caso de emergência, aplica-se uma censurazinha por compressa, só para manter os sintomas da democracia sob controle. 

"A mentira espalhada pelo poderoso ecossistema digital das plataformas é um desaforo tirânico contra a integridade das democracias"– Carmén Lúcia. Carminha, você não está libertando Monte Castello, está apenas perseguindo tiazinhas em grupos de WhatsApp. 

Cantinho da extrema-direita, do fascismo e do genocídio, não necessariamente nesta ordem

“Sempre estarei como alvo de ataques da extrema-direita, então quis dialogar tirando o foco disso. Foi um equívoco o veto. Meu voto para derrubar o veto só serviria para ataques rasteiros” – Maria do Rosário, deputada federal (PT-RS). Maria do Rosário mal se juntou à extrema-direita e já está mestre no xadrez 4D. Confia. Aguardem as próximas 72 horas. 

“Estou muito feliz com a vitória dela porque ela representa um lado ideológico mais próximo” – Lula, sobre Claudia Sheinbaum, comunista e presidente-eleita do México. Mas a imprensa oficial continua firme: Lula, é grande social-democrata com apenas um suave toque de vermelho — um tom ‘comunista pastel’, se preferir. 

“Temos um movimento ascendente, com pressão social muito forte de orientação da extrema direita, com fortes nuances fascistas” – Randolfe Rodrigues, senador (sem partido-AP). No mapa astral de Randolfe, a direita ora ascende, ora desce, mas a democracia? Essa está sempre em movimento retrógrado. 

“Vitória da Claudia Sheinbaum não é por acaso, o México é o quarto melhor no ranking da ONU de participação feminina na política” – Míriam Leitão, jornalista. O México, este exemplo para o mundo, brilha pela participação feminina na política, um pequeno preço a pagar pelos 38 candidatos assassinados neste ciclo eleitoral. 

“O que o genocídio na Palestina tem a ver com o ataque à educação aqui no Paraná? Absolutamente tudo! Porque a partir do fascismo que eclodiu com o bolsonarismo, a mentira se tornou um método de governança, a hipocrisia é a performance da vez” – Renato Freitas, deputado estadual (PT-PR). Não sei se a capacidade dele em proferir essas palavras sem rir da própria cara é fruto de ignorância genuína ou da qualidade das ervas locais. 

“Morre policial ferido em ato de extrema direita na Alemanha” – manchete da Deutsche Welle, o canal oficial do governo alemão, omitindo que a morte ocorreu por um atentado islâmico. Jornalismo ‘imparcial’, do jeito que o Goebbels gosta. 

“Há um fascista em potencial em cada um de nós” – Rubens Casara, jurista e psicanalista. Fascista em potencial é o que não falta. Dá uma toga e uma caneta para ver como o potencial vira profissão de fé. 

“Lula, o antissemita número 1, chama de ‘falecimento’ o assassinato de um brasileiro pelo Hamas. Porque o Hamas é parceiro ideológico e espiritual do PT. Mais um ‘presente’ para os judeus idiotas que votam no PT” – Luiz Felipe Pondé, escritor. Pondé, que já se disse meio judeu e meio petista, finalmente descobriu o que é por inteiro. 

“Se a constituição diz que a educação pública e gratuita, privatizar escolas não é inconstitucional?” – Cynara Menezes, a socialista morena. Sim, isso é inconstitucional. Mas lá na Coreia do Norte. 

“Eu considero que a palavra ‘nazista’, ‘fascista’ não possui o caráter de ofensa pessoal, ao ponto de caracterizar calúnia, injúria, e/ou difamação. É uma corrente política estruturada” – Flávio Dino, ministro do STF. Chamar alguém de nazista ou fascista não ofende. Mas chamar de ‘gordola’ é imperdoável para as vítimas do holocausto do bufê a quilo. 

Ari Fusevick, convidado para escrever os comentários das Frases desta semana, é brasileiro não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter "Livre Arbítrio" e do livro "Primavera Brasileira".

Conteúdo editado por:Jones Rossi
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