A capa do novo livro de John Agresto, The Death of Learning: How American Education Has Failed Our Students and What to Do about It (A morte da aprendizagem: como a educação americana falhou com os alunos e o que fazer sobre isso, em tradução livre), traz uma imagem da biblioteca Gore Hall, em Harvard, nos anos 1870. E talvez esta seja uma indicação sutil do conteúdo do livro: Gore Hall, a primeira biblioteca da universidade, foi demolida em 1913. Claro, ela foi substituída pela grande Biblioteca Widener, que é um tesouro. Mas será que continuará sendo um tesouro? Em setembro de 2020, a universidade anunciou em um comunicado à imprensa que "a Biblioteca de Harvard começou a construir uma equipe Antirracismo", nomeando seu "primeiro Bibliotecário/Arquivista Antirracismo Negro", que "trabalhará com colegas de toda a Biblioteca de Harvard em objetivos relacionados à centralização do antirracismo e da diversidade no ciclo de vida das nossas coleções". Imagine ser pago para fazer isso em Harvard.
Mas você não precisa imaginar: isto é o que aconteceu com a educação nos EUA, não apenas em Harvard, mas em praticamente todos os lugares. A situação, resumida em uma frase de Agresto: "Não há outra maneira de ver isto que não seja como uma tragédia". Particularmente insidioso é que, ao contrário da maioria dos exemplos de ataques políticos à educação no passado, o recente "desmantelamento das artes liberais vem de dentro".
"Vem de departamentos radicalizados de história, literatura, clássicos, estudos americanos e toda a miríade de outros estudos ligados a grupos de interesse etnopolíticos. Vem de praticamente todas as escolas e faculdades de educação. É por isso que não hesito em dizer que a educação liberal na América está morrendo e não é por assassinato, mas por suicídio", afirma o autor.
Descrevendo a autodestruição com graça, cuidado e doses regulares de humor, Agresto faz o possível para imaginar um futuro melhor. Escritor magnífico, que evita amplamente a retórica incendiária, ele é um administrador raro e talentoso que parece não ter perdido nada de sua humanidade ou capacidade de admiração quando entrou nos escalões superiores da burocracia acadêmica: como presidente interino do Fundo Nacional Para as Humanidades em meados dos anos 80, depois como presidente do St. John's College, em Santa Fé, de 1989 a 2000, e mais recentemente como curador fundador da Universidade Americana do Iraque, Suleimânia.
Mas o que são as artes liberais? Segue a explicação contundente de Agresto: "uma forma de entender as questões mais importantes da preocupação humana através da razão e da reflexão". Ele escreve que "as artes liberais têm a promessa de libertar cada um de nós do cativeiro do preconceito, das banalidades e da superstição, ou de qualquer coisa que 'todos' acreditem", e ainda, "visam de uma vez ser verdadeiramente radicais e verdadeiramente conservadores", exigindo que os indivíduos adquiram um fundamento na sabedoria do passado para que possam realmente pensar por si mesmos.
Educação em perigo
Infelizmente, ele lamenta, "uma educação artística liberal rica e completa me parece tão ameaçada [agora] quanto o Orangotango de Sumatra". Ele continua afirmando que, quando começou a pensar no livro, há quase três décadas, escreveu frases como "É claro que no reino da educação as palavras 'artes liberais' sempre foram palavras de grande elogio" e comentou como era muito raro encontrar uma "faculdade de artes liberais que não se considere a joia da coroa de todo o empreendimento educacional". Como as coisas mudam.
No entanto, mesmo nos anos 80, a fogueira das humanidades estava bem encaminhada. Agresto sabe disso, é claro. De fato, ele gasta um bom número de páginas no desmantelamento do currículo da Cultura Ocidental de Stanford, que foi ensinado pela última vez em 1987-88. Cerca de quinhentos manifestantes, incluindo Jesse Jackson, iniciaram esta luta marchando no campus com palavras de ordem para que o currículo fosse abolido. A marcha ocorreu em janeiro de 1987; em fevereiro, o professor de Agresto, Allan Bloom, publicou The Closing of the American Mind (O fechamento da mente americana, em tradução livre); e no final de março de 1988, o jogo foi finalmente resolvido quando o Senado da Faculdade, em uma votação de 39 a 4, aprovou a reformulação do curso para torná-lo mais global e, supostamente, menos racista e sexista.
O fato é que as humanidades – historicamente uma subseção das artes liberais: literatura, música, história, etc. – estão há muito tempo em grandes dificuldades. É difícil encontrar um curso básico sobre Shakespeare na maioria das faculdades e universidades mais conhecidas; a ascensão da STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), por todas as suas maravilhas, levou nos últimos meses à caixa de Pandora conhecida como ChatGPT; e, o pior de tudo, os aspirantes a defensores das humanidades de hoje geralmente não parecem ter nenhuma ideia do que estão defendendo ou como fazê-lo.
Parte do desafio é que a defesa das artes liberais envolve grupos de perguntas e debates em vez de um conjunto de princípios claramente articulados. As maiores questões da vida quase nunca são resolvidas para satisfação de todos, e se não estudarmos as diferenças entre os Epicuristas e os Estóicos, entre Locke e Rousseau, e entre os originalistas legais e os não originalistas, estamos perdendo nosso próprio ritmo.
A natureza diversificada das artes liberais significa que ser educado é conhecer não apenas o proverbial "melhor que se pensou e disse no mundo", mas também os outros pensamentos. "Compreendemos melhor a Constituição dos Fundadores dos EUA", escreve Agresto, "lendo os escritos de vários anti-federalistas ao lado de O Federalista". E além disto: uma educação liberal também deveria ensinar "como lidar com o pior que já foi dito e feito e compreender o porquê".
Agresto rejeita firmemente a ideia de que as pessoas que estudam as humanidades são mais humanas do que aquelas que não o fazem. Obviamente, ele está correto a esse respeito. "Somos na verdade humanistas e artistas liberais mais morais do que... donos de delicatessens?" pergunta Agresto. Eu sou neto de donos de uma delicatessen que não frequentaram a faculdade, e não hesito em dizer que eles eram mais morais do que eu e a maioria das pessoas que conheci em décadas na academia.
Uma coisa é exaltar o extraordinário, como todos nós devemos fazer. Mas é profundamente errado desdenhar ou condenar o ordinário. No entanto, é assim que a elite americana está agindo agora. "A vida familiar, a heterossexualidade, o simples amor ao país, as virtudes tradicionais, os hábitos religiosos tradicionais" – todos estão sob ataque regular nas instituições de ensino superior que apresentam aos estudantes perguntas como "Você já esteve em algum bar, clube social ou marcha gay ou lésbica? Se não, por que não"? (cortesia do Estado de Dakota do Norte). É bom lembrar o Cardeal Newman, como faz Agresto: "um treinamento universitário é o grande meio comum para um fim grande mas comum".
Para os Guerreiros da Justiça Social, porém, há um novo "comum". Um comum horripilante. Eis como Agresto o coloca, depois de nos lembrar que Justiça Social era o nome da revista virulentamente anti-semita do Padre Coughlin: "Nos últimos trinta anos, houve a vandalização de tanta coisa do ensino superior. Os supostos reformadores entraram no armazém de séculos de conhecimento acumulado, derrubaram suas paredes, jogaram fora seus livros e derrubaram seus monumentos. Por toda sua corajosa conversa sobre justiça, eles realizaram o que tem que ser visto como um dos atos mais intelectualmente criminosos dos tempos, o equivalente moderno de queimar as bibliotecas da antiguidade. Hoje, atos que eram impensáveis, inimagináveis, há apenas alguns anos atrás, parecem agora muito comuns".
O livro de Agresto é liberal, amplamente moderado, e explicitamente americano: liberal não como "conservador", mas no sentido de ser sobre a liberdade (libertas do latim, a fonte de nossa "liberdade"); moderado porque a moderação é "a virtude que uma educação liberal cultiva melhor, assim como a virtude pela qual é frequentemente mais criticada"; e americano porque "somos diversos, para cada um de nós, 'nosso' significa não apenas o que temos em comum, mas também o que temos separadamente". Esta defesa da educação liberal ressoará especialmente em leitores como eu, que pelo menos se consideravam liberais, que tentam quando possível ocupar o meio termo, e que se encontram cada vez mais agressivos na promoção dos ideais e instituições americanas.
Subestimando o ultraje
Embora às vezes seja repetitivo, você pode pegar A Morte da Aprendizagem e ler quase qualquer capítulo por conta própria e ser edificado. Mas a maior falha, em minha opinião, é que Agresto faz um trabalho melhor de explicar "como a educação americana falhou com nossos alunos" do que "o que fazer com ela". Não que ele não diga as coisas certas: sobre a conveniência de investir grandes somas em pequenas faculdades de artes liberais; sobre a importância de conquistar os jovens e aqueles que os ensinam (razão pela qual ele termina o livro com duas exortações sinceras: "Uma Mensagem aos Professores e Diretores do Ensino Médio" e "Uma Mensagem aos Alunos do Ensino Médio"); e as possibilidades que as novas universidades oferecem – de Austin, Texas (por questões de transparência: faço parte do conselho consultivo da Universidade de Austin) até a Região do Curdistão no Iraque. Mas, como já sugeri, encontrei na segunda metade do livro mais desejos do que sugestões de políticas originais.
Há também alguns pontos em que Agresto se engana. O mais flagrante é sua valorização do imunologista Anthony Fauci, que se formou em estudos clássicos na Holy Cross. Agresto o compara com Martin Luther King Jr., afirmando que ambos são "homens perspicazes de presença pública, persuasão e julgamento – e assim capazes de fazer grandes coisas", mas eu não o usaria como um exemplo de por que uma "educação em artes liberais [é] algo particularmente importante e estimável".
Em outras ocasiões, porém, Agresto sobrestima a boa vontade e negligencia a extensão do ultraje acadêmico sobre certos temas. Ele tem bons momentos quando explica como uma educação liberal pode ser não apenas de valor para nós como indivíduos, mas de uso genuíno – Agresto gosta desta palavra – para nosso bem-estar coletivo como país. Ele destaca a educação e o senso de responsabilidade cívica de três dos pais fundadores dos Estados Unidos e seu "refundador" do século XIX, mas não observa que nos últimos três anos estátuas proeminentes de Thomas Jefferson e Abraham Lincoln foram derrubadas ou que a cidade de James Madison, Montpelier, no estado de Vermont, EUA, se tornou agressivamente woke.
Justo, talvez. Mas será que ele teria previsto que uma estátua de John Witherspoon, erguida por uma universidade de elite no recente ano de 2001, estaria agora seriamente ameaçada? Enquanto escrevo, a administração de Princeton está debatendo o que fazer em relação a uma representação de destaque do único clérigo e único presidente universitário a assinar a Declaração de Independência: um cidadão do mundo que serve como referência do nome da instituição que publica o Public Discourse (por questões de transparência: Princeton me demitiu no ano passado, mas permaneço como bolsista sênior no Instituto Witherspoon). A controvérsia fez notícia nacional, inclusive nestas páginas. Àqueles que querem derrubar a estátua, eu ofereço a advertência de Witherspoon à comunidade de Princeton há muito tempo: "Não vivam inúteis e morram desprezíveis".
Mas vamos tentar terminar de forma positiva. Em suas reflexões salutares sobre uma "aliança" entre as artes liberais e a educação profissional, Agresto cita Booker T. Washington, que certamente não era nem inútil nem desprezível. Washington escreveu sobre um estudante que fez uso da gramática, química e outros temas livrescos na criação de um acre de repolhos esplêndidos: "Aqui está tanto o que é interessante, estranho, misterioso e maravilhoso; tanto o que se aprende que é edificante, que se alarga, que se refina numa couve como numa página de latim". Ele estava certo, e vou acrescentar à discussão a declaração de Plínio, o Velho, em I d.C.: "Brassicae laudes longum est exsequi" ("seria um longo negócio enumerar as glórias do repolho").
O aprendizado em todas as suas formas pode e deve ser salvo. Não vivemos no melhor de todos os mundos possíveis, e está na hora de todos pararem com as tolices destrutivas e voltarem a cultivar nossos preciosos jardins, tanto agrícolas quanto acadêmicos.
© 2023 The Public Discourse. Publicado com permissão. Original em inglês.
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