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Deserções debilitam ditador do Iêmen

Manifestantes carregam militar desertor durante protesto contra o governo em Sanaa, a capital do Iêmen | Ahmad Gharabli/AFP
Manifestantes carregam militar desertor durante protesto contra o governo em Sanaa, a capital do Iêmen (Foto: Ahmad Gharabli/AFP)

O ditador do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, sofreu ontem uma onda de deserções em seu governo e ficou ainda mais isolado para enfrentar os recentes protestos populares que pedem sua renúncia.

Dezenas de militares – in­­cluindo três integrantes da cúpula do Exército – e ao menos seis embaixadores do país declararam apoio aos movimentos populares opositores. As deserções vieram depois de o ditador destituir seu gabinete, ontem.

As mobilizações populares contra o regime iniciaram em fe­­ve­­reiro e ganharam força na última sexta, depois de 52 manifestantes serem mortos por atiradores de elite. A violência dividiu o governo, apesar de o ditador negar que os tiros tenham sido disparados pela polícia.

Ontem, tanques cercaram o palácio presidencial e outros pontos estratégicos da capital, Sanaa. Segundo agências de notícias, os blindados eram comandados por desertores do regime.

Simultaneamente, uma multidão voltou a se aglomerar no centro da capital. O ditador, que comanda o país há 32 anos, afirmou que tem apoio da "maioria do povo’’ e que os manifestantes são uma "minoria violenta’’.

Entre os desertores de ontem estão um general do exército, dois oficiais de alta patente, e os embaixadores do Iêmen no Kuait, Síria, Líbano, Egito, China e o seu representante na Liga Árabe.

Chefe tribal

O chefe tribal mais importante do país e o governador de Adén, segunda maior cidade do Iêmen, também declararam apoio à revolta.

O chanceler francês, Alain Ju­­ppé, afirmou que considera "inevitável’’ a renúncia de Sa­­leh. A União Europeia condenou o uso da força contra a população e ameaçou "revisar suas políticas’’ em relação ao país árabe. O premier britânico, David Cameron, se disse "extremamente preocupado’’.

Um dos líderes da oposição afirmou, sob anonimato, que estão em curso negociações para que Saleh concorde em renunciar pacificamente ao poder e passe o governo do Iêmen a uma junta militar, que governaria provisoriamente até que ocorram eleições gerais. Saleh também enviou uma mensagem ao rei Abdullah da Arábia Saudita, cujo conteúdo é desconhecido. Abdullah apoiou Saleh durante certos momentos do seu governo de 32 anos no Iêmen, mas também em outros tempos as relações entre os dois países ficaram tensas.

Saleh governou o Iêmen do Norte (República Árabe do Iêmen) entre 1979 e 1990, quando o país unificou-se ao Iêmen do Sul. Ele passou a governar o país inteiro. Atualmente, além de um ramo local da rede extremista Al-Qaeda, o governo iemenita enfrenta a oposição da minoria xiita no norte e um movimento separatista no sul. O país é um dos mais pobres do mundo árabe.

Os EUA têm no Iêmen um forte aliado e o país abriga tropas norte-americanas. A deserção das lideranças militares pode complicar o apoio dos EUA a Saleh.

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