O avião com os corpos de 17 militares brasileiros mortos no terremoto que devastou o Haiti na terça-feira (12) pousou na Base Aérea de Brasília por volta de 20h desta quarta-feira (20).
O avião Hércules C-130, da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou na tarde desta quarta de Manaus (AM) para Brasília. Os corpos serão retirados do avião ainda durante a noite e serão acomodados em um hangar, onde deve ocorrer uma cerimônia com autoridades e familiares das vítimas na quinta-feira (21).
De acordo com a FAB, os corpos passaram por uma preparação em Manaus. Por causa de problemas de infraestrutura no Haiti, o trabalho de conservação dos corpos teve de ser feito no Brasil.
21 brasileiros mortos
A lista de brasileiros mortos por causa do terremoto de terça-feira (12) no Haiti confirmados até esta quarta-feira (20) é de 21 pessoas.
De acordo com o comando do Exército, 18 militares brasileiros morreram no terremoto no Haiti. Segundo o Exército, não há mais militares entre os desaparecidos.
O Itamaraty informou que três civis brasileiros morreram e dois estão desaparecidos no Haiti desde o terremoto. Um deles é o tenente da Polícia Militar do Distrito Federal Cleiton Batista Neiva, que estava no Haiti desde 2007. Segundo a PMDF, ele prestava serviços à ONU. O outro desaparecido não teve a identidade revelada.
Mais tropas
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta quarta-feira que enviou à Comissão Representativa do Congresso Nacional um pedido para o envio de mais 1.300 militares para integrar a força de paz da ONU no Haiti, país devastado por um forte terremoto na semana passada.
"Conversei com o senador (José) Sarney pelo telefone e enviei um pedido ao Senado de 1.300 militares. Inicialmente, seriam 900 militares, sendo 750 de Infantaria e 150 policiais do Exército", Jobim afirmou à Reuters por telefone.
"Estou pedindo 1.300 para ter uma folga, para uma futura demanda da ONU", acrescentou.
Segundo o ministro, esse pedido deve ser discutido na próxima segunda-feira. O presidente do Senado, José Sarney, afirmou em nota já ter convocado a Comissão para uma reunião no dia 25.
"Ainda não sei quanto tempo levaria para mobilizar todo esse contingente, mas tem que ser o mais rápido possível", disse Jobim.
Lula diz a chefe da ONU que Brasil pode aumentar doação ao Haiti
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e reiterou a disposição do Brasil de aumentar o montante já doado ao Haiti, devastado por um terremoto na semana passada.
Segundo o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, Lula afirmou estar disposto a colaborar com o país caribenho além dos 15 milhões de dólares já oferecidos.
"Toda essa ajuda que se tem dado até agora é emergencial, mas é importante, naturalmente, a reconstrução do Haiti", disse Amorim a jornalistas após o telefonema.
Na ligação a Ban, Lula detalhou os esforços de cooperação da Minustah, a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti liderada pelo Brasil, com forças de outros países, principalmente norte-americanas.
"Lula relembrou os dois telefonemas para o presidente (Barack) Obama e salientou a boa receptividade do presidente Obama e o desejo de manter essa coordenação sob a coordenação geral das Nações Unidas", afirmou Amorim.
Tragédia mais letal das Américas
Chega a 75 mil o número de mortos durante o terremoto. Isso faz do terremoto de 7 graus na escala Richter a mais letal tragédia das Américas em todos os tempos e um dos piores terremotos do mundo nos últimos cem anos. Pelas contas do Departamento de Defesa Civil do Haiti, 1 milhão de pessoas estão desabrigadas e 250 mil sofreram ferimentos em consequência do tremor de terra.
O departamento afirma que o tremor destruiu metade dos prédios da capital, Porto Príncipe, e de outras regiões próximas. O governo haitiano também reforçou que o país precisa urgentemente de abrigos temporários, água, comida, medicamentos e médicos.
Na segunda-feira (18), o comandante das tropas norte-americanas disse que é razoável presumir que até 200 mil pessoas tenham morrido no terremoto. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 3,5 milhões de pessoas vivem em áreas devastadas pelo terremoto.
Nesta quarta-feira, um novo tremor de magnitude 6,1 voltou a assustar o país, provocando pânico entre as pessoas que acampam nas ruas com medo de tremores secundários, que são comuns após grandes abalos sísmicos.