Estados Unidos e Cuba concretizaram ontem o restabelecimento de suas relações diplomáticas com a abertura das embaixadas em Washington e Havana, sob protestos de cubanos exilados nos EUA. No dia histórico, em que os dois países retomaram relações após 54 anos, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, adiantou que seu país não tem a intenção de alterar o contrato de concessão em relação à base na Baía de Guantánamo, em Cuba
Sem bandeira
O Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana se tornou oficialmente a embaixada do país em Cuba às 00h01 de ontem, como combinado entre os dois países, mas sem uma cerimônia. O secretário de Estados dos EUA, John Kerry, viajará a Havana no 14 de agosto para comandar um evento marcando a reabertura formal da embaixada norte-americana na capital cubana. A bandeira dos EUA não tremulará na embaixada até a visita de Kerry. Os países romperam oficialmente relações em 1961, dois anos após a revolução que levou Fidel Castro ao poder na ilha.
A devolução da área onde fica a base, no sul da ilha, foi uma das exigências do presidente cubano, Raul Castro, na semana passada, para o restabelecimento total das relações. Ele pediu ainda a suspensão dos embargos impostos à ilha.
Segundo Kerry, os EUA não têm a intenção, neste momento, de devolver a base. Ele fez a declaração ao lado do ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em Washington. Kerry disse ainda que os dois países têm “muito a ganhar” ao incentivar viagens e o fluxo livre de informações, além da retomada do comércio e da flexibilização das visitas familiares.
Rodríguez presidiu a reinauguração da embaixada cubana em Washington, um marco no restabelecimento diplomático iniciado com o anúncio do presidente norte-americano, Barack Obama, e de Raúl Castro, em 17 de dezembro.
A embaixada cubana foi reaberta às 10h36 (11h36 de Brasília) no casarão da Rua 16, no centro de Washington, e a bandeira cubana foi hasteada pela primeira vez desde que as relações foram rompidas, em 1961.
Entre as cerca de 200 pessoas que testemunharam o momento histórico, a maioria era a favor da reaproximação, mas houve protestos. Um homem que se identificou como Danilo Maldonado se sujou de tinta vermelha para simbolizar “o sangue derramado pela ditadura castrista”. A segurança reforçada atrasou a entrada de diplomatas e convidados. Muitos assistiram ao discurso do chanceler Bruno Rodríguez pelo telão colocado na entrada da embaixada. Também houve protestos em Miami, na Flórida, que abriga milhares de cubanos exilados.
Deixe sua opinião