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Justiça

Americanos são indiciados por sequestro de crianças no Haiti

Missionários norte-americanos acusados de sequestrar crianças aguardam decisão do procurador do Haiti: grupo responderá por associação para delinquir | Joseph Guyler Delva/Reuters
Missionários norte-americanos acusados de sequestrar crianças aguardam decisão do procurador do Haiti: grupo responderá por associação para delinquir (Foto: Joseph Guyler Delva/Reuters)
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Dez norte-americanos detidos no Haiti, após tentarem sair do país com 33 crianças sem documentos, foram acusados ontem de sequestro de menores. O indiciamento dos cidadãos dos Esta­­dos Unidos, em sua maioria missionários de uma igreja batista de Idaho, foi confirmado pelo advogado haitiano Edwin Coq, que defende os detidos. Segundo ele, os norte-americanos também fo­­ram acusados de associação para delinquir.

Os norte-americanos foram levados a um tribunal fechado num cárcere em Porto Príncipe. Uma das americanas, Laura Sils­­by, agitou a mão e sorriu para os jornalistas, mas negou-se a responder perguntas. Nos últimos dias, Silsby, que lidera o grupo, afirmou que a igreja tentava le­­var órfãos abandonados para um orfanato em construção na Repú­­blica Dominicana. Ela reconheceu que o grupo não tinha os do­­cumentos das crianças, mas alegou que a intenção era ajudá-las. Funcionários haitianos disseram que muitas das crianças têm pais vivos no Haiti.

Coq disse que sob o sistema judiciário do Haiti não haverá um julgamento aberto ao público, mas que um juiz irá analisar as provas. "O veredicto poderá de­­morar três meses", afirmou. Coq disse ainda ter escutado de um funcionário haitiano que os norte-americanos foram acusados porque tinham as crianças sob seu poder.

Nenhuma fonte do governo haitiano deu declarações. Cada condenação por sequestro pode significar uma sentença de prisão de cinco a 15 anos no Haiti. Já uma condenação por associação para delinquir pode significar uma sentença de três a nove anos de prisão.

O porta-voz do Departamento de Estado do governo americano, P.J. Crowley, disse que Washington monitora a questão e que o governo americano está aberto a "discutir outras saídas legais" para os acusados – uma aparente referência à sugestão feita pelo primeiro-ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive, no começo desta semana, de que o grupo possa ser julgado nos EUA. "Mas agora a questão está com o sistema judiciário do Haiti. Nós respeitamos isso", afirmou Crowley.

Os missionários negam as acusações de tráfico infantil, e dizem que a intenção era apenas ajudar as crianças.

Ontem, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse considerar "lamentável" que os americanos tenham "assumido as coisas com as próprias mãos" e garantiu que Washington mantém "discussões com o governo haitiano sobre a disposição apropriada do caso deles".

O ex-presidente dos EUA e ma­­rido de Hillary, Bill Clinton, anun­­ciou que vai viajar amanhã ao Hai­­ti para coordenar esforços de ajuda àquele país e para se reunir com dirigentes do país caribenho.

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