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GenBank
Antigo CD de instalação de programa do GenBank, banco de dados onde a virologista chinesa depositou a sequência do vírus da Covid em dezembro de 2019.| Foto: BF Francis Ouellette/X

Um comitê investigativo da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos obteve documentos que mostram que cientistas chineses já tinham isolado e sequenciado o material genético do vírus da Covid no fim de dezembro de 2019, duas semanas antes de a ditadura comunista revelar detalhes do coronavírus para o mundo.

Os documentos foram obtidos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) pelos parlamentares, mas apenas após uma ameaça de intimação ao órgão. O Wall Street Journal teve acesso aos documentos e deu a notícia nesta quarta-feira (17).

A razão de o órgão ter posse dos documentos é que a GenBank, base de dados para a qual uma pesquisadora da China subiu as sequências do material genético, é de propriedade do governo americano. A data do upload foi 28 de dezembro de 2019. A pesquisadora é a virologista Lili Ren, do Instituto de Biologia de Patógenos da Academia Chinesa de Ciências Médicas, em Pequim.

A China, que nessa data ainda insistia que a pneumonia de Wuhan tinha causa desconhecida, somente compartilhou esse material com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de janeiro de 2020, data em que foram registrados os primeiros casos em Shenzhen, cidade chinesa com muitos estrangeiros a 876 km de Wuhan, o epicentro da pandemia. A OMS demorou mais dois meses para declarar a Covid-19 oficialmente uma pandemia.

O material genético do coronavírus é feito de RNA (semelhante ao DNA, mas é uma cadeia única em vez de dupla), cujos componentes podem ser representados com uma sequência das letras A, U, C e G. A partir da sequência de milhares dessas letras que compõem o genoma viral, cientistas conseguem prever várias das características do parasita celular.

Para um problema de crescimento exponencial como uma pandemia, duas semanas de atraso em informações podem fazer toda a diferença.

A revelação "realça o quão cautelosos precisamos ser a respeito da precisão de informações liberadas pelo governo chinês", comentou ao jornal o virologista Jesse Bloom, do Centro Oncológico Fred Hutchinson, em Seattle, EUA. Ele também analisou a sequência quase completa depositada no banco de dados americano. "É importante ter em mente que sabemos muito pouco", completa.

Lili Ren não respondeu às tentativas de contato do jornal americano. O instituto em que ela trabalha é estatal. Apesar de ter subido a sequência viral, ela não a publicou, e a sequência foi deletada em 16 de janeiro de 2020. Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), donos do banco de dados, perguntaram a razão da deleção na época, mas Ren não respondeu. Ela é beneficiária de verbas americanas com intermediação da ONG EcoHealth Alliance, que coordenou projetos de pesquisa sobre como os coronavírus de animais podem infectar humanos.

Um porta-voz da embaixada chinesa em Washington disse que "as políticas de resposta à Covid da China são baseadas em ciência, eficazes e consistentes com as realidades nacionais da China. Elas vão sobreviver ao teste da história".

Cathy McMorris Rodgers, deputada republicana de Washington e líder do comitê investigativo, comentou que seu país "não pode confiar em nenhum dos ditos 'fatos' ou dados fornecidos pelo Partido Comunista Chinês" e que deve "questionar com seriedade a legitimidade de quaisquer teorias científicas baseadas nesse tipo de informação".

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