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A bispa da Igreja Episcopal dos EUA em Washington, D.C., Mariann Edgar Budde, criticada pelo presidente Donald Trump por declarações em seu sermão, disse nesta quinta-feira (23) que não pretende se desculpar com o republicano.
Em seu discurso religioso, Budde pediu “misericórdia” para imigrantes e LGBTs, que, segundo ela, “estão com medo”. O pedido ocorreu em meio ao plano do governo Trump de intensificar deportações de imigrantes ilegais, especialmente aqueles que cometeram crimes e entraram no território americano.
"Não sinto que haja necessidade de pedir desculpas por um pedido de misericórdia", afirmou a bispa, que negou ser "uma esquerdista radical" que odeia Trump, como o presidente a definiu. "Eu não o odeio e rezo por ele", acrescentou em entrevista à rede pública de rádio e televisão NPR.
Budde oficiou a cerimônia religiosa na Catedral Nacional de Washington que marcou o início da agenda do presidente Trump na terça-feira, após ele tomar posse no dia anterior.
Em um dado momento, olhando direto para o presidente, ela disse: "Milhões de pessoas depositaram sua confiança em você. E como você disse à nação ontem (segunda-feira), você sentiu a mão da providência de um Deus amoroso. Em nome do nosso Deus, peço que tenha misericórdia da gente do nosso país que agora está assustada".
Trump, que já deu os primeiros passos para cumprir sua promessa de campanha de deter o que chamou de "invasão" de imigrantes e expulsar do país aqueles que estão dentro de suas fronteiras ilegalmente e cometeram crimes, pediu nesta quarta-feira a Budde, por meio das redes sociais, que se desculpasse por suas palavras.
Apesar de acreditar que não deve pedir desculpas, Budde comentou que "lamenta" que suas palavras na catedral “tenham provocado o tipo de resposta que provocaram, no sentido de que confirmaram exatamente aquilo de que eu estava falando antes, que é a nossa tendência para ficarmos indignados e não falarmos uns com os outros com respeito".
Trump afirmou que “a suposta bispa que falou no Serviço Nacional de Oração na manhã de terça-feira é uma esquerdista radical linha-dura que odeia Trump. Ela trouxe sua igreja para o mundo da política de uma forma muito desagradável. Foi grosseira no tom, nada convincente ou inteligente”.
O presidente americano disse que Budde ignora os crimes que teriam sido cometidos por imigrantes ilegais nos Estados Unidos: “Ela não mencionou o grande número de imigrantes ilegais que entraram em nosso país e mataram pessoas. Muitos foram liberados de prisões e instituições psiquiátricas. É uma onda gigante de crimes acontecendo nos EUA”.
Na terça-feira, no primeiro dia completo do mandato de Trump, a Polícia de Imigração e Alfândega (ICE) deteve 308 imigrantes considerados “criminosos graves”, segundo informou Tom Homan, o “czar” da fronteira da nova gestão.