Os Estados Unidos passaram a referir-se a Edmundo González Urrutia, líder da oposição venezuelana, como "presidente eleito" da Venezuela, marcando um novo capítulo no reconhecimento internacional do resultado das eleições presidenciais de 28 de julho.
A posição foi revelada nesta terça-feira (19), quando o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, destacou novamente a legitimidade da vitória de González nas urnas, apesar do anúncio oficial do chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter colocado o ditador Nicolás Maduro como vencedor do pleito presidencial.
“O povo venezuelano se manifestou com veemência em 28 de julho e nomeou Edmundo González como presidente eleito. A democracia exige respeito pela vontade dos eleitores”, afirmou Blinken em suas redes sociais.
A mudança de postura dos EUA ocorre diante da aproximação da posse de Maduro, prevista para 10 de janeiro de 2025, para um “terceiro mandato”, que Washington não reconhece como legítimo.
Reconhecimento progressivo da oposição
Desde 1º de agosto, o governo americano havia rejeitado os resultados divulgados pelo CNE, que proclamaram a reeleição de Maduro. Na época, Blinken denunciou irregularidades graves no processo eleitoral, incluindo a não divulgação dos dados detalhados das atas eleitorais e a falta de transparência na apuração. Observadores internacionais, como a missão do Carter Center, também apontaram problemas que deslegitimam o pleito. Naquele momento, Blinken reconheceu a vitória de González, mas ainda não tinha se referido ao opositor como presidente eleito.
“Dadas as evidências esmagadoras, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela”, disse o secretário de Biden na época.
A Plataforma Unitária Democrática (PUD), coalizão que reúne diversos partidos da oposição e responsável por lançar González, publicou mais de 80% das atas de votação, demonstrando uma vitória clara do opositor. Segundo essas evidências, González recebeu uma margem de votos "insuperável”.
Pressão sobre o regime de Maduro
O uso do termo "presidente eleito" é visto como uma escalada na pressão diplomática dos EUA contra o regime chavista. Segundo informações da Bloomberg, em uma reunião do G20, no Rio de Janeiro, Blinken compartilhou a decisão com outros líderes internacionais, uma indicação de que estaria tentando ampliar o apoio global a González e isolar ainda mais Maduro. Um porta-voz do Departamento de Estado reiterou à Agência EFE que “está claro que González teve o maior número de votos, e isso o torna presidente eleito.”
A postura, no entanto, é diferente da adotada em 2019, quando o primeiro governo do agora presidente eleito dos EUA, Donald Trump, reconheceu o opositor Juan Guaidó como "presidente legítimo" da Venezuela. Segundo noticiou a Bloomberg, desta vez, os EUA preferem focar apenas na legitimidade do resultado eleitoral de julho e na necessidade de respeito à vontade popular, sem ainda tratar González como presidente de fato da Venezuela.
González, atualmente exilado na Espanha devido à perseguição do regime chavista, já manifestou seu desejo que retornar ao seu país natal para tomar posse como presidente, apesar de ter sido ameaçado de prisão caso tome tal decisão. A oposição ainda está buscando consolidar o reconhecimento internacional e garantir apoio para futuras ações contra Maduro.
Com a posse de Trump em 20 de janeiro de 2025, e a provável chegada do senador Marco Rubio, crítico ferrenho de Maduro, como novo secretário de Estado, espera-se que os esforços americanos para deslegitimar o regime chavista sejam ampliados.
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