Organizações da Nicarágua e internacionais denunciaram que a ditadura de Daniel Ortega prendeu um jornalista por ter reclamado dos altos preços no país centro-americano no seu programa de televisão.
A organização Advogados Defensores do Povo informou no Facebook que Elsbeth D’Anda, do programa La Cobertura, do Canal 23, foi detido em 27 de outubro, numa operação em que 20 policiais chegaram em cinco viaturas à casa dele.
“Em particular, [o jornalista] mencionou [no seu programa de TV] a forma como alguns comerciantes aumentam os preços da cesta básica e dos produtos perecíveis, como os necessários para a ceia de Natal, aproveitando o bônus salarial dos trabalhadores. Esta análise parece ter causado desconforto no governo da Nicarágua, que ordenou a captura do jornalista”, disse o advogado José Antonio López, membro da organização.
Uma das entidades de defesa da liberdade de imprensa que se manifestaram sobre o caso foi o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), que divulgou no X um comentário da coordenadora do seu programa para a América Latina, Cristina Zahar.
“O governo da Nicarágua deve libertar imediatamente o jornalista do Canal 23, Elsbeth D’Anda, que foi preso em 27 de outubro após relatar o aumento do custo das necessidades básicas de alimentação em seu programa de TV. É inaceitável prender jornalistas apenas por fazerem seu trabalho. Silenciar o mensageiro não silenciará a mensagem”, afirmou Zahar.
Em agosto, mês com dados mais recentes divulgados pela ditadura sandinista, o preço da cesta básica na Nicarágua ficou em 20.559,16 córdobas (mais de R$ 3,2 mil), o que, segundo o site nicaraguense Articulo 66, corresponde ao triplo do valor do salário mínimo no país.
Porém, ao contrário do Brasil, a cesta básica na Nicarágua contempla todas as despesas de um domicílio, o que inclui gastos com vestuário, moradia, água e energia, além de alimentação. Apenas em alimentos, o valor em agosto foi de 14.738,29 córdobas (R$ 2,3 mil).
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