Retorno de presidente ao cargo é inegociável, diz secretário da OEA
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, disse ontem que tudo é negociável na crise de Honduras, menos o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya. Insulza afirmou que é possível antecipar as eleições, criar um governo de união nacional, decidir por uma anistia ou processar certas pessoas, entre outras opções em jogo nas negociações que serão realizadas na Costa Rica.
San José - Horas depois de desembarcar na Costa Rica, o presidente hondurenho designado pelo Congresso, Roberto Micheletti, retornou ontem para Tegucigalpa indicando que não haverá encontros frente a frente com o presidente deposto, Manuel Zelaya. Os dois rivais se reuniram separadamente com o presidente da Costa Rica, Óscar Arias. Micheletti disse que voltava para casa "totalmente satisfeito" com o resultado da viagem.
O primeiro a chegar à casa de Arias, onde foram realizados os encontros, foi Zelaya, com o seu tradicional chapéu de vaqueiro. O líder hondurenho permaneceu algumas horas na residência antes de emitir um comunicado à imprensa. Evitando o tom agressivo do dia anterior, quando qualificou Micheletti de "assassino", o presidente deposto falou apenas que "o Estado de direito deve ser restituído em Honduras".
Poucos minutos depois de Zelaya ir embora, chegou Micheletti. Agradecendo ao costa-riquenho pela mediação, afirmou que "os acontecimentos uniram ainda mais os hondurenhos". Para o presidente interino, "ninguém está acima da lei" e a negociação deve ter como base a Constituição hondurenha.
O retorno de Micheletti para Honduras é um sinal de que as "negociações não foram bem", afirmou o analista Kevin Casas, da Brookings Institution, em entrevista à CNN em espanhol.
"Ele (Micheletti) é muito difícil de negociar, não cederá facilmente", disse ao Estado Eduardo Maldonado, jornalista e secretário de Assuntos Internacionais do Partido Liberal agremiação tanto de Zelaya quanto de Micheletti.
Prêmio Nobel da Paz, o presidente costa-riquenho, segundo disseram autoridades do país, utilizaria o dia de ontem para ouvir os dois lados. Mais tarde, Arias se reuniria com comissões negociadoras que representavam os dois lados.
O diálogo deveria prosseguir hoje na casa de Arias, mas a volta de Micheletti deve alterar os planos. A expectativa era de que ambos os lados cedessem um pouco. A comunidade internacional não reconhece o governo interino de Honduras.
Solução
Várias alternativas vêm sendo discutidas por analistas. Em uma delas, Zelaya retornaria, mas teria de renunciar a seus planos de alterar a Constituição. Em outra, Micheletti permaneceria no poder, mas o presidente deposto poderia retornar a Honduras anistiado. Em uma terceira hipótese, uma outra figura assumiria interinamente a presidência.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) e os EUA não admitem outra saída a não ser o retorno de Zelaya.
De acordo com pesquisa do Instituto Gallup, realizada em Honduras, 41% dos entrevistados consideram a deposição de Zelaya justificável. Outros 28% disseram se opor.
Zelaya foi deposto dia 28 por militares e colocado num avião para a Costa Rica. O governo interino o acusa de desrespeitar a Constituição com o objetivo de permanecer no poder.
Dívidas, calote, queda nas vendas: como o vício em bets virou ameaça à economia do país
Moraes exige arrependimento e predição de “condutas futuras” para soltar Daniel Silveira
Grau de investimento, o novo sonho de Lula e Haddad
Brasil e China falham em obter consenso em reunião sobre plano de paz pró-Rússia
Deixe sua opinião