A província equatoriana de Guayas, cuja capital é Guayaquil, registrou 6.703 óbitos nos primeiros 15 dias de abril, afirmou nesta quinta-feira (16) Jorge Wated, chefe da força-tarefa do governo para o resgate de corpos na região. O número, segundo ele, é 4.700 acima, ou 3 vezes maior, do que a média mensal registrada em Guayas, a província do Equador mais atingida pela epidemia do novo coronavírus.
Segundo Wated, nem todas essas mortes foram causadas pela Covid-19. Há casos confirmados, suspeitos, mas também óbitos relacionados a outras doenças.
A estatística oficial do governo aponta que em todo o Equador, 403 pacientes morreram em decorrência do coronavírus e que outros 632 falecimentos estão sendo averiguados. O país, apesar de seu pequeno tamanho, é o segundo com maior número de mortes por coronavírus na América do Sul, atrás somente do Brasil. Os casos, até agora, somam mais de 8.200, embora o número deva ser muito maior, já que faltam kits para testar a população.
No início de abril, o governo do presidente Lenín Moreno lançou uma força-tarefa conjunta com as polícias militar e civil, com mais de 100 homens, para atuar durante a emergência sanitária em Guayaquil. Em dez dias pelo menos 1.400 cadáveres foram recolhidos em casas e ruas devido ao colapso do sistema funerário na cidade. Metade foi enterrada e outros 700 corpos ainda estão em necrotérios.
O aumento expressivo no número de mortes somente nesta província pode ser explicado pela sobrecarga do sistema de saúde devido à epidemia de coronavírus.
Moradores de Guayaquil, centro financeiro do país com 2,7 milhões de habitantes, estão tendo dificuldades em encontrar oxigênio medicinal para tratar pessoas com problemas respiratórios. Há relatos de pessoas que não conseguiram internar familiares com sintomas de infecção pelo novo coronavírus em hospitais públicos e enfrentam longas filas para conseguir oxigênio para recarregar tanques em suas casas. As empresas que vendem oxigênio médico dizem que toda a sua produção está concentrada no fornecimento a hospitais públicos e privados, relatou o El Comercio.
Nesta quinta-feira, Moreno decretou luto nacional por 15 dias em memória dos falecidos pela Covid-19 no Equador. "Devemos aos compatriotas falecidos um enterro decente no cemitério e uma homenagem justa a todo o país", disse ele.
A prefeita de Guayaquil, Cynthia Viteri, que foi contaminada pelo novo coronavírus e já se recuperou, pediu ajuda internacional na semana passada ao acusar Moreno de deixar a população da cidade "sozinha" e de dar uma resposta à crise de Covid-19 que levou ao colapso do sistema de saúde e à crise do sistema funerário.
O presidente decretou, em 17 de março, toque de recolher em todo o país entre às 21h e 5h. Dias depois o período de restrição foi ampliado, sendo que aqueles que circulam entre às 14h e 5h estão sujeitos a multas.
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