Desde o início do mês, a fábrica da Ambev situada ao número 475 da Rua Rockefeller não produz mais bebidas. O local continua funcionando como centro de distribuição e setor comercial da cervejaria, mas deve ser doado para o governo do estado ainda no primeiro semestre de 2016, estimulando a transformação do perfil do bairro Rebouças. GALERIA: Veja cinco imagens da herança industrial do Rebouças.
INFOGRÁFICO: Veja a localização das antigas fábricas do bairro
Nascido industrial, devido à presença da estação ferroviária (onde hoje é o Shopping Estação), nos últimos anos o Rebouças viu boa parte de suas fábricas migrarem para outros locais, abrindo espaço para universidades, comércios e edifícios residenciais.
O processo de transformação faz parte do crescimento da cidade, que esgota a disponibilidade de terrenos em áreas mais nobres e empurra o desenvolvimento para outros bairros. No caso do Rebouças, considerado uma extensão do Centro, a expectativa é a consolidação de um bairro misto. “A infraestrutura de comércio e serviços consolidada, o acesso fácil ao transporte coletivo e deslocamento a pontos estratégicos da cidade tornam a região interessante para empreendimentos residenciais compactos e mesmo para edifícios comerciais”, afirma o presidente em exercício da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR), Jefferson Gomes da Cunha.
Para o diretor comercial e de marketing da Thá, Diego Filardi, devido ao passado do bairro, é difícil a transformação do Rebouças numa região tão residencial quanto o Água Verde, por exemplo. Ainda assim, ele considera que, como há grandes lotes, também há espaço para empreendimentos maiores, como o Boulevard Rebouças, construído em parceria com a Rossi.
Ação conjunta
Para consolidar a nova fase do bairro, o setor vê a necessidade de uma ação conjunta com a administração municipal, que atualmente investe na revitalização da área. Entre as ações já realizadas estão a instalação do Tecnoparque e a reforma da Rodoviária, assim como a revitalização do Mercado Municipal.
Apesar disso, a prefeitura desistiu dos projetos que visavam dar uma característica específica para o bairro. “Sempre tivemos uma preocupação com o Rebouças. Em outra gestão, houve um programa que incentivou o uso dos galpões como casas noturnas. O que estamos tentando fazer hoje é aproximar o centro do bairro”, diz a supervisora de planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc), Ariadne Mattei Manzi.
Ariadne afirma que outra preocupação da gestão municipal é conservar a memória do bairro. “A fábrica do Mate Real foi preservada e já estamos levantando o que mais precisa ser preservado. São edificações importantes para o bairro como referência, história e identidade de quem mora ou já morou ali”, diz. A preservação do patrimônio também é defendida pelo setor imobiliário, que acredita que as edificações podem ser ocupadas pelo poder público ou transformadas em espaços turísticos.
ED. Teixeira Soares
Cedido à Universidade Federal do Paraná desde 2008, o Edifício Teixeira Soares, a antiga sede da Rede, deve ser ocupado por professores e alunos a partir do final de 2016. Conforme o superintendente de infraestrutura da universidade, Álvaro Pereira, a reforma está em sua fase final e o prazo para entrega é outubro do ano que vem. O campus Rebouças deve abrigar cursos dos setores de Educação e Ciências Humanas, além do departamento de Psicologia, e ainda uma biblioteca e um restaurante universitário
Doação
Apesar do protocolo de intenções assinado em 2013 que anunciou a doação da fábrica da Ambev ao estado, segundo a assessoria de comunicação do governo estadual, a doação ainda não foi formalizada e, por isso, o governo ainda não tem planos para o local
Destinação dos bens da extinta RFFSA é decidida aos poucos
Ligada às origens e ao antigo perfil do bairro Rebouças, a extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) deixou para a região (e para todo o país) uma herança significativa em imóveis. De acordo com a Superintendência do Patrimônio da União do Paraná (SPU/PR), vinculada à Secretaria do Patrimônio da União, responsável por dar uma destinação aos imóveis, há 11 matrículas no entorno da Rodoferroviária de Curitiba, todos eles passando por regularização documental.
Conforme o superintendente da SPU/PR, Dinarte Antonio Vaz, parte desses terrenos já teve seu destino traçado: foram cedidos à prefeitura de Curitiba para a realização das obras de prolongamento da Rua Comendador Franco e a revitalização da rodoviária. A prefeitura também tem cessão de uso dos lotes onde está rodoviária, assim como aqueles onde está a ferroviária está cedido ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O Iphan, que tem prioridade no uso dos imóveis da RFFSA garantida por lei para ajudar a preservar a história e a cultura ferroviárias, também solicitou o uso de três terrenos que estão ao lado do Estádio Durival de Britto. “Os terrenos são aqueles que abrigam casinhas ferroviárias. As estações estavam associadas a vilas e galpões, então fazemos questão de tentar salvar o contexto”, explica o superintendente José La Pastina Filho.
O restante dos imóveis ainda aguarda um destino. “Podem vir a atender quem reside na região, podem ser colocados no fundo de contingência administrado pela Caixa [para pagamento de dívidas]. Não existe uma definição bem clara”, diz Vaz.
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