Pressão
Casa Branca ameaça Assad com sanções
O recrudescimento da repressão da ditadura de Bashar Assad contra os oposicionistas provocou reações contrárias em todo o mundo. Os EUA classificaram a ação do governo sírio como "deplorável. Funcionários do governo disseram que a Casa Branca estuda sanções contra Assad, provavelmente incluindo congelamento de bens e veto a viagens.
Aliada do Irã e inimiga de Israel, a Síria é um dos principais opositores dos EUA no Oriente Médio o Departamento de Estado americano a considera patrocinadora do terrorismo por apoiar grupos como o libanês Hizbollah e o palestino Hamas.
França, Reino Unido, Alemanha e Portugal, integrantes do Conselho de Segurança da ONU, instaram o órgão a tomar medidas contra os ataques da ditadura síria.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu investigação sobre os relatos de assassinato e soltura imediata de ativistas e presos políticos.
Em nota divulgada pelo Itamaraty, o Brasil repudiou o uso da força contra manifestantes desarmados. "As aspirações legítimas das populações do mundo árabe devem ser equacionadas por processos políticos inclusivos, e não pela via militar, diz a nota.
Bombas da Otan atingem escritório de Kadafi na Líbia
Trípoli - Duas bombas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) destruíram ontem o escritório e a biblioteca do governante líbio Muamar Kadafi, em sua imensa residência em Trípoli, o complexo de Bab Al-Aziziya. Um segundo edifício, onde Kadafi costuma receber dignitários, líderes tribais e aliados políticos, foi danificado.
Damasco - Em novo lance da escalada repressiva da ditadura de Bashar Assad, milhares de soldados do governo da Síria entraram com tanques em Daraa. A cidade no sul do país é um dos epicentros da revolta contra o governo, iniciada em meados de março.
As restrições impostas pelo regime sírio impedem a verificação independente de informações, mas ativistas estimam ao menos 25 mortes nos conflitos em Daraa ontem, e testemunhas falam em corpos espalhados pelas ruas.
Foi a primeira vez desde o início dos protestos que o ditador mandou invadir um centro urbano com tanques, em aparente nova estratégia contra oposicionistas que inclui a ocupação militar.
Por intermédio da agência estatal Sana, o governo alegou que o Exército entrou em Daraa a pedido dos moradores e para protegê-los de "terroristas". Oposicionistas também relataram ataques das forças de Assad a Douma e Mouadhamiya, subúrbios da capital do país, Damasco.
A explosão no uso da violência contra manifestantes antigovernistas começou na sexta, um dia após Assad ter suspendido oficialmente o estado de emergência que vigorava na Síria desde 1963 medida que especialistas chamaram de "cosmética.
Nesse dia, relatos de confrontos entre forças da ditadura e manifestantes em pelo menos 20 cidades davam conta de no mínimo 88 mortos, sobretudo em Homs e Hama, no oeste. Estima-se que quase 400 pessoas tenham morrido desde o começo dos protestos, em março.
Moradores de Daraa afirmam que pelo menos oito tanques do Exército sírio e um número estimado em até 6 mil soldados entraram na cidade ao amanhecer. Água, eletricidade e telefones foram cortados, e a fronteira com a Jordânia, que fica próxima e poderia ser uma rota de escape, foi fechada.
Segundo relatos de testemunhas, atiradores das forças de segurança se posicionaram no alto de mesquitas e edifícios públicos, atirando em qualquer coisa que se movesse. Além disso, soldados e milicianos invadiram casas à procura de oposicionistas.
Suhair al Atassi, ativista sírio de direitos humanos, chamou as ações do governo de "ação selvagem planejada para aniquilar os democratas da Síria. "As intenções de Assad são claras desde que declarou estar pronto para a guerra, acrescentou.
Para outro ativista, Razan Zeitounia, o objetivo do governo é intimidar manifestantes e transformar a repressão em Daraa num "exemplo para o restante do país.
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