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Pré-candidata da centro-direita, Patricia Bullrich disse que os peronistas “transformaram a Argentina em um país inabitável”
Pré-candidata da centro-direita, Patricia Bullrich disse que os peronistas “transformaram a Argentina em um país inabitável”| Foto: EFE/Luciano González

A morte violenta de uma menina de 11 anos, ocorrida nesta quarta-feira (9) na periferia de Buenos Aires, paralisou a campanha eleitoral na Argentina, que realizará primárias para as eleições presidenciais no próximo domingo (13).

Morena Domínguez foi abordada enquanto estava indo à escola por dois jovens em uma motocicleta que queriam roubar sua mochila.

A menina foi arrastada pelo chão e recebeu um golpe na cabeça, que acabou causando sua morte em um hospital de Lanús, cidade da província de Buenos Aires onde ocorreu o ataque.

Até o momento, há sete pessoas detidas e, embora um rapaz de 14 anos tenha inicialmente confessado ter participado no ataque, posteriormente alterou seu depoimento.

María Domínguez, mãe da menina, disse em entrevista ao canal A24 que, por ter 14 anos, o adolescente deve “sair de novo” às ruas em breve.

“Peço justiça pela minha filha, não vão mais me devolvê-la. Só isso, justiça. Nada mais. É um momento muito difícil, não consigo acreditar. Ontem eu estava conversando com ela e hoje isso acontece”, disse María, entre lágrimas. “Eu estava dormindo e me ligaram da escola para dizer que a Morena estava mal, que tinha sido assaltada.”

“Estou em Salta [província no noroeste da Argentina]. Viemos por uma semana para batizar meu bebê, porque tenho um bebê de 5 meses. Viemos aqui e hoje acordei com esta ligação. Amanhã íamos viajar de volta a Buenos Aires para reencontrá-la e isso aconteceu”, acrescentou a mãe.

Campanha interrompida

Os principais pré-candidatos à presidência argentina, que neste domingo disputam a oficialização de suas candidaturas, anunciaram a suspensão de seus respectivos comícios de encerramento de campanha, que estavam previstos para esta quinta-feira (10).

A ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich, que suspendeu a atividade que preparava para amanhã precisamente em Lanús, escreveu uma mensagem na sua conta do Twitter na qual manifestou sua “proximidade e apoio à família e amigos” de Morena.

“Não podemos continuar vivendo com tanta angústia e medo. Isso não é suficiente. Eles transformaram a Argentina em um país inabitável”, declarou a pré-candidata da aliança de centro-direita Juntos pela Mudança, que tem um discurso duro e repressivo em relação ao combate ao crime.

Em termos parecidos, expressou-se o candidato libertário Javier Milei, que escreveu na mesma rede social que o incidente é responsabilidade da “classe política” que há décadas “coloca as vítimas no lugar dos criminosos e os criminosos no lugar das vítimas”.

“Queremos acabar com esse modelo que defende criminosos e voltar ao único modelo que funciona: a repressão ao crime sem hesitação. Até que assassinos, estupradores e criminosos saibam que cometer um crime tem consequências diretas para toda a vida, continuaremos vivendo sob esse flagelo que é a insegurança”, acrescentou.

O prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, que concorre com Bullrich nas primárias da centro-direita, também se manifestou: “Não há palavras para tanta dor. Minhas condolências à família de Morena e seus entes queridos. Precisamos de justiça. Vou acompanhá-los para exigir”.

O último a suspender a campanha foi o governista e atual ministro da Economia, Sergio Massa, que iria realizar um comício em La Plata, capital da província de Buenos Aires.

“Dado o doloroso crime contra Morena ocorrido esta manhã em Lanús, o União pela Pátria decidiu suspender a cerimônia de encerramento da campanha marcada para amanhã no Teatro Argentino de La Plata. Acompanhamos seus familiares e pedimos justiça”, postou no Twitter a conta oficial da coalizão governista.

Sensação de insegurança

Apesar das estatísticas oficiais apontarem que o número de homicídios dolosos caiu 17,4% na Argentina entre 2019 e 2022, outros indicadores tiveram aumento. Os casos de violência sexual passaram de 5.461 para 6.794 no país e o de lesões corporais, de 143.697 para 154.197 entre 2019 e 2021.

Uma pesquisa realizada no ano passado mostrou que 45% das mulheres argentinas já sofreram algum tipo de violência doméstica.

Em março, após um ataque ao supermercado da família da esposa do craque Lionel Messi, a segurança foi reforçada em Rosário, onde, em 2022, foram registrados mais de 280 homicídios, índice que ultrapassou a taxa de 20 assassinatos por 100 mil habitantes.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a violência é epidêmica numa região quando ocorrem mais de dez homicídios para cada 100 mil habitantes. (Com Agência EFE)

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