Os Estados Unidos não viram problema no fato de o Irã iniciar ontem, com a ajuda da Rússia, o abastecimento do reator nuclear da usina de Bushehr, que deve começar a operar no próximo ano. Ao contrário, de acordo com os norte-americanos, isso deixa claro que o regime de Teerã pode ter acesso à energia atômica sem a necessidade de enriquecer urânio.
Segundo o acordo entre Moscou e Teerã, apenas combustível nuclear fornecido pela Rússia poderá ser utilizado na usina iraniana, que atrasou meses para ser inaugurada. O urânio enriquecido pelos iranianos não poderá servir como combustível para o reator. Caso contrário, violará os contratos assinados entre a Rússia e o Irã.
Além disso, não há como converter a usina para a produção de bomba atômica. O urânio usado em Bushehr foi enriquecido apenas a 3,5%, bem menos do que os 90% necessários para a bomba. Segundo autoridades iranianas, os fins são civis e buscam ampliar o uso de energia nuclear. "Este dia será lembrado porque é a data em que o reator começou a funcionar", disse em meio a celebrações Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã na usina.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley, disse que "o fornecimento de combustível pela Rússia é o modelo que o Irã deveria seguir caso queira seguir com a sua ambição para energia nuclear civil". Segundo ele, "o que é mais interessante sobre Bushehr é que o Irã não precisa ter capacidade de enriquecimento doméstico caso suas intenções sejam meramente pacíficas".
Independência
O regime de Teerã discorda de que o modelo russo deva ser o único a ser seguido. Autoridades declaravam ontem que a meta é ter cerca de 20 usinas como Bushehr, capaz de produzir cerca de 1.000 megawatts, para aumentar o uso de energia atômica no Irã. Para alcançar este objetivo, os iranianos dizem ser necessário enriquecer internamente urânio, sem necessidade de depender dos russos.
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