Quinze facções palestinas se reuniram ontem no Cairo e chegaram a um acordo de reconciliação que abrirá o caminho para eleições em um ano nos territórios palestinos. Representantes das facções, incluindo o Partido Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e o grupo islâmico Hamas, bem como figuras políticas independentes, chegaram ao acordo após conversas com autoridades egípcias. O acordo entre o Hamas e o Fatah deverá ser oficialmente assinado hoje.
Um rascunho do texto do acordo, obtido pela agência Associated Press, fixa o objetivo de "acabar com as divisões" e promete eleições parlamentares e presidenciais em um ano, embora deixe de fora algumas questões importantes, como o controle das forças de segurança e as relações futuras com Israel, não resolvidas.
Mas a reconciliação pode implicar no fim das expectativas de conversações de paz com Israel, que considera o Hamas uma organização terrorista e afirma que não vai negociar com um governo que inclua o Hamas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reagiu pedindo para Abbas "cancelar completamente" o acordo de reconciliação, que chamou de "duro golpe ao processo de paz".
Netanyahu lembrou a recusa do Hamas em reconhecer o direito de existência de Israel, bem como o fato de o grupo ter condenado o assassinato de Osama bin Laden por forças norte-americanas. "Como é possível chegar à paz com um governo se metade dele pede a destruição do Estado de Israel e até elogia um assassino como Bin Laden?", disse Netanyahu.
Os palestinos querem Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado independente, que deve incluir a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, opondo-se aos assentamentos israelenses nessas regiões. Israel e os palestinos relançaram as conversas de paz em setembro, para encerrá-las três semanas depois, pela recusa dos israelenses em interromper as construções em assentamentos judaicos na Cisjordânia.
O acordo entre o Hamas e o Fatah acaba com uma divisão interna dos palestinos que começou em 2007, quando o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza. Isso resultou na formação de um governo comandado pelo Hamas na Faixa de Gaza e de outro, com algum grau de reconhecimento internacional, da ANP sobre a Cisjordânia. O movimento Fatah controla a ANP. Os palestinos pretendem estabelecer um Estado independente nos dois territórios tendo Jerusalém Oriental como capital.
Após a assinatura do acordo nesta quarta-feira, as facções terão de trabalhar para resolver questões difíceis como a escolha de um primeiro-ministro, a união das forças de segurança que lutaram entre si apenas quatro anos atrás e a formulação de políticas para Israel.
Deixe sua opinião