Japão e União Europeia (UE) lançaram uma nova e abrangente parceria de segurança, a primeira desse tipo entre a UE e um país do Indo-Pacífico, visando fortalecer a cooperação em diversas áreas de defesa e segurança frente às ameaças crescentes de China, Coreia do Norte e Rússia.
O acordo foi anunciado em Tóquio, ontem (1º), pelo ministro das Relações Exteriores japonês, Takeshi Iwaya, e pelo chefe da política externa da UE, Josep Borrell.
“Hoje abrimos um novo capítulo em nossas relações. Um novo capítulo que não tem a ver com comércio ou economia, mas com a segurança e a defesa”, afirmou Borrell em coletiva.
A parceria inclui uma série de medidas para reforçar a cooperação em segurança marítima, defesa espacial, segurança cibernética, combate à desinformação estrangeira, ações antiterrorismo, não proliferação e desarmamento nuclear.
O documento da parceria destaca que “a segurança já não se limita aos temas militares e de defesa tradicionais, mas abrange uma gama cada vez mais ampla de dimensões estreitamente vinculadas, como as ameaças cibernéticas e híbridas, o espaço marítimo e exterior, bem como a segurança econômica”.
Segundo Borrell, a nova estrutura aumenta a capacidade de Japão e UE “para fazer frente juntos às ameaças emergentes” e garantir “um futuro em que os valores de democracia, direitos humanos e ordem internacional baseada em normas continuem guiando o caminho”.
Além disso, a parceria estabelece diálogos estratégicos anuais entre Japão e UE no âmbito das relações exteriores e promove o desenvolvimento de novos diálogos sobre áreas de interesse comum, incluindo a avaliação de ameaças no Indo-Pacífico.
As duas partes também estudarão um possível pacto para o compartilhamento de inteligência e reforçarão o intercâmbio de informações sobre a indústria de defesa. A cooperação envolve ainda o compromisso de participação japonesa em missões da UE e a realização de manobras militares conjuntas.
O contexto de agressões recentes reforça a urgência dessa parceria. Na semana passada, a Coreia do Norte testou um novo míssil balístico, o último de uma série de provocações regionais que se estende por décadas.
A China, por sua vez, realizou lançamentos de mísseis sobre Taiwan e nas águas econômicas exclusivas do Japão, embora sem atingir diretamente o território japonês.
No mês passado, um avião russo violou o espaço aéreo japonês em três ocasiões, levando as forças japonesas a responderem com disparos de sinalizadores.
Diante desses incidentes, Japão e UE expressaram “grave preocupação” com a intensificação da cooperação militar entre Coreia do Norte e Rússia, incluindo o envio recente de milhares de tropas norte-coreanas para o território russo.
Borrell, em uma série de visitas estratégicas pela Ásia Oriental, destacou a importância de alianças como resposta aos desafios de segurança global.
“Vivemos em um mundo muito perigoso. Vivemos em um mundo de rivalidades crescentes, acidentes climáticos e ameaças de guerra”, declarou Borrell, enfatizando que “só há um antídoto para este mundo desafiador: as parcerias entre amigos”.
A aproximação entre Japão e UE reflete uma crescente percepção de que a segurança no Indo-Pacífico e na Europa está interligada. Ambos os líderes argumentaram que a continuidade da agressão russa na Ucrânia pode encorajar ações semelhantes por parte da China e Coreia do Norte na Ásia, reforçando a necessidade de alianças estratégicas para preservar a estabilidade regional.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião