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Com o republicano Donald Trump tomando posse nesta segunda-feira (20), empresas que administram prisões privadas e centros de detenção nos Estados Unidos já estão se preparando para lucrar com a promessa do novo chefe da Casa Branca de realizar a maior operação de deportação da história do país.
A estratégia de Trump, que pretende inicialmente priorizar a deportação de imigrantes ilegais com antecedentes criminais ou passagens pela Justiça, deve gerar uma demanda significativa por infraestruturas de detenção localizadas no território americano.
Para atender esta demanda, empresas como a GEO Group e a CoreCivic, principais fornecedoras de centros de detenção e prisões privadas para o governo dos EUA, já começaram a intensificar seus preparativos.
Segundo informações da mídia dos EUA, George Zoley, fundador da GEO Group, conversou recentemente com investidores e descreveu a situação como “uma oportunidade sem precedentes”. Zoley citou que a empresa pode duplicar a capacidade atual de suas prisões e centros de detenção – aumentando significativamente seus lucros, que podem alcançar os US$ 400 milhões em receitas anuais. Atualmente, a GEO Group é responsável por cerca de 40% dos imigrantes detidos sob custódia do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês, órgão responsável por controlar a imigração e as fronteiras americanas).
Em 2024, Wayne Calabrese, diretor de operações da GEO Group, disse que a empresa já garantiu ao ICE que possui também a capacidade de expandir rapidamente suas operações para “monitorar e supervisionar centenas de milhares, ou até milhões de indivíduos”, caso isso também seja necessário.
Desde a eleição de Trump, as ações da GEO Group subiram mais de 80%, impulsionadas pela expectativa de crescimento no setor.
A CoreCivic também anunciou seus planos de expandir suas operações, que podem incluir a reativação de centros de detenção que atualmente estão sendo utilizados para abrigar famílias de imigrantes. Damon Hininger, CEO da empresa, afirmou que ela já identificou também novos locais que podem ser usados como centros de detenção e que está disposta a criar locais para acolher crianças imigrantes desacompanhadas.
“Podemos lidar com essa população de forma segura e humana”, disse Hininger.
Economia de recursos públicos
Tom Homan, escolhido por Trump como “czar da fronteira” para liderar a operação de deportação, afirmou à imprensa americana, após a vitória do republicano, que o aumento das deportações exigirá uma expansão significativa na capacidade do país de custodiar pessoas.
Homan lembrou que o novo governo Trump precisará de “uma quantidade massiva de celas de detenção” para lidar com os imigrantes que estarão aguardando o processo de deportação. O próximo chefe do ICE destacou a necessidade de deter imigrantes como parte do processo que viabiliza a retirada deles dos EUA.
“Não podemos simplesmente colocá-los em um avião”, afirmou. “Há um procedimento que precisa ser seguido: é necessário entrar em contato com o país de origem, que deve concordar em recebê-los, e esse processo pode levar dias ou até semanas. Por isso, é essencial termos recursos de detenção disponíveis.”
Nesse contexto, Homan defendeu o papel das empresas privadas que administram centros de detenção e prisões privadas, afirmando que “o uso de contratantes externos, cuja principal função é operar essas instalações, economiza milhões de dólares dos contribuintes e melhora a qualidade do cuidado oferecido aos detidos.”
Apoio de autoridades locais
Governos estaduais e prefeituras também se preparam para apoiar a administração Trump em seu esforço para retirar do país os milhares de imigrantes ilegais. No Texas, autoridades locais ofereceram uma área de 566 hectares para a criação de um novo centro de detenção público, enquanto John Kavanagh, senador republicano pelo estado do Arizona, propôs a aprovação de uma lei para reativar duas prisões do estado, que estão inutilizadas neste momento, para uso exclusivo do ICE, que pagaria apenas US$ 1 por ano para administrar os locais.