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Violência

Kadafi é cercado em Trípoli; oposição controla leste do país

Prédio das forças de segurança do regime líbio foi tomado por manifestantes na cidade de Benghazi | Asmaa Waguih/Reuters
Prédio das forças de segurança do regime líbio foi tomado por manifestantes na cidade de Benghazi (Foto: Asmaa Waguih/Reuters)
Veja no infográfico quais são as cidades tomadas pelos insurgentes |

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Veja no infográfico quais são as cidades tomadas pelos insurgentes

São Paulo - Forças antigoverno fecharam o cerco ontem ao ditador da Líbia, Muamar Kadafi. Após uma se­­mana de choques, opositores reivindicam controle do leste do país e da fronteira com a Tunísia, cercando o governo em Trípoli. Se­­gundo relatos, milhares de mercenários de países vizinhos contratados por Kadafi dirigiam-se para a capital a fim de garantir o controle sobre o aparentemente último reduto da ditadura líbia.

Em novo sinal de implosão do regime, dois pilotos da Força Aé­­rea líbia ejetaram-se de seus caças Sukhoi no deserto após rejeitarem ordens para atacar a cidade de Benghazi, segunda maior da Líbia e sob controle opositor.

Um deles, relataram moradores de Breqa – cidade próxima ao local onde eles caíram de paraquedas – ao site Quryna, pertence à mesma tribo de Kadafi, indício de deserção em uma das principais bases do seu regime.

Após controlarem toda a re­­gião leste a partir de Benghazi desde ao menos a véspera, opositores disseram ter dominado Mis­­ratah, a terceira maior do país, e outras duas cidades no golfo de Sirt – terra do ditador. A oeste de Trípoli, rebeldes anunciaram o controle de cidades a apenas 50 km da capital, embora nessas houvesse ainda relato de combates. Mesmo na capital, no entanto, onde há registro de tiros e violência nas principais vias, opositores se organizavam para estabelecer pauta de reivindicações ao regime.

Embora não seja clara a composição das forças opositoras, estas têm atraído desde intelectuais, juízes, médicos e jornalistas, ou seja, integrantes de uma classe média líbia, a dissidentes de tribos que compõem a intrincada base política do regime.

Entre as reivindicações da oposição tornadas públicas estão uma assembleia nacional com representantes das regiões do país para estabelecer governo interino e o estabelecimento de uma Constituição – que o país não tem.

Mas Kadafi não dá sinais de que pretenda deixar o cargo que ocupa desde 1969, quando chegou ao poder mediante um golpe de Estado. Na segunda-feira, em discurso à tevê estatal de mais de uma hora, o ditador afirmou que só sai como mártir, qualificou os opositores de "drogados’’ e "bêbados’’ e exortou partidários a perseguir os rebeldes "nas suas casas’’.

Ontem, o vice-chanceler líbio, Khaled Kaim, tentou angariar apoio externo afirmando que o leste do país tomado pela oposição já abriga um emirado da rede terrorista Al-Qaeda governado por ex-detento de Guantánamo – prisão dos EUA em Cuba.

Os protestos opositores na Lí­­bia tiveram início há cerca de uma semana, na esteira da onda de re­­volta popular que varreu do ma­­pa os ditadores da Tunísia e do Egito.

Desde o fim de semana, a versão líbia da onda tem se caracterizada pelo grau de violência da repressão pelo governo. O chanceler italiano, Franco Frattini, dis­­se ontem achar que estimativas de até mil mortos são "críveis’’. A Federação Internacional pelos Di­­reitos Humanos (FIDH), que reúne 164 organizações não governamentais, informou que pelo me­­nos 640 pessoas foram mortas.

A deterioração da situação no país já leva a especulações sobre cenários pós-Kadafi, cujo regime se caracterizou pela centralização e bloqueio à ascensão de no­­mes. Um dos citados para sucedê-lo, porém, é o chefe da empresa estatal de petróleo, o ex-premier Shukri Ghanem.

Já um dos filhos do ditador, Sa­­adi, afirmou ao Financial Times que um novo governo poderia ter Kadafi no papel de "grande pai’’. Outra preocupação é com o preço do petróleo. A instabilidade no país, que detém as segunda maior reserva do recurso natural da Áfri­­ca, fez o preço do barril tipo Brent chegar ontem aos US$ 111.

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