Londres - A União Europeia (UE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o governo grego tentaram ontem ganhar tempo para encontrar uma saída e evitar o que muitos acreditam ser inevitável: um tipo de calote na dívida do país.
A UE e o FMI anunciaram que irão liberar a nova parcela de 12 bilhões de euros (R$ 27 bilhões) que a Grécia tem a receber do empréstimo de 110 bilhões de euros (R$ 249 bilhões) acertado em maio de 2010.
Também afirmaram que um novo empréstimo, que pode passar de 120 bilhões de euros (R$ 270 bilhões), deverá ser aprovado no início do próximo mês. Isso afastaria o risco de calote pelo menos até o mês de setembro.
O primeiro-ministro grego, George Papandreou, que muitos acreditam estar com os dias contados no cargo, afirmou que não irá renunciar. "Vocês podem confiar em mim, e eu irei apoiar o esforço nacional para tirar a Grécia da crise", afirmou.
Sem controle
A situação grega se agrava a cada dia. O empréstimo obtido há 13 meses não foi suficiente para acalmar os mercados, que exigem juros cada vez mais altos para rolar a dívida do país, que só aumenta.
O governo já adotou uma série de medidas para cortar os gastos, mas o resultado tem sido aumento do desemprego (que passa dos 15%) e desaceleração da economia.
A insatisfação popular também cresce, junto com o número de greves gerais e protestos, como a realizada anteontem, e a pressão política da oposição.
O governo agora precisa aprovar no Parlamento um novo pacote, que inclui mais impostos, cortes de funcionários e privatizações. Mas há insatisfação mesmo no partido governista.
Nas ruas, manifestantes proclamam aos gritos que já é hora de dar um calote na dívida e romper com o euro, a moeda comum de 17 países da União Europeia.
O temor de que isso aconteça atinge as economias de outros países do continente. A Espanha, por exemplo, pagou os juros mais altos em 11 anos para vender títulos de dez anos no mercado (5,75%, quando a Alemanha, referência no continente, paga 2,92%).
No caso da Grécia, os juros exigidos passam de 17%.
Divergências
As principais economias europeias não chegam a um consenso sobre um novo empréstimo à Grécia. Enquanto a Alemanha defende que todos os países do bloco devem socorrer o parceiro, o governo britânico reluta em usar o dinheiro dos contribuintes para esse fim.
Os britânicos insistem em não se envolver com a crise grega, argumentando que se trata de um problema exclusivo da zona do euro, da qual não fazem parte. Em contrapartida, autoridades alemãs afirmaram que os 27 países da região têm o dever de contribuir com o resgate.
"Nós não queremos fazer parte de qualquer segundo pacote de assistência europeu para a Grécia", declarou um porta-voz do Tesouro britânico.
Segundo o site do jornal Le Monde, o presidente francês Nicolas Sarkozy, preferiu um discurso conciliador e pediu aos países europeus para "exercer um espírito de responsabilidade e de senso de compromissos necessários" para defender o euro, ameaçado pela contínua crise da dívida grega.