Chegou a 103 ontem o número de palestinos mortos na Faixa de Gaza pela operação militar israelense Limite Protetor. Entre as vítimas, mais de 20 crianças.
Os ataques despertaram reações internacionais em todas as partes, a maioria pressionando Israel a encerrar a ação, e algumas inflamadas, como a do primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que acusou o governo israelense de mentir e indagou se "algum foguete do Hamas matou alguém?".
O governo do Líbano chamou o Brasil a se posicionar contra Israel. O presidente dos EUA, Barack Obama, se disse disposto a mediar um cessar-fogo, ressaltando que Israel tem o direito à autodefesa. Mas o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, não se mostrou disposto a ceder aos apelos.
"Nenhuma pressão internacional nos impedirá de revidar contra os terroristas que nos atacam", afirmou Netanyahu durante uma coletiva de imprensa no Ministério da Defensa, em Tel Aviv.
A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse, em comunicado, ter "sérias dúvidas sobre se os ataques israelenses estão de acordo com o direito humanitário internacional" que proíbem ataques a civis. Até agora, houve mais de 1,1 mil bombardeios de Israel contra cerca de 550 foguetes disparados pelo grupo fundamentalista Hamas.
Na cidade israelense de Ashdod, um morteiro lançado de Gaza explodiu um posto de combustíveis, deixando oito civis feridos. No norte do país, um foguete disparado do Líbano atingiu um descampado em Kyriat Shmona, sem vítimas. Um porta-voz militar israelense disse que não pareceu um ataque do Hezbollah, mas sim de alguma organização querendo demonstrar apoio ao Hamas.
Palestinos e israelenses têm "guerra virtual"
Paralela ao conflito real, israelenses e palestinos travam uma guerra virtual. Vídeos de propaganda e ameaças mútuas circulam na internet. Hackers palestinos usam o Twitter e enviam mensagens de texto por celular com notícias falsas, além de invadir redes sociais para postar informações irreais.
O Hamas divulgou um vídeo no YouTube, em hebraico, onde se ouve: "Sionistas, lembram dos mísseis que fizeram Tel Aviv e o Parlamento israelense tremerem? Temos milhares deles".
Em resposta, israelenses produzem vídeos para explicar as ações do país ao mundo ou ironizar os clipes palestinos. Um vídeo, feito por estudantes da Faculdade Kiryat Ono, mostra um míssil voando em direção a Nova York, quando surge o Homem de Ferro, que consegue afastar o projétil no momento em que se chocaria contra um arranha-céu. E finaliza com a frase: "Em Israel, não há super-herói. Só realidade".
Outro vídeo, anônimo, que apareceu ontem na internet, parodia clipes palestinos, num hebraico tosco proposital: "Balestina [sic], escute! Essa é um aviso para Gaza! Sionistas fazem vídeo amedrontam Gaza [sic]! Preparem-se, é só o começo!".
No contra-ataque da propaganda, milhares de israelenses receberam mensagens em celulares, ontem, supostamente do respeitado jornal Haaretz, com a falsa notícia num inglês duvidoso de que 25 israelenses morreram em ataque a uma fábrica de Haifa, maior cidade do norte de Israel.
A mensagem seria obra do Hamas. Imediatamente, o Haaretz enviou e-mails aos assinantes alertando da farsa.