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Estado de emergência

Governo quirguiz tenta conter tumultos e recebe ajuda russa

Usbeques diante dos corpos de pessoas mortas durante o fim de semana no subúrbio de Osh. Desde quinta-feira, dezenas de milhares deixaram suas casas com medo da onda de violência | Andrey Stenin/AFP
Usbeques diante dos corpos de pessoas mortas durante o fim de semana no subúrbio de Osh. Desde quinta-feira, dezenas de milhares deixaram suas casas com medo da onda de violência (Foto: Andrey Stenin/AFP)

A violência étnica no sul do Quir­­guistão aumentou ontem. A Rús­­sia enviou paraquedistas para proteger instalações militares e o governo quirguiz ordenou que o Exército atire para matar, numa tentativa de controlar a situação.

A ordem é válida nas regiões em que foi declarado estado de emergência, para defender civis e para defesa própria, e em caso de ataques em massa ou armados, segundo o decreto. O documento vale a partir de sua assinatura até o momento em que o estado de emergência for revogado.

A ação de Moscou se seguiu a uma negativa, na véspera, do presidente russo, Dimitri Medvedev, de enviar uma força de paz ao país. A razão da mudança de postura no curto período de tempo não foi divulgada.

Autoridades quirguizes disseram que ao menos 113 pessoas foram mortas e 1.200 ficaram feridas desde que a violência começou na cidade de Osh, na quinta-feira.

Históricos

Os confrontos, os piores no país da Ásia central em mais de duas décadas, ocorreram principalmente entre membros das etnias usbeque e quirguiz.

A imprensa russa informou que 75 mil refugiados usbeques fugiram pela fronteira com o Us­­bequistão em busca de proteção.

O temor de que o país possa seguir o exemplo do vizinho Afe­­ganistão e mergulhar em um caos sangrento aflige a região centro-asiática, onde Rússia, China e Estados Unidos têm interesses.

O sul do Quirguistão, etnicamente misto, com uma minoria usbeque e uma maioria quirguiz, tem sido o ponto de partida para desordens na nação desde o golpe de Estado, em abril, que derrubou do poder o então presidente Kur­­manbek Bakiev.

Autoridades acusam seguidores de Bakiev – que tem sua base política justamente no sul do país – de dar início aos tumultos para enfraquecer o governo interino.

Ontem, ele classificou a acusação de uma "mentira desonrosa", e disse que o "Quirguistão está em perigo de perder sua soberania".

A presidente interina, Roza Otunbaieva, reconheceu que o governo perdeu o controle de Osh, cidade de 250 mil habitantes (a capital do país é Bisqueque), mesmo tendo mandado soldados, tanques e helicópteros para conter o tumulto. No sábado, a violência chegou a Jalalabad, a segunda maior cidade do sul do país, levando o governo interino a declarar estado de emer­­gência em toda a região.

"A situação em Osh está fora de controle", disse Roza Otunbaieva. "Tentativas de estabelecer diálogo fracassaram. Lutas e confrontos continuam. Precisamos de forças externas para conter os conflitos. Nesse contexto, nos voltamos pa­­ra a Rússia."

Em resposta, a porta-voz do Kremlin, Natalia Timakova, disse que o conflito é uma questão in­­terna, e que "a Rússia não vê condições de participar da estabilização [enviando tropas]".

Porém, no fim de semana, um avião enviado pela Rússia com aju­­da humanitária chegou ao Quir­­guistão. E, ontem, o governo russo decidiu mandar 150 paraquedistas pa­­­­ra reforçar a proteção das instalações e do pessoal militar – cerca de 500 soldados – que mantém em Kant, norte do país.

Cerca de 200 usbeques protestaram na sede do governo russo em favor de uma intervenção.

Apoio

Os Estados Unidos disseram que apoiam os "esforços coordenados das Na­­ções Unidas e da Or­­ga­­ni­zação pa­­ra Segurança e Coope­­ração da Europa para facilitar a paz e a or­­dem", e disse que pediu aos cidadãos americanos no Quir­­­­guis­­tão para manter contato com a em­­bai­­xada.

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