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Várias autoridades envolvidas nas negociações da guerra no Oriente Médio confirmaram nesta quarta-feira (15) que Israel e Hamas aceitaram um acordo de trégua na Faixa de Gaza que, entre outras coisas, estabelece a libertação de dezenas de reféns mantidos em cativeiro pelo grupo terrorista palestino há mais de 15 meses.
Três oficiais familiarizados com o assunto contaram à agência Associated Press (AP) que a implementação do acordo é esperada para os próximos dias. Todos os três pediram anonimato para discutir os "contornos" do acordo antes do anúncio oficial pelos mediadores em Doha, no Catar.
Uma fonte da Casa Branca, consultada pelo jornal The New York Times, sob condição de anonimato, informou que o cessar-fogo está definido para entrar em vigor "imediatamente".
De acordo com a pessoa ligada ao governo de Joe Biden, a primeira fase da trégua terá duração de seis semanas. Os reféns começarão a ser libertados durante essa primeira etapa, apesar de não ter ficado claro quando isso poderia acontecer.
Ainda de acordo com o Times, se implementado, o acordo permitirá a libertação de reféns israelenses mantidos em Gaza em troca de prisioneiros palestinos em Israel.
A trégua envolveria três fases, que teriam início com a libertação de 33 mulheres, crianças, idosos e civis feridos em troca de centenas de mulheres e crianças palestinas presas em Israel. Soldados e outros homens em cativeiro seriam libertados na segunda fase, segundo a agência AP.
Autoridades israelenses disseram ao Times que o documento ainda precisa ser formalmente ratificado pelo gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e há ainda "detalhes técnicos" que precisam ser trabalhados entre os lados. Duas outras autoridades disseram que houve uma disputa de última hora sobre a fronteira Egito-Gaza, que as forças israelenses têm controle atualmente.
O gabinete de Netanyahu emitiu um comunicado com uma série de cláusulas do acordo que ainda não foram resolvidas, segundo o premiê, mas que se espera que "sejam resolvidas ainda esta noite".
Embora o acordo possa ser anunciado ainda nesta quarta-feira, de forma oficial, a imprensa israelense diz que as partes estão tentando resolver as exigências de última hora do Hamas em relação ao Corredor Filadélfia, a faixa de 14 quilômetros na fronteira entre Gaza e Egito.
Por sua vez, fontes próximas às negociações garantiram à Agência EFE que as partes se aproximaram esta tarde em relação à gestão do corredor, uma das principais discrepâncias nas negociações há meses.
As partes teriam concordado com a retirada gradual das tropas israelenses da cidade de Rafah, no sul, na fronteira com o Egito, na primeira fase. Na segunda e terceira fases, Israel e Hamas negociariam a retirada das tropas do Corredor Filadélfia.
O governo de Israel estima que cerca de 100 pessoas ainda estão em cativeiro dentro de Gaza. Desse número, acredita-se que pelo menos um terço esteja morto.
Trump comenta finalização de acordo de cessar-fogo
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, foi um dos primeiros a comemorar a trégua alcançada. "Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Serão libertados em breve. Obrigado!", declarou o republicano em sua rede social, a Truth Social.
Em uma mensagem posterior, Trump disse que "este épico acordo de cessar-fogo" aconteceu graças à sua vitória nas eleições, uma vez que seu triunfo demonstrou ao mundo que seu futuro governo "buscará a paz e negociará acordos para garantir a segurança de todos os americanos".
O atual presidente dos EUA, Joe Biden, que deve discursar à nação na noite desta quarta-feira, no Salão Oval da Casa Branca, ainda não comentou o assunto.
O próximo presidente americano também declarou que seu governo trabalhará "em estreita colaboração" com Israel para "garantir que Gaza nunca mais se torne um refúgio para terroristas".
"Conquistamos tanto sem nem estar na Casa Branca ainda. Imagine todas as coisas maravilhosas que acontecerão quando eu voltar para a Casa Branca", acrescentou o republicano.
Israelenses e palestinos comemoram acordo
Parentes e amigos de reféns israelenses, ainda mantidos em cativeiro em Gaza, foram às ruas em uma manifestação na cidade de Tel Aviv, nesta quarta-feira, pedindo a conclusão imediata do acordo.
Centenas de pessoas se reuniram do lado de fora de uma sede militar na cidade. Alguns seguravam cartazes de reféns mantidos pelo Hamas no enclave palestino desde o dia 7 de outubro de 2023, enquanto outros levantavam velas no ar.
Em Gaza, alguns moradores também receberam a notícia com comemorações. Segundo o New York Times, foram ouvidos "tiros comemorativos" após relatos de que um acordo de cessar-fogo havia sido fechado.
Além disso, o jornal Times of Israel afirmou que membros do Hamas foram vistos desfilando na Faixa de Gaza com armas após as primeiras notícias de um cessar-fogo.
FDI prepara operação especial para receber reféns
As Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram que estão preparando uma operação militar especial, chamada “Asas da Liberdade”, para receber os reféns resgatados das mãos do Hamas.