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Os Estados Unidos reconheceram nesta segunda-feira o resultado da polêmica eleição presidencial de domingo em Honduras, mas disseram que o pleito representou apenas um passo parcial em direção da restauração da democracia depois do golpe de Estado de junho.
O Departamento de Estado norte-americano cumprimentou o conservador Porfírio Lobo por sua eleição, mas disse que o Congresso de Honduras ainda precisa votar a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya, ao poder e a formação de um governo de unidade nacional.
"Embora a eleição seja um passo significativo na volta de Honduras à ordem democrática e constitucional, é apenas um passo, e não o último passo", disse o secretário-assistente de Estado para as Américas, Arturo Valenzuela.
Desde antes da votação os EUA diziam que a eleição seria a melhor forma de resolver a crise política hondurenha, uma posição que irritou diversos países latino-americanos, inclusive o Brasil, que consideram o pleito inválido por ter sido organizado por um governo golpista.
O Brasil e seus aliados queriam a restituição de Zelaya antes da votação para que ele cumprisse o restante do seu mandato, que termina em janeiro. Agora, o próprio Zelaya diz que não aceitará a restituição para não legitimar a eleição organizada pelos golpistas.
O oposicionista Lobo obteve cerca de 55 por cento dos votos, derrotando facilmente o candidato do Partido Liberal (governista), Elvin Santos. Zelaya havia convocado seus seguidores a boicotarem a eleição, mas o comparecimento às urnas foi superior a 60 por cento.
Entidades de direitos humanos dizem que a repressão a órgãos de imprensa e a passeatas favoráveis a Zelaya durante a campanha colocaram em dúvida a validade da votação.
"Zelaya é passado"
Lobo, um latifundiário de 61 anos, se irritou ao ser questionado por jornalistas sobre o futuro de Zelaya. "Estou feliz olhando o futuro, e vocês (perguntando sobre) 'Zelaya'. Zelaya é história, ele é parte do passado".
Ele pediu aos governos latino-americanos que reconheçam sua vitória, mas afirmou que "para nós, a relação internacional mais importante que temos é obviamente com os Estados Unidos".
O presidente eleito disse que os governos que não reconhecerem a votação "estão punindo as pessoas que foram votar, que fazem isso a cada quatro anos e não têm nada a ver com o (golpe) que aconteceu em 28 de junho".
Ainda no domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "o Brasil manterá sua posição (de não reconhecer a eleição), porque não é possível aceitar um golpe".
Zelaya está há mais de dois meses refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, o que dá ao Brasil uma condição de protagonista numa região tradicionalmente dominada pela influência dos EUA.
A crise ameaça os esforços do presidente Barack Obama de "relançar" as relações dos EUA com a América Latina. "Este é um péssimo começo em termos das relações EUA-América Latina", disse Larry Birns, diretor da entidade Conselho de Assuntos Hemisféricos.
"O necessário aqui era que os Estados Unidos tivessem de adotar o princípio que foi importantíssimo para a América Latina depois da experiência que teve no final da década de 1970 e na década de 1980 - que os militares não podem interferir no governo civil", afirmou.
Acompanhando a posição brasileira, Argentina e Venezuela, entre outros governos, se opuseram à eleição hondurenha. Panamá, Peru e Costa Rica reconheceram o pleito.
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