O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, acusou nesta quarta-feira seus opositores de adotarem táticas similares às usadas pelo ditador alemão Adolf Hitler, e ameaçou prendê-los por insultá-lo.
Ahmadinejad falou durante um comício em Teerã no dia final de uma campanha eleitoral cada vez mais disputada e dura, na qual ele enfrenta o ex-primeiro-ministro moderado Mirhossein Mousavi.
O rival e outros dois candidatos afirmam que Ahmadinejad mentiu sobre o estado da economia, que sofre com alta inflação e uma queda nas receitas com o petróleo, depois de atingir preços recordes no ano passado.
Ahmadinejad disse que seus rivais burlaram as leis ao insultar o presidente. "Ninguém tem o direito de insultar o presidente, e eles fizeram isso. E isso é um crime. A pessoa que insultar o presidente deve ser punida, e essa punição é cadeia", afirmou ele a repórteres do lado de fora da Universidade Sharif, em Teerã.
"Tais insultos e acusações contra o governo são um regresso aos métodos de Hitler, o de repetir mentiras e acusações... até que todos acreditem nessas mentiras", acrescentou.
Insultar autoridades, incluindo o presidente, é um crime no Irã, com pena máxima de dois anos de prisão.
O presidente linha-dura acusou os partidários de Mousavi, incluindo o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, de corrupção. O ex-chefe de Estado reagiu com dureza, pedindo para o líder supremo da República Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, controlar Ahmadinejad.
Mousavi acusa o presidente de isolar o Irã com ataques constantes contra os Estados Unidos, sua linha combativa à política nuclear iraniana e seu questionamento quanto ao Holocausto.
Ele defende a amenização das tensões nucleares, enquanto rejeita pedidos para que Teerã interrompa suas atividades ligadas a esse assunto, que o Ocidente teme ser um meio de fabricar bombas. O Irã, quinto maior exportador de petróleo do mundo, afirma que seu programa nuclear é pacífico.
A eleição de sexta-feira não mudará a política nuclear iraniana, que é decidida pelo líder supremo, mas uma vitória de Mousavi pode anunciar uma relação menos ríspida com o Ocidente.
A campanha eleitoral reverberou na cidade sagrada xiita Qom, um importante centro religioso da República, onde 14 clérigos expressaram "grande preocupação e pesar" de que a imagem do Irã tenha sido arranhada por acusações políticas.
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