Um porta-voz do Exército da China acusou neste sábado (1º) os Estados Unidos de tentarem criar “uma versão da Otan na Ásia” para manter a sua hegemonia, em declarações realizadas no âmbito do principal fórum de segurança do continente, realizado em Singapura.
Em coletiva de imprensa, o general chinês Jing Jianfeng disse que os EUA “estão agarrados à mentalidade da Guerra Fria e às táticas de jogo de soma zero, formando clubes exclusivos”, segundo relatou o portal China Military, especializado em informação militar e vinculado ao Exército chinês. “O verdadeiro objetivo desta estratégia é integrar pequenos círculos em um círculo maior – uma versão Ásia-Pacífico da Otan – mantendo assim o domínio americano”, disse Jing.
As palavras do representante de Pequim surgiram após o discurso proferido pelo secretário da Defesa americano, Lloyd Austin, durante o chamado Diálogo Shangri-La. Austin elogiou o trabalho com os seus aliados e a criação nos últimos três anos de uma “nova convergência em torno de quase todos os aspectos da segurança” na região, onde houve uma compreensão partilhada do “poder da associação”.
“Esta nova convergência está produzindo uma rede de parcerias mais forte, mais resiliente e mais capaz e que está definindo uma nova era de segurança” na região, disse Austin, citando pactos de segurança como o AUKUS (juntamente com Austrália e Reino Unido) e o QUAD (com Japão, Austrália e Índia), entre outras associações.
“Somos movidos por uma visão partilhada que nos une e serve para evitar que um único país imponha a sua vontade. Não há assédio, mas sim liberdade de escolha para Estados soberanos”, destacou Austin, em uma mensagem velada à China. O representante dos EUA, que ontem se reuniu paralelamente ao fórum com o seu homólogo chinês, Dong Jun, foi conciliador e deixou as portas abertas ao “diálogo” para reduzir a tensão entre ambas as potências e evitar “mal-entendidos”.
No domingo, o ministro da Defesa chinês subirá ao púlpito em Singapura durante um painel intitulado “A abordagem da China à segurança global”, onde terá a oportunidade de responder diretamente ao seu homólogo americano. China e EUA mantêm divergências em relação à autonomia e ao estatuto de Taiwan, que Pequim considera uma província rebelde, e à liberdade de navegação no Mar da China Meridional, que as autoridades chinesas reivindicam quase na sua totalidade, entre outras questões. (Com Agência EFE).
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