Como esperado, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, usou seu discurso na Assembleia Geral da ONU em Nova York nesta quarta-feira (25) para defender a fraude eleitoral chavista – que apontou que o ditador Nicolás Maduro venceu a eleição presidencial de 28 de julho – e culpar a oposição pela violência na repressão após o pleito.
Gil também acusou os Estados Unidos de um plano para matar Maduro e outras figuras importantes do regime venezuelano.
“Depois desta grande vitória popular [na eleição de julho], a oligarquia do meu país apelou, mais uma vez, ao desconhecimento das leis e das instituições, gerando uma violência criminosa que deixou 27 mortos, centenas de feridos, e a destruição de bens públicos e privados. Com o uso de gangues criminosas, instalaram barricadas, incendiaram escolas, hospitais e sedes de instituições públicas e assassinaram cidadãos comuns pelas suas filiações políticas”, disse o chanceler.
ONGs e órgãos de imprensa apontaram que a violência partiu das forças de segurança chavistas, que, além de deixarem mortos e feridos, também prenderam centenas de pessoas durante as manifestações.
O candidato da oposição da Venezuela, Edmundo González, apontado como vencedor da eleição por grande parte da comunidade internacional, teve que deixar o país este mês para não ser preso.
“Na vanguarda desta gigantesca operação está, como de costume, o governo dos Estados Unidos da América e as suas agências, como parte da sua política fracassada de golpe de Estado continuado contra a Revolução Bolivariana da Venezuela, que começou há mais de 25 anos”, afirmou Gil.
O chanceler citou a prisão de “vários mercenários americanos e europeus”, em referência à detenção de três americanos, dois espanhóis e um tcheco, acusados pelo chavismo de um plano para matar Maduro, em conluio com autoridades de inteligência dos Estados Unidos e da Espanha.
“Estes criminosos confessaram que pretendiam assassinar o presidente Nicolás Maduro, a vice-presidente executiva [Delcy Rodríguez] e vários altos funcionários do Estado venezuelano, além de atacar infraestruturas fundamentais de serviços como água e eletricidade”, disse o chanceler.
Em outros trechos do discurso, Gil reiterou a reivindicação venezuelana sobre o Essequibo, região pertencente à vizinha Guiana, chamou a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza contra o grupo terrorista Hamas como “o maior crime de extermínio e genocídio desde o perpetrado por Hitler na Segunda Guerra Mundial” e disse que a Ucrânia, em sua “aventura nazista”, tenta levar “a guerra e o terrorismo à Grande Rússia”, citando a contraofensiva de Kiev no conflito no leste europeu.
Gil também fez referência aos presidentes da Argentina, Javier Milei, e do Equador, Daniel Noboa, cujos governos chamou de “lacaios” devido a negociações para a instalação de bases militares de países da OTAN.
O chanceler alegou ainda que as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia contra a Venezuela configuram “uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas e de todas as normas do direito internacional”.
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