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Hansjörg Wyss: perfil discreto, influência palpável
Hansjörg Wyss: perfil discreto, influência palpável| Foto: Divulgação/Wyss Foundation

O novo George Soros não vive em Nova York, mas numa cidade de 1.500 habitantes no remoto estado de Wyoming, o menos populoso dos Estados Unidos.

“Novo” é modo de falar: Hansjörg Wyss tem 88 anos. Mas só recentemente é a que influência dele passou a ser notada.

Wyss possui um fortuna estimada em US$ 6 bilhões, ou aproximadamente R$ 30 bilhões, e distribui quantias generosas a grupos de esquerda e, indiretamente, ao Partido Democrata.

Assim como Soros, ele usa o dinheiro ganho no mercado para promover causas progressistas. Assim como Soros, que nasceu na Hungria, Wyss é europeu: ele nasceu na Suíça. Mas não se sabe se (como Soros), Wys possui cidadania dos Estados Unidos. Por isso, ele tem sido acusado de burlar a legislação ao interferir na política local, que restringe a interferência de estrangeiros em assuntos de governo.

Modus operandi similar

Nos últimos anos, a atuação do bilionário George Soros se tornou um tema frequente na direita; a Open Society, criada pelo megainvestidor, distribui milhões de dólares por ano a organizações progressistas.

Ao injetar recursos em entidades que defendem a legalização das drogas, a desciminalização do aborto e a pauta radical no campo da sexualidade, Soros costuma ser acusado de desequilibrar o debate e de exercer uma influência desproporcional na elaboração de políticas públicas.

Agora, Hansjorg Wyss começa a gerar uma preocupação semelhante entre liberais e conservadores. Com uma desvantagem: o destino de seus repasses é menos transparente que os da Open Society, a organização criada por Soros.

Escândalo e acusação de abuso sexual

Hansjörg yss nasceu em 1935 e foi criado em um apartamento em Berna, a poucos minutos de caminhada de uma área de floresta. O contato com a natureza fazia parte da sua rotina desde cedo.

Wyss se formou em engenharia na Suíça e se mudou para os Estados Unidos, completou um MBA em Harvard. 

Antes disso, como aluno de intercâmbio, conseguiu um emprego no Departamento de Estradas do estado do Colorado, que é conhecido pelas paisagens naturais exuberantes. Ele diz ter se apaixonado pela paisagem da região, o que reforçou nele o desejo de atuar em defesa do meio-ambiente.

Como engenheiro e executivo, Wyss trabalhou para a Chrysler e para a Monsanto. Mas ele fez sua fortuna como CEO da Synthes, uma fabricante de próteses. Embora não tenha fundado a empresa, ele foi responsável por criar a sucursal americana da companhia, em 1974.

O sucesso da Synthes americana foi colocado em xeque em 2009, quando executivos da empresa foram presos depois que investigadores federais descobrirem que um material experimental desenvolvido pela companhia causara a morte de pacientes. Segundo os promotores, a Synthes descumpriu as normas do FDA, a agência do governo americano que regula o setor de saúde.

Em 2012, a companhia acabou vendida para a Johnson & Johnson for US$ 20,2 bilhões.

No ano seguinte, a imagem de Wyss sofreu outro golpe: ele fechou um acordo de US$ 1,5 milhão para encerrar um processo de abuso sexual aberto por uma ex-funcionária da empresa.

Ainda assim, seu poder financeiro o manteve como uma figura influente, embora discreta, na esquerda progressista. Essa influência aumentou depois de 2016, quando o bilionário direcionou recursos para organizações contrárias ao então presidente Donald Trump.

Natureza e futebol

O bilionário suíço criou a Fundação Wyss em 1998. Em sua página oficial, a organização afirma apoiar projetos  “que melhorem vidas, deem poder a comunidades e reforcem conexões com a terra”.

Wyss, que mantém o sotaque alemão, é recluso. Em 2019, em uma rara aparição pública, ele definiu a proteção ao meio-ambiente como sua causa "número 1". A prioridade "número 2" são as causas envolvendo minorias. A declaração foi dada na cerimônia em que ele recebeu o prêmio de Filantropo do Ano da National Geographic Society. Ele vestia terno, gravata e tênis para trilhas na natureza.

Dois anos depois, ele ganhou um perfil do New York Times. Na reportagem, Wyss é descrito como alguém que usa organizações "opacas", que "mascaram" os destinarários finais das doações.

O jornal também explicou que, por meio dessas organizações intermediárias, o dinheiro de Wyss foi usado para financiar a infraestrutura do Partido Democrata.

Além das causas progressistas, Wyss dedica parte do seu tempo ao futebol. Desde maio de 2022, ele também é um dos quatro donos do Chelsea, um dos times de futebol mais tradicionais da Inglaterra.

Relatório mostra influência

Um relatório do Americans for Public Trust, um think tank conservador, jogou luz sobre a influência de Wyss.

O documento afirma que ele já despejou US$ 475 milhões em organizações progressistas americanas.

Ele faz isso por meio de duas organizações sediadas nos Estados Unidos e lideradas por cidadãos americanos: a Fundação Wyss e o Fundo de Ação Berger.

A principal destinatária dos recursos de Wyss nos Estados Unidos é a Arabella Advisors, uma rede de organizações de esquerda que funciona como intermediária dos repasses. Pela falta de transparência a respeito do destino dos recursos, a Arabella costuma ser classificada como uma organização de "dark money".

Um braço da Arabella, a Sixteen Thirdy, recebeu US$ 209 milhões de Wyss. Dentre outras coisas, o grupo financiou organizações que veicularam ataques a candidatos republicanos. Outro ramo da Arabella, o New Venture Fund, recebeu US$ 57,8 milhões de Wyss e usou o dinheiro para, dentre outras coisas, influenciar a cobertura da imprensa a favor das causas do Partido Democrata.

A lista das entidades financiadas pelo bilionário suíço também inclui a Planned Parenthood, principal rede de clínicas de aborto dos Estados Unidos. A entidade recebeu US$ 6 milhões de Wyss.

"A tentativa, por parte um bilionário estrangeiro, de burlar a lei em uma tentativa flagrante de transformar o governo e a política dos EUA devem alarmar todos os americanos”, afirma o relatório do Americans for Public Trust.

Em seu relatório, think tank pede uma investigação sobre a atuação de Wyss e sugere que o Congresso aprove uma lei impedindo que estrangeiros contribuam com ongs americanas da mesma maneira que eles já são proibidos de fazerem doações a campanhas eleitorais nos Estados Unidos.

Enquanto isso não mudar, Hansjörg Wyss deve continuar sendo um dos desconhecidos mais influentes dos Estados Unidos.

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