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Familiares de vítimas da ditadura no Chile
Familiares de desaparecidos e mortos durante a ditadura do Chile marcham nas terras da antiga “Colônia Dignidade”, onde Mücke praticou crimes contra a humanidade, em 10 de setembro de 2017.| Foto: EFE / Benjamín Hernández

Gerhard Mücke, criminoso da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e um dos dirigentes da Colônia Dignidade, enclave alemão localizado no sul do Chile, morreu neste fim de semana aos 87 anos devido a graves complicações de saúde no Hospital de Cauquenes, segundo confirmaram diferentes fontes.

"Morreu Gerhard Mücke, cúmplice das aberrações sexuais de Paul Schaefer na Colônia Dignidade e condenado por crimes contra a humanidade contra detentos da ditadura. Julgamento e punição de todos os ex-dirigentes da Colônia Dignidade", escreveu em suas redes sociais a deputada Consuelo Veloso, uma das poucas autoridades que se referiu ao fato.

Condenado a mais de 20 anos de prisão por diversos crimes classificados como crimes contra a humanidade, Mücke, que cumpria pena no presídio de Cauquenes, era conhecido como um dos fundadores do assentamento em 1961 e um dos homens mais próximos do líder da Colônia Dignidade e ex-soldado nazista, Paul Schaefer, já falecido.

"Não há crime cometido na ex-Colônia Dignidade em que Mücke não tenha participado", disse o advogado Winfried Hempel, que investiga casos de direitos humanos ligados aos fatos ocorridos no assentamento, e que recebeu notícias de sua morte na manhã de sábado.

Apesar de ser cidadão alemão, Mücke foi registrado como agente da Direção Nacional de Inteligência (DINA), a polícia secreta do regime militar de Augusto Pinochet que atuava com esquadrões para perseguir e assassinar opositores, atingindo o coração de organizações de esquerda que começaram a resistir após a queda do governo democrático de Salvador Allende (1970-1973).

"Ele participou de operações do Exército na área, prendeu pessoas, torturou pessoalmente os prisioneiros e depois participou das execuções", disse Hempel.

Durante décadas, segundo registros judiciais e jornalísticos locais, os líderes da antiga Colônia Dignidade submeteram colonos alemães à escravidão e tortura, abusaram de crianças e foram cúmplices e acobertadores ativos dos crimes da ditadura cívico-militar.

Contatada pela reportagem, a equipe de saúde do Hospital de Cauquenes disse que não podia repassar informações a terceiros, mas que a família foi notificada.

A Colônia Dignidade funcionou como centro de detenção clandestina entre 1973 e 1974, local para onde eram levados presos de diversas partes do país após o golpe militar, inclusive Santiago.

A dita Colônia era um enclave alemão localizado a cerca de 380 quilômetros ao sul de Santiago, fundado em 1961 por um grupo de alemães recrutados pelo suboficial nazista Paul Schaefer.

Durante décadas, os dirigentes da colônia burlaram as leis chilenas, e o primeiro presidente após o retorno da democracia ao Chile, Patricio Aylwin (1990-1994), retirou sua personalidade jurídica, que descreveu como "um Estado dentro do Estado".

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