Após semanas de investigação, a Nasa colocou fim à especulação sobre por que uma estrela, a 1.500 anos-luz do Sistema Solar, tem a sua luz bloqueada em um padrão anormal. O mistério chegou a ser atribuído por alguns cientistas a uma possível megaestrutura alienígena.
Mas, de acordo com os astrônomos, não há nada de anormal. A luz da estrela KIC 8462852 provavelmente esteja sendo bloqueada por uma família de cometas viajando em uma órbita longa e rara em torno dela. Os bloqueios ocorreram em 2011 e 2013.
Os cientistas utilizaram luz infravermelha para detectar movimento de calor em torno do corpo espacial e chegar a esta conclusão, disse a Nasa em nota.
Investigações
Ao analisar o sistema espacial onde se encontra a estrela batizada de KIC 8462852 -- que teria a função semelhante à do nosso Sol --, em busca de planetas, os astrônomos observaram interrupções na sua emissão de luz. Porém, esses “apagões” fugiam do padrão comum, como quando um planeta passa na frente do astro e causa uma leve obstrução.
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Leia a matéria completaA astrônoma Tabetha Boyajian, da Universidade Yale, uma das pesquisadoras dos dados enviados pelo espacial de Kepler, aponta que em pelo menos dois momentos houve redução drástica na emissão luminosa: na ordem de 15% e 22%. A passagem de um planeta na frente do astro reduziria apenas 1% essa luminosidade.
Para tentar descobrir o que estava ocorrendo, segundo o Washington Post, Tabetha recorreu à ajuda do astrônomo Jason Wright, pesquisador da Penn State University. “Nós estávamos coçando a cabeça. Para toda ideia que surgia, havia sempre algo para contra-argumentar”, relatou Tabetha.
A partir do encontro, grupos chefiados pelos cientistas passaram a discutir hipóteses que teriam levado a estas obstruções. Um documento com possíveis explicações foi registrado na Royals Astronomical Society.
Segundo o Washington Post, com base em observações de estrelas relativamente próximas a KIC 8462852, descartou-se a possibilidade de falha no equipamento. Também não era algo inerente à estrela, já que pela idade ela deveria ser “estável” em relação à variação de luz.
Uma das explicações que levaram em conta era a de um cometa fragmentado que teria espalhado detritos em um grande volume de espaço -- embora pequenos, ao se aproximar da estrela estes pedaços podem ter evaporado formando uma nuvem que bloqueou a passagem da luz.
Apesar das análises mais céticas (em relação à vida inteligente fora da Terra), uma hipótese curiosa foi levantada pelos pesquisadores: a de que uma civilização avançada tenha construído uma megaestrutura. Eles se baseiam na aposta de que tal civilização teria capacidade de aproveitar a energia de seu sol.
Para Tabetha e Wright, esta grande obra de engenharia alien seria algo como a esfera Dyson, proposta pela primeira vez pelo físico Freeman Dyson. Seria uma megaestrutura orbitando ou envolvendo uma estrela, capaz de capturar sua energia para o uso em algum planeta.
Uma esfera Dyson nunca foi vista na vida real, obviamente, mas, de acordo com o jornal norte-americano, seria parecida com uma bola de metal em torno do sol e teria provavelmente uma cadeia de satélites menores ou habitats espaciais -- algo que iria bloquear a luz da sua estrela, da forma que se observou na KIC 8462852.
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