O presidente dos EUA, Joe Biden, sofre uma pressão crescente para reconsiderar sua candidatura à reeleição, que é colocada em dúvida tanto por membros de seu partido, o Democrata, quanto por apoiadores proeminentes, como o ator George Clooney.
Em plena cúpula da Otan, que reúne até esta sexta-feira (12) em Washington os chefes de Governo e de Estado dos 32 membros da aliança militar, Biden teve que lidar não apenas com as frentes que estão abertas nessa organização, mas também com a crescente divisão em seu partido.
Desta vez, a responsável foi a ex-presidente da Câmara dos Representantes, a também democrata Nancy Pelosi.
"Cabe a ele decidir se vai concorrer. Estamos todos o incentivando a tomar essa decisão, porque o tempo está se esgotando", disse Pelosi no programa Morning Joe da rede de televisão MSNBC, quando perguntada se Biden tem seu apoio explícito.
Até agora, as dúvidas de um grupo de legisladores democratas haviam sido tornadas públicas, o que leva ao questionamento sobre se Biden é realmente a aposta certa para o partido para as eleições presidenciais de novembro, que terão como candidato pelo Partido Republicano o ex-presidente Donald Trump.
Pelosi, de 84 anos e que representa a Califórnia, é a congressista de mais alto escalão a questionar Biden implicitamente. Ela não o fez abertamente, mas insistiu que as pessoas querem que ele tome uma decisão, apesar de o presidente repetir há dias que não planeja desistir da corrida.
Hoje, perguntado na cúpula da Otan se ele achava que ainda tinha o apoio de Pelosi, Biden levantou o punho em um sinal de força.
O presidente americano tem estado no centro das atenções desde o debate eleitoral contra Trump, em 27 de junho. Na ocasião, o republicano não precisou partir para a ofensiva contra um oponente frágil, com um olhar vazio e incapaz de terminar muitas de suas frases.
A perda progressiva de apoio também colocou George Clooney no centro das atenções nesta quarta-feira. Democrata convicto que ajudou Biden a arrecadar dezenas de milhões de dólares para sua campanha eleitoral, o ator desta vez o incentivou a virar a página.
"Eu o considero um amigo e acredito nele. Acredito em seu caráter. Acredito em sua moral. Nos últimos quatro anos, ele venceu muitas das batalhas que enfrentou (...) A única batalha que ele não pode vencer é a luta contra o tempo", escreveu Clooney no jornal The New York Times.
"Não vamos vencer em novembro com esse presidente", declarou o ator, além de ressaltar que não se trata de uma opinião pessoal, mas compartilhada por todos os congressistas e governadores com os quais disse ter conversado em particular.
De acordo com as últimas pesquisas, Trump está à frente de Biden. A média das pesquisas realizadas pelo portal FiveThirtyEight o mostra com 42,1% das intenções de voto, 2,1 pontos percentuais de vantagem.
A opinião sobre o atual presidente americano, no entanto, está polarizada. Nesta quarta-feira, ele recebeu o endosso do sindicato AFL-CIO, o maior do país e um dos principais incentivadores para votos no democrata.
O AFL-CIO foi uma das primeiras grandes organizações dos EUA a endossar explicitamente a candidatura de Biden no processo das primárias do partido.
"A classe média construiu este país, e vocês construíram a classe média", disse Biden ao sindicato depois de ele se posicionar a seu favor.
A cúpula da Otan não escapou do debate interno dos EUA, embora a opinião predominante seja de que, independentemente de quem assumir o poder em janeiro de 2025, o relacionamento de Washington com a aliança militar dificilmente mudará.
"Não importa se Joe Biden será eleito presidente dos EUA ou Donald Trump. Para que os EUA continuem sendo uma superpotência e possam competir com a China, precisarão de aliados, e seus aliados mais fortes são os da Europa", concluiu o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, em sua chegada à reunião na capital americana.
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