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O presidente-eleito dos EUA, Joe Biden, discurso em Wilmington, Delaware, 7 de novembro
O presidente-eleito dos EUA, Joe Biden, discurso em Wilmington, Delaware, 7 de novembro| Foto: Andrew Harnik / POOL / AFP

Os americanos decidiram: Donald Trump não terá um segundo mandato na Casa Branca e o próximo presidente dos Estados Unidos será Joe Biden. A vice-presidente eleita Kamala Harris vai entrar para a história como a primeira mulher, a primeira pessoa negra e a primeira de origem asiática a ocupar o cargo nos Estados Unidos.

A definição da vitória veio após Biden garantir os 20 delegados da Pensilvânia. A apuração de novos votos no estado no início da tarde deste sábado (7) dava vantagem de mais de 30 mil votos para Biden, com isso, a imprensa americana considerou que uma virada de Trump no estado não seria mais possível.

"Esse é o tempo de curar na América", disse Biden em seu primeiro discurso à nação como presidente eleito, na noite deste sábado em Wilmington, Delaware.

O democrata mandou uma mensagem de reconciliação e unidade para o país, defendendo que agora é a hora de os dois lados "voltarem a se ouvir".

"Para todos vocês que votaram para o presidente Trump, compreendo o seu desapontamento nesta noite. Eu mesmo perdi algumas vezes, mas agora vamos dar uma chance uns aos outros", afirmou. "É hora de deixar de lado a retórica dura, baixar a temperatura", disse Biden. "Precisamos parar de tratar nossos oponentes como inimigos. Eles não são nossos inimigos, eles são americanos", pontuou o presidente eleito.

Kamala Harris se dirigiu às jovens mulheres em seu discurso. "Eu posso ser a primeira mulher nesse cargo, mas não serei a última", garantiu. Ao povo americano, Kamala afirmou que, independentemente de quem foi a escolha na votação, ela será uma vice-presidente para todos, destacando os desafios da recuperação econômica, superação do racismo e a questão ambiental.

Contagem de votos

Na noite deste sábado, Biden conta com 279 votos de delegados no Colégio Eleitoral, contra 214 de Donald Trump. São necessários os votos de pelo menos 270 delegados para vencer a eleição para a presidência dos Estados Unidos. Em quatro estados ainda não é possível saber quem sairá vencedor da disputa: Alaska (3 delegados) e Carolina do Norte (15), estados em que Trump lidera; e Geórgia (16 delegados) e Arizona (11), onde Biden está à frente. Algumas redes, como a Associated Press e a Fox News, já consideram Biden o vencedor da disputa no Arizona.

Apesar das dificuldades impostas pela pandemia de coronavírus, a participação dos eleitores americanos bateu recordes em 2020. No voto popular, Biden tem mais de 75 milhões de votos (50,6%), contra 70,7 milhões (47,7%) de Trump, segundo a Fox News.

A contagem até aqui confirma os resultados previstos pelas pesquisas, mas as disputas foram mais acirradas do que as pesquisas indicavam. Trump venceu em estados importantes, como Flórida, Ohio e Texas. Mas Biden conseguiu reconquistar os estados do "muro azul" – Wisconsin, Michigan e Pensilvânia – que em 2016 elegeram Trump.

Foram mais de três dias de indefinição com a demora para a contagem dos votos enviados pelo correio, modalidade escolhida por grande parte dos eleitores - especialmente os democratas - que procuraram evitar filas e aglomeração em locais de votação em meio à pandemia.

Vitória contestada

Trump não fez aparições públicas neste sábado e não reconheceu a vitória de seu adversário. O republicano estava em seu campo de golf na Virgínia quando a imprensa declarou a vitória de Biden. Mais tarde, pelo Twitter, Trump contestou o resultado e alegou que há fraudes no processo eleitoral, sem mostrar provas. Ele é o primeiro presidente americano que não garantiu um segundo mandato desde 1993, quando o republicano George H. W. Bush perdeu a reeleição. Trump é o 11º da lista de presidentes que não foram reeleitos na história dos EUA.

"O fato é que esta eleição está longe de terminar", disse comunicado da campanha de Trump divulgado neste sábado. "Joe Biden não foi certificado o vencedor de nenhum estado, menos ainda de estados altamente disputados que terão recontagens obrigatórias, ou estados onde nossa campanha tem desafios legais válidos e legítimos que podem determinar o vencedor final".

Trump abriu batalhas judiciais na apuração dos votos de vários estados, incluindo Wisconsin, Michigan, Georgia, Nevada e Pensilvânia.

O comentarista Chris Wallace, da Fox News, disse neste sábado que é improvável que o presidente Trump tenha sucesso em suas várias ações legais que contestam os resultados da eleição. "Até o momento pelo menos não vemos nada que deve chegar ao nível de fraude séria e certamente não uma fraude séria que mudaria o resultado das eleições", disse o comentarista, ressaltando que o presidente tem o direito de buscar ações legais e que outros candidatos já fizeram isso no passado.

Apoiadores do presidente Trump foram às ruas de várias cidades americanas protestar contra a eleição de Biden. "Isso não acabou!" e "Parem o roubo!", cantaram os grupos de manifestantes em Atlanta, Austin, Phoenix, Harrisburg, entre outras cidades.

Desafios do novo governo

Joe Biden e Kamala Harris terão pela frente o desafio de lidar com uma nação profundamente dividida, a contestação judicial dos resultados da eleição e com os impactos sociais e econômicos da pandemia de Covid-19.

O mundo deve ver uma mudança de postura da Casa Branca em políticas domésticas e em estratégias de relações internacionais. A plataforma de Joe Biden e Kamala Harris foi considerada por analistas a mais progressista da história do Partido Democrata.

Na política externa, em contraste com a postura "American First" de Trump, o novo governo democrata deve adotar uma postura de maior cooperação multilateral e ações com aliados para lidar com as ameaças globais que incluem o crescimento da agressividade da China e provocações da Rússia.

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