As praias de Los Angeles são mundialmente famosas, e uma das mais charmosas é Venice Beach: uma comunidade à beira-mar, isolada de grandes empresas, onde as pessoas abastadas compram propriedades para relaxar ou se aposentar, e um dos destinos favoritos de artistas boêmios.
Esse lugar paradisíaco é agora epicentro de uma crise de sem-tetos sem precedentes na região, tornando-o refratário a turistas e até mesmo aos próprios moradores (em grande parte funcionários de alto-escalão do Google, que possui um escritório nas redondezas).
Por toda orla da praia, da areia, ao calçadão e calçadas, agora se veem barracas de acampamento, caixas de papelão ou barracos de madeira que servem de abrigo para centenas de pessoas.
Em grande parte os transeuntes não são pessoas que perderam sua moradia por um problema econômico qualquer, mas moradores de rua de longa data, dependentes químicos ou com doenças mentais.
O New York Times conversou com alguns desses sem-tetos. John Simpson, de 64 anos, por exemplo, explicou que estava morando na rua há 30 anos e que sua família o expulsou por causa do alcoolismo. Ao ser atendido por uma equipe de assistência social foi autorizado a levar consigo sua garrafa de vodka.
A alta concentração de moradores de rua em Los Angeles pode ser explicada em parte pela crise econômica da pandemia e em parte pelas políticas permissivas do Estado que permite o consumo de algumas drogas e que não possui uma política adequada para resolver a situação dos moradores de rua.
Em Los Angeles, não é incomum ver pessoas andando nuas, urinando em locais públicos ou usando drogas. Hoje, mais de um quarto da população sem-teto dos Estados Unidos vive na Califórnia (11% em Los Angeles, segundo relatório de 2020 do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos EUA).
Crise está atrapalhando os negócios
Essa situação também tem atrapalhado os negócios locais, Patrick Liberty, dono de uma loja de roupas nas proximidades do calçadão da praia há 27 anos, disse ao Wall Street Journal que os barracos fizeram tanto dano ao seu negócio no último ano como a pandemia.
“As pessoas costumavam vir a Venice por causa da beleza do lugar, eles notavam a vista que tinham de nossa loja”, disse ele. “Agora é como se você estivesse andando embaixo de um viaduto: é feio, perigoso e fede.”
A crise no bairro de Venice Beach fez com que pela primeira vez a comunidade procurasse uma solução para os sem-tetos.
Aproximadamente 200 moradores de rua entrarão em um programa de 6 meses em casas temporárias com serviços sociais inclusos e vouchers para ajudar a enviar as pessoas para sua comunidade do origem.
A medida está sendo organizada pela ONG St. Joseph Center, que espera retomar um pouco da antiga paisagem da praia, contudo o governo local não anunciou nenhuma ação para as pessoas que se recusem a sair.
A ONG espera que os relutantes se convençam a sair ao ver os amigos e colegas serem bem atendidos: “Quando as pessoas vivem muito tempo em condições sub-humanas, elas acabam se acostumando. Reverter isso, leva tempo.” disse o gerente-geral do St. Joseph Center ao WSJ.
Se a ação em Venice Beach for bem sucedida, há planos de se exportá-la ao restante do estado.
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