O governo da Alemanha mostrou nesta segunda-feira (27) novamente seu desacordo com os ataques da Turquia contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) por considerar que põem em perigo o processo de paz iniciado entre as partes.
O conflito histórico entre turcos e curdos tem como base uma luta por território -- curdos reivindicam um estado, o Curdistão, em solo turco.
O ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, indicou em comunicado compreender e apoiar a decisão da Turquia de se unir à luta contra o Estado Islâmico (EI) com ataques aéreos após o atentado que matou 21 na Turquia, mas se distanciou dos ataques contra o PKK.
O chefe da diplomacia alemã se mostrou interessado “que o processo de paz siga adiante”, o que transmitiu hoje ao seu colega turco, Mevlüt Çavusoglu, em uma conversa telefônica.
Esta postura, acrescentou em entrevista coletiva a vice-porta-voz do Ministério alemão de Relações Exteriores, Sawsan Chebli, não muda a avaliação de Berlim sobre o PKK, que considera há anos uma organização terrorista proibida em seu território.
A questão, argumentou, é que o governo alemão considera que o “processo de reconciliação é importante” e que é preciso tentar preservá-lo.
“Está claro que seria bom para o conjunto da região se o processo continuasse adiante e for concluído com sucesso”, afirmou Chebli.
Chebli evitou se manifestar sobre a posição do governo alemão em relação ao atentado islamita de semana passada na fronteira da Turquia com a Síria, se poderia ser considerado um ataque contra o conjunto da Otan, o que obrigaria a aliança a responder conjuntamente, como mandam seus estatutos.
“Não é automático”, explicou sobre a classificação de um ataque contra um país membro da Otan, e argumentou que se trata de uma decisão política. “Amanhã há uma reunião da aliança e aí a Turquia terá oportunidade de se posicionar”, acrescentou.