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Se você acredita que nossos ancestrais medievais viviam como personagens de uma comédia malcheirosa, prepare-se para uma surpresa. Historiadores renomados, como Thiago Braga, colunista da Gazeta do Povo, estão trabalhando duro para desmentir uma série de mitos persistentes sobre a higiene na Europa medieval - muitos deles impulsionados por vídeos sensacionalistas que viralizaram no TikTok. Contrariando as ideias de banhos anuais, buquês anti-odor e dejetos voando pela janela, as pesquisas revelam que os medievais tinham, sim, apreço pela limpeza e desenvolveram métodos de higiene bastante adaptados para sua época.
Banho uma vez por ano? Uma grande mentira
Ao contrário da lenda que circula pela internet, os europeus medievais não economizavam tanto assim na água. Fontes históricas e especialistas como Paul Newman, respeitado medievalista autor da obra “Daily Life in the Middle Ages” (Dia-a-Dia na Idade Média), mostram que eles valorizavam a higiene e se banhavam regularmente - alguns até semanalmente em casas de banho públicas, que funcionavam como uma espécie de "spa medieval" onde as pessoas se encontravam para socializar. Ou seja, além de sair limpo, ainda rolava uma boa fofoca. Nada mal para quem supostamente "não ligava" para higiene.
Janelas não eram banheiros improvisados
A alegação de que medievais transformavam suas janelas em "descargas naturais" é outro mito que não se sustenta. Estudos mostram que eles descartavam dejetos de forma organizada: em rios específicos, enterravam os resíduos ou usavam latrinas públicas. Tinham, portanto, noções básicas de saneamento adaptadas à sua realidade - e ao nariz dos vizinhos.
Buquês de casamento não eram "desodorantes florais"
A ideia romântica (e um tanto nojenta) de que as noivas carregavam buquês para esconder o próprio cheiro é pura invenção. Os casamentos em junho aconteciam por questões de clima favorável (é verão na Europa) e tradição romana, não por estratégia olfativa. Especialistas confirmam que a higiene pessoal era sim praticada pelas noivas medievais. Aparentemente, elas queriam chegar ao altar cheirosas por conta própria.
Medievais tinham consciência de higiene (mesmo sem chuveiro elétrico):
Mesmo sem o luxo da água encanada e do sabonete líquido com essência de lavanda, os medievais se esforçavam para manter a limpeza corporal. Utilizavam buchas naturais, sabonetes artesanais e os rios como "banheiras ao ar livre", adaptando-se às condições climáticas e tecnológicas disponíveis. Basicamente, faziam o melhor com o que tinham. Algo que nossos influenciadores digitais parecem ter dificuldade para entender.
TikTok vs. História
Esses mitos medievais não são novidade, mas ganharam uma segunda vida graças aos influenciadores digitais que descobriram que histórias escabrosas sobre o passado rendem views. Como aponta Thiago Braga, essas distorções servem a propósitos sensacionalistas ou ideológicos, contribuindo para uma visão preconceituosa dos povos europeus medievais. No final das contas, parece que a única coisa realmente suja nessa história toda é a desinformação que circula nas redes sociais.
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Este texto compilou dados utilizando a ferramenta Google NotebookLM.
Conteúdo editado por: Jones Rossi








