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País incomunicável

Afeganistão vive caos em meio a apagão total da internet e silêncio do regime talibã

Carros circulam por uma estrada ladeada por bandeiras do Emirado Islâmico do Afeganistão, instaladas antes do quarto aniversário da tomada do poder pelo regime dos talibãs, em Cabul (Foto: EFE/EPA/SAMIULLAH POPAL)

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Os talibãs mantêm o silêncio oficial quase 24 horas depois que o Afeganistão ficou incomunicável por um apagão nacional de internet e comunicações telefônicas, em um isolamento generalizado que deixou sem conexão mais de 43 milhões de pessoas.

O silêncio do regime se estende inclusive às redes sociais, sua principal ferramenta de propaganda. O principal porta-voz talibã, Zabihullah Mujahid, cuja conta na rede social X é uma das vozes oficiais do regime, não publica nenhuma mensagem há mais de um dia.

A interrupção começou na segunda-feira às 17h (horário local), segundo a imprensa afegã, quando os serviços de fibra óptica foram cortados e, posteriormente, as redes móveis foram degradadas, impedindo o acesso à internet em todo o país.

O principal veículo de imprensa local, TOLOnews, colheu depoimentos de cidadãos em Cabul que denunciam como o apagão bloqueou completamente seu trabalho e suas atividades diárias.

Durante o apagão, importantes meios de comunicação afegãos como a Amu TV começaram a divulgar informações limitadas em seus perfis de redes sociais, denunciando que as agências internacionais perderam contato com seus escritórios em Cabul.

"A conectividade com a internet no Afeganistão permaneceu estagnada em torno de 1%", informou a NetBlocks, uma organização internacional de monitoramento do acesso à internet.

O apagão ocorre semanas depois que os talibãs proibiram o acesso à internet por fibra óptica no norte do país, com o argumento de prevenir "atividades imorais", limitando diretamente a infraestrutura de rede no país pela primeira vez.

Em várias ocasiões, as autoridades do regime expressaram preocupação com a circulação de conteúdos que consideram contrários à sua interpretação da sharia (lei islâmica), o que serviu como justificativa para impor restrições digitais.

"Será estabelecido um sistema alternativo dentro do país para as necessidades essenciais", declarou na época o governador da província de Balkh, no norte, Haji Zaid, sem esclarecer as especificações da medida.

Organizações afegãs no exílio apontaram diretamente os talibãs como responsáveis pelo corte, entre elas, o Afghan Women Activists Coordinating Body (AWACB), que denunciou que a desconexão foi "deliberada pelos talibãs" e que isola "toda uma nação do mundo e silencia as vozes civis".

O órgão instou a comunidade internacional a pressionar para restabelecer o acesso às comunicações, considerando o apagão não apenas como censura, mas como "um ataque à vida, à dignidade e à sobrevivência".

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