O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) responsabilizou, neste domingo (3), em Dubai, os "países ricos" pelo não fechamento do acordo de comércio entre Mercosul e União Europeia, negociado há mais de 20 anos. Foi uma resposta à declaração do presidente da França, Emmanuel Macron, que disse na véspera ser contra o fechamento do acordo, durante coletiva na COP28, conferência mundial sobre o clima.
“Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil e que não digam mais que é por conta da América do Sul. Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão. É sempre ganhar mais”, disse Lula.
O presidente pediu ainda "equilíbrio" na relação com os países emergentes. "E nós não somos mais colonizados. Nós somos independentes. E nós queremos ser tratados com respeito de países independentes, que temos coisas para vender. E as coisas que nós temos para vender têm preço. O que nós queremos é um certo equilíbrio. Se não tem acordo, pelo menos vai ficar patenteado de quem é a culpa de não ter acordo”.
No sábado (2), Lula e Macron haviam tido um encontro bilateral na COP28. Logo após, o presidente francês falou aos jornalistas e classificou o acordo como "completamente contraditório". "O pacto não leva em conta a biodiversidade e o clima e se reduz a um acordo mal remendado, que desmantela as tarifas", afirmou Macron. Minutos depois, Lula rebateu dizendo que a França tem “histórico protecionista”.
Chanceler argentino segue Macron e enterra expectativas de acordo
A intenção de Lula era chegar a uma conclusão sobre o tratado antes da Cúpula do Mercosul, que ocorre nos próximos dias 6 e 7 no Rio de Janeiro. A mesma disposição era observada por parte do presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A declaração de Macron, que jogou um balde de água fria nas expectativas, foi acompanhada pelo chanceler argentino, Santiago Cafiero, que também descartou a negociação durante a cúpula do Rio de Janeiro. "As conversações vão continuar e há muito trabalho a ser realizado, mas não foram dadas as condições do acordo", disse o chanceler. Segundo Cafiero, as negociações do acordo, concluídas em 2019, colidiram mais tarde com novas divergências entre as partes.
"(O acordo) tem um impacto negativo na indústria do Mercosul, sem trazer benefícios para suas exportações agrícolas, que são limitadas por cotas muito restritivas e sujeitas a regulamentações ambientais unilaterais que as expõem a uma vulnerabilidade futura", concluiu o chanceler.
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