O Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou nesta segunda-feira (24) que acusou 13 funcionários chineses e supostos agentes de inteligência da China de espionagem e abusos em nome do governo de Pequim em território americano.
Entre os acusados, estão dois supostos espiões chineses que os EUA alegam ter interferido em uma investigação federal em Nova York contra uma empresa de telecomunicações, a qual as autoridades não identificaram, mas que a imprensa local indicou ser a Huawei.
O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, fez o anúncio em entrevista coletiva acompanhada pela “número dois” do Departamento de Justiça, Lisa O. Monaco, pelo diretor-geral do FBI, Christopher Wray, e pelo procurador-geral adjunto para a Segurança Nacional, Matthew Olsen.
Garland disse que, segundo as acusações, em 2019 os dois acusados pediram a um agente infiltrado do FBI para que roubasse informações confidenciais sobre o processo dos EUA contra uma empresa de telecomunicações sediada na China.
Os dois supostos espiões chineses pensavam ter recrutado com sucesso um funcionário americano como ativo, quando na realidade estavam recrutando um agente duplo do FBI a serviço dos EUA.
Garland acrescentou que os supostos espiões chineses subornaram o agente duplo para obterem dados não públicos, como arquivos da Procuradoria-Geral dos EUA para o Distrito Leste de Nova York, para terem acesso à estratégia da acusação e a informações confidenciais sobre testemunhas no caso contra a empresa chinesa de telecomunicações.
O agente do FBI forneceu documentos que aparentemente eram verdadeiros, quando na realidade tinham sido preparados pelo governo dos EUA para acusá-los de espionagem.
Por outro lado, o procurador-geral dos EUA observou que em um tribunal no distrito de Nova Jersey foi revelada outra acusação contra quatro indivíduos, três deles do serviço secreto chinês, por supostamente “conspirarem para agir nos EUA como agentes ilegais em nome de um governo estrangeiro”.
“A acusação alega que, entre 2008 e 2018, os acusados utilizaram um suposto instituto acadêmico chinês como fachada para recrutar indivíduos para os EUA e outras missões de inteligência chinesas”, contou Garland.
Entre outras missões, supostamente tentaram obter tecnologia e equipamentos dos EUA para enviar à China e tentaram atrapalhar protestos em solo americano que “teriam envergonhado o governo chinês”, disse o procurador-geral dos EUA.
Além destes dois processos abertos, também há um terceiro, na Corte do Distrito Leste de Nova York, no qual o governo apresentou acusações contra sete indivíduos que supostamente trabalhavam para Pequim por “ameaçar, assediar e forçar um residente dos EUA a retornar à China”.
“Na quinta-feira passada, prendemos dois dos acusados”, comentou Garland, acrescentando que a China localiza frequentemente suspeitos fugitivos do país em outras partes do mundo para forçá-los a voltar para casa.
“Como estes casos demonstram, o governo chinês buscou interferir com os direitos e liberdades dos indivíduos nos EUA e minar o nosso sistema judicial, que protege esses direitos”, disse Garland, ressaltando que o Departamento de Justiça “não tolerará” os esforços de qualquer poder estrangeiro para minar a aplicação da lei.
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