Conforme as eleições dos EUA se aproximam e a candidatura de Kamala Harris se torna mais visível, aumentam também os dilemas sobre uma futura gestão da ex-senadora e atual vice de Biden na Casa Branca.
A perspectiva de Harris sobre a situação migratória é um dos principais receios por parte dos analistas e eleitores, que rememoram o histórico da política democrata no assunto.
À Fundação Daily Caller News, o diretor de pesquisa da NumbersUSA, um grupo que trabalha para limitar a imigração ilegal nos EUA, Eric Ruark, afirmou que a crise migratória pode até piorar com a hipotética chegada de Harris na Casa Branca como presidente. “Eu diria que seria mais do mesmo ou potencialmente até pior”, referindo-se à atual gestão de Joe Biden.
Segundo Ruark, a pré-candidata democrata à presidência ainda não se posicionou claramente sobre a questão migratória. “Harris ainda não saiu e disse: é um crime e precisamos fazer cumprir a lei. [...] Claramente, ela foi incumbida de lidar com a crise da fronteira pelo presidente Biden e sua abordagem foi basicamente dizer: 'Não venha'. Essa foi a extensão de sua abordagem política”.
Um boletim publicado pelo NumbersUSA sobre a posição dos representantes americanos quanto à imigração mostrou que durante seu curto período no Senado representando a Califórnia (2017-2021), antes de partir para a Casa Branca, Kamala Harris obteve uma nota "F-", a menor pontuação possível estabelecida na classificação.
Na avaliação, a política democrata recebeu notas baixas em questões relacionadas à imigração, como segurança de fronteira, fiscalização interna, gestão de refugiados e anistia, de acordo com o NumbersUSA.
A NumbersUSA destacou o apoio de Harris em 2019 em um projeto para bloquear a construção do muro da fronteira EUA-México, proposto pelo então presidente Donald Trump, e seu copatrocínio outro projeto do mesmo ano que teria tornado mais difícil para o republicano continuar a construção do muro.
Em 2018, enquanto senadora, Harris comparou a agência governamental ICE (Imigração e Alfândega dos EUA), vinculada à Segurança Interna, à Ku Klux Klan (KKK), organização racista cuja origem remonta ao final da Guerra Civil nos EUA, no século XIX.
Naquele contexto, ela perguntou a Ron Vitiello, então indicado por Trump para liderar a ICE, se ele tinha conhecimento de que havia uma "percepção" entre os imigrantes latinos de que a agência operava como membro da KKK.
Ainda como senadora da Califórnia, Harris sugeriu durante uma entrevista à imprensa americana em junho de 2018 que o ICE deveria ser essencialmente abolido e reconstruído novamente “do zero”.
Quando Biden assumiu a presidência dos EUA, em 2021, sua vice foi incumbida de identificar as raízes da migração ilegal para o país, devido ao aumento das travessias irregulares pela fronteira logo após a mudança de gestão na Casa Branca. Essa missão de Kamala Harris deu a ela o título de "czar da fronteira" pelos republicanos.
No entanto, apesar das reuniões com a Patrulha da Fronteira, a chegada de estrangeiros ilegais na fronteira sul atingiu níveis recordes, segundo apontaram os dados mais recentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, mostrando que a vice-presidente não cumpriu com a tarefa para a qual foi encarregada.
No mês passado, a Câmara dos EUA aprovou uma resolução condenando o presidente Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, provável candidata do Partido Democrata à presidência, pela crise migratória na fronteira com o México.
A medida, que tem caráter apenas simbólico, contou com 220 votos favoráveis e 196 contrários. Seis deputados democratas votaram a favor da resolução, mostrando um crescente descontentamento do próprio partido com as políticas de fronteira.
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