Na Alemanha, o governo liderado pelo chanceler federal Olaf Scholz rechaçou categoricamente nesta segunda-feira (10) a possibilidade de convocar novas eleições nacionais antecipadas depois do fraco resultado obtido pelos parceiros da coligação - social-democratas, verdes e liberais - nas eleições europeias deste domingo (9), que marcou um avanço da direita no continente europeu.
Em uma coletiva de imprensa regular, o porta-voz do Executivo alemão, Steffen Hebestreit, afirmou que "em nenhum momento, nem por um segundo, foi levantada a ideia de que novas eleições poderiam ser convocadas agora na Alemanha".
Hebestreit acrescentou que a convocação regular para as urnas será no outono do próximo ano e é isso que o governo pretende aplicar.
Nesse sentido, salientou que a atual coligação governamental é “um projeto de quatro anos” e que no final deste período as contas serão feitas e os eleitores voltarão a ter a palavra.
Hebestreit assegurou ainda que o governo está fazendo todo o possível para “implementar as importantes decisões pendentes”, como se pode verificar na “série de medidas que foram tomadas nas últimas semanas e meses”.
O porta-voz lembrou que a atual legislatura, liderada por Scholz, começou em uma pandemia, à qual se “seguiu a invasão russa da Ucrânia”, cujas consequências, segundo disse, “mantiveram a Alemanha muito ocupada”.
Por fim, Hebestreit frisou que o chanceler Scholz está convencido de que a atual coligação está aplicando “boas políticas e tomando as decisões certas” e “tudo deve ser feito agora para que isso se reflita nas próximas eleições gerais daqui a 15 meses e meio, para que os eleitores vejam exatamente o mesmo".
Por sua parte, o secretário-geral do Partido Social-Democrata, Kevin Kühnert, garantiu que a legenda pretende manter o seu rumo dentro do governo e acrescentou que, com o resultado das eleições europeias, não houve ordem para novas eleições para o Bundestag, o Parlamento alemão.
Já a líder dos liberais, Christian Lindner, salientou que existe um programa de governo conjunto e um acordo de coligação, e enquanto houver compromisso por parte dos partidos que o compõem não há razão para questioná-lo, embora tenha exigido que os partidos da aliança "levassem a sério a mensagem das eleições europeias".
Finalmente, o copresidente dos Verdes, Omid Nouripour, destacou que não há necessidade da votação de uma moção de confiança contra o governo e lembrou que o acordo de coligação é válido por quatro anos.
O partido de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que emergiu como a segunda força política do país nas eleições para o Parlamento Europeu deste domingo, pediu nesta segunda-feira ao chanceler Scholz que “seguisse o exemplo” do presidente francês, Emmanuel Macron, e convocasse eleições antecipadas.
“Na realidade, Scholz deveria seguir o exemplo, o excelente exemplo de Emmanuel Macron, e preparar o caminho para novas eleições”, disse Alice Weidel, co-líder da legenda de direita, em uma coletiva de imprensa em Berlim.
O AfD conquistou neste domingo seis assentos a mais do que os nove que já tinha e se tornou a segunda força na Alemanha, com 15,9% dos votos, atrás apenas dos democratas-cristãos e superando os social-democratas do atual chanceler.
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