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Airton Vieira, juiz-assistente do ministro do STF Alexandre de Moraes: “Use a sua criatividade... rsrsrs [...] Pegue uma ou outra fala, opinião mais ácida e... O Ministro entendeu que está extrapolando com base naquilo que enviou”
Airton Vieira, juiz-assistente do ministro do STF Alexandre de Moraes: “Use a sua criatividade… rsrsrs […] Pegue uma ou outra fala, opinião mais ácida e… O Ministro entendeu que está extrapolando com base naquilo que enviou”| Foto: Balão de diálogo adicionado sobre imagem de Reprodução do Youtube

“Campos Neto não pode ser ‘Economista do Ano’ porque não é economista” –  Conselho Regional de Economia de SP, sobre o presidente do BACEN, apesar da formação e experiência, não ter a carteirinha de economista. O fato de não jogar dinheiro fora pagando o sindicato já é um sinal de que o prêmio ficou em boas mãos. 

“Futebol masculino está decadente e guerra à ultradireita não terminou” – Raí, ex-jogador de futebol. Entre um croissant e uma baguete, Raí se sacrifica por todos ao combater a temida ultradireita francesa. Força, guerreiro. 

“Vou leiloar essas joias e vou doar para a Santa Casa de Juiz de Fora” – Jair Bolsonaro, ex-presidente (PL-RJ). Essas joias já causaram tanta confusão que vão acabar sendo doadas é para a Santa Casa da Mãe Joana. 

“Se alguém nos apresentar um sistema rigorosamente científico de identificar homens e mulheres, seremos os primeiros a adotá-lo” – Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI). Meu Deus, será que nunca ensinaram a este homem de onde vêm os bebês? 

“Beleza! Qualquer coisa vai avisando” – André Janones, em 5 de junho de 2024, respondendo à mensagem de Kim Kataguiri, deputado federal (União-SP), sobre processá-lo. Olha só, o aviso finalmente chegou essa semana! 

“Formulo pedido de desculpas expressas ao senhor Kim Kataguiri. Expresso, ainda, o máximo respeito à pessoa do requerente, tendo-o como cidadão de bem” – André Janones, deputado federal (Avante-MG), cumprindo medida judicial no X/Twitter. Mesmo com ordem judicial, parece que Janones não consegue deixar de espalhar fake news

“Eu enxergo aquela manifestação da rua, que é tratada como golpe, como uma espécie de catarse da frustração que tiveram de não obter o golpe militar” – Nelson Jobim, ex-presidente do STF e ex-ministro da Justiça. Se ao menos ele conhecesse um jurista de peso que, ciente da existência de prisioneiros políticos, resolvesse fazer algo de útil... 

“Os melhores hackers do país encontraram vulnerabilidades nas urnas eletrônicas — mas não há tempo para corrigi-las” – manchete do site americano Politico. Sei que parece ficção científica, mas e se a gente anotasse os votos num papelzinho e guardasse em uma caixa lacrada? 

“Isso era para ser uma piada?” – Kaitlan Collins, da CNN americana, reagindo às gargalhadas do público, após afirmação de que o jornalismo de seu canal seria imparcial.

“Nem mesmo os animais de rebanho são tão previsíveis assim” – Glenn Greenwald, jornalista, sobre suposta campanha da mídia americana pró-Kamala Harris. Quando o Glenn chamou a mídia de gado, a gente ainda nem sabia o que viria por aí. 

“Luís Roberto Barroso deu show na noite deste sábado cantando ‘Evidências’” – manchete do Metrópoles. “Disfarçando as evidências”, a trilha sonora perfeita para o momento.

“O TSE tem o único objetivo de garantir a lisura, a transparência e a segurança do processo eleitoral” – Cármen Lúcia, presidente do TSE. Talvez Barroso devesse pedir vênia para esclarecer que, na verdade, o primeiro objetivo é derrotar o bolsonarismo. 

“Coleção Folha apresenta Karl Marx, um dos filósofos que mais tiveram haters” – Folha de S.Paulo. Teria sido Marx a primeira vítima do discurso de ódio da extrema-direita antidemocrática? 

“Tia, desculpa aí, é o nosso trabalho” – Assaltantes dizem à vítima em Olaria, no RJ, em vídeo captado por câmera de segurança. ‘Eu poderia estar estudando, poderia estar trabalhando, mas aqui estou, roubando humildemente em busca do meu sonho de um dia chegar a Brasília!’ 

“A fragilidade de caráter do advogado oportunista Glenn Greenwald não é novidade” – Marcelo Tas, apresentador de TV estatal. Se expor as entranhas do STF na mídia nacional é fragilidade de caráter, o que Tas entende por força de caráter então? 

Cantinho da Vaza-Toga 

“Entre nós as coisas são muito mais fáceis – porque temos um ‘mínimo múltiplo comum’ na pessoa do Ministro” – Airton Vieira, juiz instrutor de Alexandre de Moraes. E, se necessário para fechar a conta, basta o denominador comum decretar que, no Brasil, dois mais dois são cinco, por força de lei! 

“Formalmente, se alguém for questionar, vai ficar uma coisa muito descarada, digamos assim” – Airton Vieira. Ah, se a minha toga falasse, causaria um constrangimento após o outro... 

“Temos que tomar cuidado com essas coisas saindo por meio do TSE. Nem que crie um e-mail para enviar para nós uma denúncia” – Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Até porque seria esquizofrênico se auto-oficiar, é preferível manter as aparências de simples falsidade ideológica. 

“Use a sua criatividade... rsrsrs [...] Pegue uma ou outra fala, opinião mais ácida e... O Ministro entendeu que está extrapolando com base naquilo que enviou”

Airton Vieira, orientando Eduardo Tagliaferro. Dizem que usou tanta criatividade que quase impugnou um panfleto antidemocrático que vem espalhando desinformação há décadas. Teria sido obrigado a desistir ao notar que tratava-se da Constituição e daí ficava chato

“Vou dar um jeito rsrsrs” – Eduardo Tagliaferro, respondendo. Na empolgação, até esconderam o gato, mas acabaram deixando o rábula para fora do rito. 

“Cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade” – Eduardo Tagliaferro. Ele garante que não se envolveu em fraude, maracutaia ou qualquer outra carraspana — exceto aquelas já previstas em lei. 

Um por Onze, e Onze por Um! 

“A comunicação e a troca de informações entre tribunais é completamente diferente da comunicação e da troca de informações entre partes” – Augusto de Arruda Botelho, advogado. Tribunal que se comunica com tribunal... tem cem anos de perdão. 

“Muito barulho por nada” – Lenio Streck, advogado. É, República, querem te levar para um lugar onde ninguém vai ouvir você gritar. 

“O bolsonarista Glenn soltou matéria na folha pra atacar o Alexandre de Moraes e tentar salvar o Bolsonaro” – Tiago dos Reis, influencer. Verdevaldo que dá em Chico também dá em Francisco. Quem imaginaria? 

“O Alexandre de Moraes deveria mandar fechar a Folha” – Zé de Abreu, ator. Realmente, seria bem típico dele. Finalmente, uma opinião bem embasada do Zé. 

“Absolutamente nada comprometedor” – Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo de advogados Prerrogativas. É, isso é bobagem pura, é como implicar com a esposa por causa das aulinhas diárias de crossfit às onze da noite. Coisas que botam na sua cabeça. 

“Poder de polícia da Justiça Eleitoral foi usado corretamente por Moraes” – Fernando Neisser, professor de direito eleitoral da FGV/SP. Não sou jurista, mas imagino que poder de polícia não inclua poder de bandido. 

“Glenn não vale um peido de palhaço” – Zé de Abreu. Será que ele tentou fazer uma oferta, usando suas emissões como moeda de troca? O mesmo Zé de Abreu, em 10 de junho de 2019: “Glenn, esses ataques são a prova de que você está no caminho certo. Todo meu respeito”. No meio do caminho tinha uma toga, tinha uma toga no meio do caminho. 

“A matéria que acusa o ministro Alexandre de Moraes só tem o efeito de alimentar o movimento de tentar desacreditar o STF para incidir no julgamento do inelegível” – Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário. É de um sujeito otimista assim que a direita anda precisando.  

“A quem interessa inventar falsidades para pressionar a justiça a eliminar a inelegibilidade de Bolsonaro, promover uma anistia geral aos golpistas e reabilitá-los para a eleição de 2026?” – Christian Lynch, cientista político. À democracia. 

“Quem reclama de Moraes esqueceu como foi a campanha de 2022” – Jorge Messias, o ‘Bessias’, advogado-geral da União. Conselho do Bessias, sabe como é: só se usa em caso de necessidade, especialmente as fisiológicas. 

“Na vida, às vezes existem tempestades reais e às vezes existem tempestades fictícias. Acho que nós estamos diante de uma delas” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF e aspirante a poeta. Barroso, não é hora de falar sobre aquecimento global. 

“Segundo especialistas e juristas, não há nada, apenas histeria para tentar construir uma narrativa falsa de perseguição” – Felipe Neto, youtuber. Para algo que deveria ser nada, até que está rendendo bem... 

“Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos” – Nota do gabinete de Alexandre de Moraes. Tudo está documentado nos inquéritos. Só que, infelizmente, os inquéritos são secretos. 

“[Moraes] foi secretário da Justiça de SP. Aliás, era membro do MPSP naquela época e já dizia: ‘não pode, quem entrou depois da Constituição de 88, acumular cargos’, então ele pediu demissão” – Geraldo Alckmin, vice-presidente. Ficam meus parabéns ao Alexandre de Moraes por não ter cometido este crime quando teve a oportunidade; lembrando que os bons hábitos, quando não cultivados, acabam se perdendo. 

“Ele é acusado de um crime gravíssimo, cumprir o seu dever” – Flávio Dino. O problema é quando o “dever” envolve fazer exatamente o que não se deve. 

“Alertamos a sociedade que os atuais movimentos visando a desestabilização do ministro Alexandre de Moraes são reações de setores inconformados com o seu importante papel para salvaguardar a ordem constitucional e o bem-estar do país” – nota dos presidentes de CUT, UGT, Força Sindical e CTB. Chega a ser comovente ver os marxista-leninistas unidos na defesa da democracia pujante de Moraes. 

“Alexandre não é Moro; 4781 não é a Lava Jato, e fofoquinha não é Vaza Jato” – Reinaldo Azevedo, jornalista. Aproveitando o ensejo, vale destacar que o Reinaldo Azevedo de hoje também não é o Reinaldo Azevedo de antes da Lava Jato. 

“Querer comparar os métodos utilizados naquela operação com a forma de condução do ministro Alexandre nos procedimentos em curso nesta Corte são uma tentativa desesperada de desacreditar o próprio STF” – Gilmar Mendes, ministro do STF. Nada desacredita mais o STF do que as associações com ele próprio. 

“Não é possível termos no país figuras poderosas que são, ao mesmo tempo, inatingíveis, inatacáveis e inimputáveis, por melhores que esses juristas sejam” – Merval Pereira, jornalista. Se tais juristas não são inimputáveis por suas qualidades, nem são menores de idade, só nos resta concluir que sua inimputabilidade decorra de deficiência intelectual, como reza a Constituição. 

“Pacheco sinaliza a aliados: chance de impeachment contra Moraes é zero” – manchete do Valor Econômico. É muita coragem para um homem só. 

“O bolsonarismo conseguiu unir como nunca o Supremo” – Raquel Landim, jornalista. Se reparar bem, o STF anda unido desde que Romero Jucá, um bolsonarista no multiverso de Raquel, sugeriu “um grande acordo, com o Supremo, com tudo” para barrar a Lava Jato. 

“Às vezes o Brasil é um país sem memória. As pessoas esquecem o que se passou em tão pouco tempo” – Dias Toffoli, ministro do STF. Isso não é nada; tem gente que esquece das prisões arbitrárias e da censura instantaneamente! É como se nunca tivessem existido. 

Ossos do auto-ofício

“O mesmo ministro, exercendo as duas missões simultaneamente, em defesa da legalidade e da democracia. ‘Fora do rito’ estavam Bolsonaro e seus cúmplices, ameaçando as instituições e urdindo um golpe”– Gleisi Hoffmann, presidenta do PT. Eis o problema: o rito é reservado apenas aos amigos. 

“A alegada informalidade é porque geralmente ninguém oficia para si próprio” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Exceto, claro, no STF, onde até as frustrações internas são resolvidas de ofício. 

“Logicamente seria esquizofrênico, eu como presidente do TSE, me auto-oficiar” – Alexandre de Moraes. Já ser juiz, vítima e investigador na mesma causa, não tem nada de esquizofrênico, pelo visto. 

A Semana do Presidente 

“Lamentavelmente tem gente que pensa pequeno, age pequeno” – Lula, criticando ausência do governador de SC, Jorginho Mello, em evento no estado. Nem todo mundo tem a grandeza de um Maduro ou dos líderes do Hamas e Jihad Islâmica, né Lula? 

“Eu esperava que um democrata como Lula tivesse ligado e dito: ‘Maduro, você perdeu, reconheça a derrota e saia do poder’” – Óscar Arias, ex-presidente da Costa Rica e ganhador do Nobel da Paz. Depois dessa, ele poderia ser indicado ao Prêmio Nobel da Inocência. 

“A política externa de Lula sempre teve uma condescendência muito grande com regimes que se definem como de esquerda e viram ditaduras” – Miriam Leitão. Uma pena que tenham impedido a circulação dessa informação nas eleições de 2022, né Miriam? 

“Já tem avaliação interna que chegou ao Palácio do Planalto que está deixando Lula em situação muito delicada do ponto de vista de popularidade” – Gerson Camarotti, comentarista da GloboNews, sobre apoio de Lula a Maduro. Extra! Extra! Fontes exclusivas revelam o que todos já sabiam! 

“Eu vou querer vir aqui visitar a cela onde eu estive preso porque eu acho que não vou esquecer dos 580 dias” – Lula, sobre vontade de visitar Curitiba. Que tal aproveitar a visita e já ficar por lá mesmo? 

“Lula aceita indicado de Kim Jong-un e Coreia do Norte volta a ter embaixador no Brasil” – manchete do Estadão. Antes que os golpistas acusem Lula de se aproximar de mais um ditador, lembrem-se que estamos falando da República Democrática popular da Coreia do Norte [grifo em cortesia ao Itamaraty]. 

“O agro não gosta de mim” – Lula, em visita ao Paraná. Impressão sua, presidente, o que não falta são vacas, raposas e galinhas que nutrem grande afeição por vossa excelência. 

“A Petrobras não aumentou, mas os postos de gasolina aumentaram” – Lula, sobre o aumento do preço dos combustíveis. PhD em economia pela Janja School of Economics

“Se você for comprar pé de alface e perceber que ele está caro, você tem que se ajudar, não é ajudar o governo, é se ajudar” – Lula, ensinando o povo a conviver com a inflação. Comer todo dia é ostentação de classe média; se hoje está caro, faz um jejum. 

A Semana do Imperador 

“Moraes diz que eleição de SP tem piores candidatos desde a redemocratização” – manchete da Folha de S.Paulo. Pô, aproveita que sua carreira no judiciário está meio em baixa e se candidata então. 

“Moraes manda soltar Filipe Martins, aliado de Bolsonaro que tentava comprovar que não fugiu para os EUA” – manchete d’O Globo. Para os súditos de Moraes, não basta não fugir; é preciso provar a não-fuga. Mesmo que nem saiba do que deveria estar fugindo. 

“A restrição da liberdade do investigado [Filipe Martins] foi medida razoável, proporcional e adequada” – Alexandre de Moraes, ministro do STF. Razoável, sim, se você for do tipo que acha normal prender inocentes. 

“Eu cito um deles [relatório], de um pseudo-jornalista, foragido nos EUA, Rodrigo Constantino” – Alexandre de Moraes. Foragido? Espero que Constantino consiga provar a inexistência de mandado de prisão contra ele, ou temo que acabe preso só por esse vacilo. 

“Ele passou do limite, ele entra no campo do abuso de poder. Estrutura sendo usada para fim não previsto em lei tem aí uma ilegalidade. Mas vamos centrar isso no Moraes” – Wálter Maierovitch, advogado. Parece que o receio do nobre jurista é que, na ânsia de fazer justiça, acabem corrigindo as injustiças erradas. 

“O controverso inquérito das fake news, aberto em março de 2019, tornou-se um dos mais polêmicos em tramitação no Supremo, tendo sido usado por Moraes nos últimos anos” – Glenn Greenwald e Fábio Serapião, na Folha de S.Paulo. "Controverso" e "polêmico" devem ser novilíngua para “ilegal”. 

“O que se vê de ontem para hoje é uma produção massiva de notícias fraudulentas para, novamente, tentar desacreditar a própria democracia no Brasil” – Alexandre de Moraes. Assim falou Moraes, na condição de democracia brasileira encarnada. 

“Agora, o que está claro é que é algo pessoal do Alexandre de Moraes comigo. É claro. Só não enxerga quem não quer” – Jair Bolsonaro. Num bar qualquer de Brasília, entre goles de Cosmopolitan e Manhattan, uma voz de veludo soluça dentro de seu copo: “Jair, o que mais preciso fazer para você perceber que sou eu quem tem algo pessoal por você?” 

“Negligenciaram seus deveres parentais e nada fizeram para minimamente intervir, impedindo os abusos praticados pelos menores” – Alexandre de Moraes, sobre penhora de valores de pais de adolescentes que o associaram ao PCC. Isso que eu chamo de benevolência: Moraes só está ajudando os pais a tirarem seus filhos da frente do computador. 

Vote-se em quem puder! 

“Só não afirmo que Nunes faz parte de crime organizado porque ele pode ser refém” – José Luiz Datena, pré-candidato à prefeitura de SP sobre o rival e atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Espero que Datena seja obrigado a conceder direito de resposta por ofensa à honra. Por parte do crime organizado, claro. 

“Erro simples, coisa de contador” – Pablo Marçal, pré-candidato à prefeitura de SP (PRTB), sobre omissão de R$ 22 milhões no patrimônio. Coisa de contador... de lorotas. 

“Eu sou cristão. Tenho minha fé. O que eu não gosto é de político que tenta manipular a fé das pessoas em véspera de eleição para fazer demagogia” – Guilherme Boulos, pré-candidato à prefeitura de SP (PSOL). É impressão minha, ou passou um carro de som tocando “Bou, Bou, Bou, Boulos, um democrata cristão!”? 

“No caso das drogas, a minha posição não é legalização” – Guilherme Boulos. Parece que o Boulos descobriu que a política dá mais barato e abriu sua mente. 

“Você é o Padre Kelmon dessa eleição” – Guilherme Boulos, se dirigindo a Pablo Marçal durante debate. Muito bem, Boulos! Agora quero ver como o Marçal vai escapar dessa. 

“Eu sou o Padre Kelmon, e vou exorcizar o demônio com uma carteira de trabalho, que nunca trabalhou, um grande vagabundo dessa nação” – Pablo Marçal, respondendo. Dizem que o Boulos agora só anda com uma cópia do Artigo 171 no bolso, pronto para um contra-exorcismo. 

“Deixo como sugestão o slogan pra sua campanha: rouba e não faz!” – Tabata Amaral, pré-candidata à prefeitura de SP (PDT) ao rival Ricardo Nunes (MDB). “Querido diário, hoje xinguei muito o Ricky no debate, conforme o planejado durante o brainstorming. Será que notaram minha espontaneidade?” 

“Tabata, a nova Tebet” – Eliane Cantanhêde, jornalista. Dá para imaginar o brilho nos olhos da menina idealista se desvanecendo ao descobrir que seu futuro não soa nada promissor.  

“Finalmente realizei um sonho. Vou ser mãe! Meu plano de propostas como vereadora nasceu!” – Amanda Vettorazzo, pré-candidata à vereadora (União-SP), simulando gravidez em um vídeo no Twitter. Um dia você é uma jovem ativista política, no outro está fazendo vídeo “cringe” na internet. 

Cantinho da misoginia relativa 

“Veículos locais afirmam que as imagens de Fabiola Yañez [ex-primeira-dama argentina] com hematomas são fruto de um procedimento estético” – GloboNews, sobre acusação de violência doméstica contra Alberto Fernández. Uma vez eu ouvi de um caboclo velho que fazer procedimento estético em dia de derrota do Corinthians dava um azar... 

“Janja não acompanhou o marido na viagem porque fez um procedimento estético nos últimos dias” – Igor Gadelha, jornalista. Espero que estejamos falando de procedimentos estéticos bem diferentes. 

A verdadeira tragédia 

“O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) esteve em um avião ATR apenas um dia antes de uma aeronave do mesmo modelo cair em São Paulo” – manchete do portal Metrópoles. Vamos com calma, não tiremos conclusões precipitadas — primeiro, precisamos explorar todos os ângulos políticos para não desperdiçar essa tragédia. 

“Avião que caiu em SP estava em ‘parafuso chato’, condição perigosa para voo” – Felipe Pereira, para o UOL. De acordo com especialistas do Twitter, voar com o avião em parafuso é tão perigoso quanto dirigir com o carro capotando. 

“Região onde avião caiu em Vinhedo foi território quilombola, diz historiador” – manchete da Folha de S.Paulo. Com certeza, essa informação vai trazer um grande conforto às famílias das vítimas. 

Vai pra Venezuela! 

“A sentença definitiva terá caráter de coisa julgada por ser este órgão jurisdicional a máxima instância no tema eleitoral, razão pela qual suas decisões são inapeláveis e de cumprimento obrigatório” – Caryslia Rodríguez, presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela. Essa sentença me faz lembrar a obra de um grande jurista venezuelano chamado Alejandro de Morales, se não me falha a memória. 

“Venezuela anula passaportes de críticos dentro e fora do país” – manchete d’O Globo. O Maduro está transformando a Venezuela em um Brasil. 

“Se os dois lados acham que ganharam, ninguém tem nada a temer” – Celso Amorim, assessor especial do presidente da República, comentando sobre a possibilidade de uma nova eleição na Venezuela. Será que Amorim apoia a mesma ideia para o Brasil? 

“Aceitariam no seu país?” – María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, ao rejeitar proposta de Lula para novas eleições. Claro que não. Estamos muito ocupados dando lições ao mundo sobre práticas que nós mesmos ignoramos. 

“Bolsonaro alegou fraude e foi o tribunal brasileiro que decidiu” – Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, sobre interferência externa nas eleições do país. Essa briguinha entre Lula e Maduro está tão coreografada que lembra um episódio do Teste de Fidelidade do João Kléber. 

“Eu acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Não acho que é uma ditadura” – Lula. É só uma democracia relativa, daquelas que basta passar um álcool em gel depois de apertar as mãos. 

Cantinho do Legado Olímpico

“Comercial da Parmalat com mãe de Rebeca negra causa polêmica nas redes” – manchete da Folha de S.Paulo. A polêmica parece girar em torno da chocante decisão da mãe de nossa maior medalhista em continuar a ser branca, apesar das críticas online. 

“Brasil volta de Paris dourado por causa, exclusivamente, de suas mulheres” – manchete do UOL. Fontes, fora do rito, confirmam: nenhum treinador, preparador físico ou dirigente homem esteve envolvido no sucesso olímpico do Brasil. Só mulheres. 

“Apesar do machismo vigente, Brasil é capaz de começar a ter rainhas em série” – Juca Kfouri, jornalista. Se você pensar bem, quem deu aquela voadora na adversária não foi a Marta, foi o machismo estrutural. 

“Neymar quando for melhor do mundo, dá para pensar na Marta. Quando o Neymar ganhar 6 vezes como melhor do mundo, a gente pode começar a comparar” – Milly Lacombe, comentarista esportiva. Enquanto Marta precisou vencer verdadeiras lendas vivas como Renate Lingor, Dzsenifer Marozsán e Kelly Smith em sua jornada; Neymar seguia sendo massacrado pelos mesmos fulanos de sempre, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Não dá nem para começar a comparar. 

“Reconhecemos que o gesto tem um significado particular no Brasil [e só recebemos demandas de mídia do Brasil], mas lembramos que os Jogos Olímpicos são um evento internacional, com um público internacional” – Federação Internacional de Ginástica, sobre gesto de treinadora húngara problematizado por progressistas brasileiros. Dessa vez passa, mas sorte a de vocês que o Moraes estava ocupado bisbilhotando a oposição, senão já estariam sem os passaportes. 

Cantinho do Papai 

“A paternidade mexeu comigo, quero criar um homem feminista” – Jarbas Homem de Mello, colunista do Estadão. Esse comichão aí, acho que não vem da paternidade, não. Talvez seja outra coisa. 
 
“A presença dos pais importa mesmo? Papel do pai pode ter o mesmo efeito do que o programa Pé de Meia na redução da evasão escolar dos filhos” – Laura Müller Machado, colunista da Folha de S.Paulo. Pelo menos o Pé de Meia não vai sair para comprar cigarros e nunca mais voltar, né, Laura? 

Memória 

“É preciso descriminalizar as drogas no Brasil. É preciso legalizar a maconha” – Guilherme Boulos, em 23 de setembro de 2018. O Boulos era um rapaz bem diferente antes da sua conversão milagrosa.  

“Assessor-chefe do TSE é preso por violência doméstica e exonerado de cargo” – CNN Brasil, noticiando a prisão de Eduardo Tagliaferro em 9 de maio de 2023. Ah, eu já desconfiava que o rábula do Moraes estava para fora do rito há muito tempo! 

Ari Fusevick é brasileiro não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter "Livre Arbítrio" e do livro "Primavera Brasileira".

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