A ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, condicionou nesta sexta-feira (27) a normalização das relações com a Espanha - em um impasse diplomático por não convidar o rei Felipe VI para a posse da presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, na próxima terça-feira (1º) - à realização de uma “cerimônia de reparação”.
“No México, quando uma ruína arqueológica era descoberta, por exemplo, em Petén ou Palenque, as comunidades pediam uma cerimônia de reparação porque estávamos entrando em seu território, terra e cultura. Era isso que o México estava pedindo”, disse Bárcena em entrevista coletiva nas Nações Unidas.
Após a decisão de Sheinbaum de não convidar Felipe VI para sua cerimônia de posse em 2 de outubro, o governo espanhol se recusou a participar do evento, em um novo desentendimento diplomático entre os dois países durante a gestão do presidente em fim de mandato Andrés Manuel López Obrador.
Bárcena afirmou que “o mais importante” é que “essa questão não é recente”, mas resultado de uma carta que o presidente mexicano enviou ao governo espanhol em 2019 solicitando “uma reunião e o reconhecimento dos povos indígenas do México” e que não recebeu resposta.
“Esse foi um pouco o tom, convidando o rei [Felipe VI] e as autoridades espanholas a virem ao México, para sentar e conversar”, acrescentou Bárcena, que, no entanto, disse que, como ministra das Relações Exteriores, tem um relacionamento “excelente” com o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, e seu ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares.
A próxima ministra do Meio Ambiente do governo de Sheinbaum disse que “entende o problema do ponto de vista da Espanha”, com cujas autoridades, segundo ela, se reuniu durante a semana de alto nível da ONU, mas que ambos os países têm “a solução” e “ela precisa ser levada adiante”.
Bárcena descreveu a relação entre México e Espanha como uma relação de “grande dinamismo político e econômico”, após diferentes momentos históricos em que houve “queixas durante o período colonial”, mas que depois o país latino-americano “recebeu mais de 40 mil espanhóis durante a época de [Francisco] Franco”.
Na última terça-feira, o governo espanhol enviou uma “nota verbal” (o canal normal de comunicação escrita entre as embaixadas e o Ministério das Relações Exteriores) para expressar sua reclamação formal sobre o não convite do rei Felipe VI.
O governo espanhol, que não participará em nenhum nível da cerimônia de transferência de poder no México, deixou clara sua posição diante de um acontecimento sem precedentes na relação que a Espanha e a Coroa têm mantido com os países da América Latina e na representação do monarca nas cerimônias de posse dos respectivos presidentes da região.
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