A Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão informou nesta segunda-feira (25) que não há dados indicando que água altamente radioativa esteja vazando da usina Daiichi, em Fukushima. A notícia é um sinal de que os esforços para conter a radiação no local estão funcionando. No entanto, a ausência de vazamento também pode significar que água radioativa está se acumulando no interior dos reatores. Caso isso se confirme, seria ainda mais urgente a necessidade de se buscar uma maneira de processar e armazenar a água, subproduto da operação de resfriamento para evitar um superaquecimento dos reatores.
A Tokyo Electric Power (Tepco), proprietária da usina, anunciou na última quinta-feira que 520 toneladas de água altamente radioativa podem ter vazado para o oceano entre os dias 1.º e 6 deste mês, fruto de uma fissura em uma fossa de concreto. O problema foi detectado no último dia 2 e sanado no dia 6. Nesse período, os níveis de radiação no oceano aumentaram bastante perto da usina, mas desde então caíram para níveis próximos do limite permitido, segundo a agência.
Autoridades acreditam que a água contaminada vazou do reator 2 e inundou o porão da estrutura onde fica a turbina do reator, bem como uma valeta por onde passa um cano que leva a água do mar. A estimativa é de que mais de 20 mil toneladas de água permaneçam no porão e nessa valeta. Há uma operação em andamento para drenar essas instalações desde 19 de abril.
Até as 7 horas (horário local) desta segunda-feira haviam sido transferidas 1.410 toneladas de água para uma estrutura apropriada. A Tepco quer dobrar o ritmo dessa operação de drenagem, mas isso pode representar riscos. Foram detectados níveis elevados de radiação - 160 millisieverts - na superfície do cano que transporta a água contaminada. Isso pode representar um risco para os trabalhadores envolvidos na operação de drenagem.
Além disso, há um espaço limitado para estocar a água. Com isso, a Tepco se apressa para construir uma estação de tratamento na usina, para que a água possa ser transferida para outro local ou reutilizada a fim de resfriar os reatores. Outra operação em andamento é para a retirada de escombros, deixados pelo terremoto e tsunami ocorridos em 11 de março e por explosões posteriores na usina. Alguns desses escombros têm alta quantidade de radiação. Eles estão sendo retirados com a ajuda de equipamentos controlados por controles remotos.
Segundo a Agência de Segurança Nuclear e Industrial, alguns dos escombros atrapalham o trabalho para injetar nitrogênio nos reatores 2 e 3, a fim de se evitar qualquer risco de novas explosões de hidrogênio. No reator 1, o nitrogênio tem sido injetado desde 11 de abril.
Um novo complicador é a aproximação da temporada de chuvas no Japão, que geralmente começa em junho. A chuva pode atrapalhar os esforços para remoção de água radioativa e os reparos nos reatores danificados. As informações são da Dow Jones.
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